segunda-feira, 12 de maio de 2014

Cântico da Comunhão para Nossa Senhora em Gregoriano em Português

Ecce virgo concipiet et pariet filium, et vocabitur nomen eius Emmanuel. Isaías 7,14:

Eis que a Virgem conceberá e parirá um Filho, e chamar-se-á o nome d'Ele Emanuel.


Antífona cantada em Português (MP3).
O texto da antífona está traduzido literalmente do original latino, como recomenda Bento XVI, pelo que talvez soe um pouco artificial em Português, mas, como diz o Padre Paulo Ricardo, é bom cultivar um certo formalismo na linguagem, e isso será tanto mais verdade na Liturgia. Na minha humilde experiência, cantar lentamente resolve a estranheza gerada pelos hipérbatos e palavras caras na frase cantada. E há outra razão para mantermos as palavras na ordem pela qual vêm no latim: pelo destaque que a música dá a cada palavra do texto sagrado.

Reparai que as primeiras palavras "Eis que a Virgem" entoando sobre ré-dó-fá-mi-fá-sol-ré chamam eficazmente a atenção do ouvinte para o resto do cântico, embora a palavra "Virgem" receba poucas notas relativamente ao resto da composição, talvez querendo a música ensinar-nos a humildade da "escrava do Senhor", para a qual a vontade do Senhor sempre teve prioridade, e também como que nos dizendo que virgens há muitas, mas como a Virgem Maria é que não, porque ela é a "benedicta in mulieribus".

Já "conceberá" recebe muitas notas, e lentas, como que a sugerir a meditação sobre esse facto especial, que foi a Encarnação por obra e graça do Espírito Santo; e não só "conceberá", como "parirá", e aqui a melodia sobe ainda mais, meditando no facto de que a Virgem não só concebeu virginalmente, como deu à luz também virginalmente (uma tradição muito antiga, expressivamente retratada nos ícones ortodoxos da Virgem Maria com as 3 estrelas).

"Chamar-Se-á" também permanece agudo na melodia, aludindo ao culto então futuro, no tempo do Profeta, mas hoje presente, que Cristo recebe da Igreja; depois, dá-se destaque a "d'Ele" (eius, no latim), por razões óbvias, uma vez que é Deus de Quem se canta, e por isso se canta lentamente, mas com si-mole em vez do si-natural, para haver uma distinção em relação à frase anterior; e finalmente "Emmanuel", o "Deus connosco", que merece uma longa meditação, de sobe e desce, das súplicas que o homem corrompido pelo pecado original dirige a Deus durante o Advento, e da resposta que Deus lhe dá com a Sua Encarnação no Natal.

É muito bonita esta melodia. Vale a pena aprendê-la porque se canta muitas vezes: no 4º Domingo do Advento, um Domingo mariano por excelência; na festa da Anunciação, a 25 de Março; e ainda em qualquer festa da Virgem Maria, como é o caso do Seu Imaculado Coração, Nossa Senhora de Fátima, etc..

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