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segunda-feira, 25 de março de 2024

Sessantini: o nº 116 da Sacrosanctum Concilium do Concílio Vaticano II ou o que significa o canto gregoriano ser próprio da liturgia romana


Continuamos a tradução e republicação dos magníficos artigos contidos no 

Boletim informativo do centro de Canto Gregoriano «Dom Jean Claire» - Verona
n° 2 - Maio - Agosto 2019

 

Gilberto Sessantini

O gregoriano e o seu estatuto de
"canto próprio da liturgia romana".

Entre as diversas definições que tentam determinar, cada uma segundo diversas perspectivas [1], o que seja o canto gregoriano, a mais inerente à teologia litúrgica, e por consequência a que mais deve interessar a todos os amantes das duas disciplinas envolvidas [2], é a seguinte: o canto gregoriano é “o canto próprio da liturgia romana” [3]. Esta definição é explicitada no n.º 116 da Sacrosanctum Concilium, a constituição do Vaticano II sobre a liturgia. Este número diz assim:

Ecclesia cantum gregorianum agnoscit ut liturgiae romanae proprium: qui ideo in actionibus liturgicis, ceteris paribus, principem locum obtineat.
Alia genera Musicae sacrae, praesertim vero polyphonia, in celebrandis divinis Officiis minime excluduntur, dummodo spiritui actionis liturgicae respondeant, ad normam art. 30.
O facto de que seja um documento conciliar a afirmar uma realidade tão significativa deveria, por si só, não deixar margem para dúvidas quanto à precípua relevância que o canto gregoriano deverá assumir na liturgia da Igreja, nem de que deva manter um "locum principem". Todavia, sabemos que as interpretações práticas e “pastorais” das normativas conciliares determinaram, de facto, o desaparecimento do gregoriano das celebrações, tanto que se tornou “um estranho na sua própria casa” [4]. Uma análise deste número do documento conciliar permite-nos formular algumas reflexões que podem contribuir para clarificar o alcance do ditame e a vontade dos Padres conciliares sobre o conceito de "cantum proprium", reservando-nos o direito de num próximo artigo debruçarmo-nos sobre a expressão “ceteris paribus”, imediatamente sucessiva e normalmente interpretada como o que tornou possível a negação da primeira afirmação, graças à sua pressuposta vaga ambiguidade.

[1] Para uma definição histórico-musical do canto gregoriano poderemos dizer que, num sentido geral, sob o termo canto gregoriano se coloca um enorme corpus de peças monódicas, compostas ao longo dos séculos e distribuídas em vários livros litúrgicos. Em sentido estrito, porém, o gregoriano é aquele canto que surge da fusão do canto romano antigo com as instâncias musicais próprias do mundo franco-germânico, fusão que ocorreu no século VIII e respondeu a lógicas unificadoras, a liturgia e o canto, mas também a cultura e a política. Para dar “peso político” e autoridade a esta operação litúrgico-musical, atribuiu-se a a Gregório Magno, Papa de 590 a 604, a inspiração divina das composições presentes nos Antifonários e Graduais, como recorda o poema litúrgico Gregorio Presul, posteriormente feito tropo do Intróito do Primeiro Domingo do Advento, presente nos Graduais da região franca do século IX: daí o nome de canto gregoriano.

[2] Ou seja, teologia litúrgica e estudos gregorianos. Dificilmente os dois âmbitos de pesquisa têm seguido até aqui um caminho comum, uma ocupando-se apenas dos aspectos musicais histórico-interpretativos, a outra considerando o canto gregoriano apenas como um dos tantos repertórios possíveis com os quais cantar a liturgia. Este meu contributo pretende ser uma tentativa de superar esta falta de diálogo. Era diferente, na verdade, a sinergia que caracterizava até ao Concílio Vaticano II as pesquisas semiológica e de âmbitos histórico-litúrgicos, que andavam de par e passo.

[3] A definição de “canto próprio” aplicada ao gregoriano é utilizada pela primeira vez nos documentos do Magistério por São Pio X no Motu proprio Tra le sollecitudini de 1903. Neste documento, o gregoriano é denominado “canto próprio da Igreja romana”.  Pode encontrar-se um extenso exame da legislação canónica relativa ao canto gregoriano no precioso volume de GIANNICOLA D'AMICO, Il canto gregoriano nel Magistero della Chiesa, Conservatorio di Rovigo, 2009.

[4] FULVIO RAMPI, Il canto gregoriano: un estraneo in casa sua, discurso proferido em 19 de maio de 2012 em Lecce no primeiro encontro: “Colloqui sulla musica sacra. Cinquant'anni dal Concilio Vaticano II alla luce del magistero di Benedetto XVI”.

Em primeiro lugar, convém partir do sujeito que rege gramaticalmente toda a primeira frase, que está na base do estatuto do canto gregoriano: o sujeito é “Ecclesia”, a Igreja.
É a Igreja, de facto, que reconhece o gregoriano como o canto próprio da liturgia romana. É importante recordar o sujeito. Este acto de reconhecimento é um acto eclesial, no sentido mais profundo do termo. É a própria Igreja que, considerando-se a si mesma, a sua realidade, a sua história, define algo. É uma acção magisterial, e no sentido mais elevado do termo, visto que se trata de uma definição conciliar. Esta acção da Igreja, reconhecida pela própria Igreja como uma acção própria, uma acção que lhe pertence, é uma acção que lhe compete naturalmente como “mater et magistra” e enquanto “lumen gentium”; categorias, estas últimas, que certamente se aplicam à Igreja Católica em áreas bem mais importantes, mas que, de qualquer forma, definem o seu papel de discernimento e guia e, consequentemente e em última instância, a sua potestas legislativa. É portanto a Igreja qua talis, e não o indivíduo, quem determina o que ela é, o que pertence à Igreja, o que lhe é próprio, o que a distingue e, no caso da liturgia, também quem regula cada parte, incluindo o canto, como muito bem nos lembra SC 22: “Regular a sagrada liturgia pertence unicamente à autoridade da Igreja, a qual reside na Sé Apostólica e, de acordo com o direito, no bispo... dentro dos limites determinados pelas conferências episcopais... Por consequência, absolutamente ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua própria iniciativa, acrescentar, retirar ou alterar qualquer coisa em matéria litúrgica”. E esta ação eclesial de discernimento e regulamentação, no nosso caso, diz respeito ao canto gregoriano. É importante reiterar que se trata de uma ação eclesial e magisterial, autorizada e autoritativa, porque isto deveria automaticamente redimensionar qualquer veleidade de superar o ditame conciliar com simples opiniões pessoais, que, embora possam ser formuladas por eminentes estudiosos e eclesiásticos, permanecem o que são: opiniões pessoais. Respeitabilíssimas, mas que certamente não têm a força cogente e obrigatória de um ditame conciliar, a menos que se ponha em causa toda a natureza e estrutura da Igreja...

De que acção se trata? “Ecclesia agnoscit”: a Igreja reconhece, diz a tradução oficial. O verbo latino utilizado, porém, é semanticamente bem mais eficaz e esclarecedor. Agnoscere (ad-gnoscere), de facto, com a sua partícula prefixal ad-, indica uma operação cognitiva realizada através de um discernimento, uma escolha efectuada em relação a alguns ou muitos elementos, a partir dos quais se escolhe e seleciona o objecto reconhecido como próprio, como pertencente a si mesmo. Este reconhecimento selectivo é operado graças a elementos reconhecíveis imediata e naturalmente pelo sujeito, com os quais se reencontra, se identifica, e admite estarem presentes no objeto. O sujeito - a Igreja - encontra portanto no canto gregoriano elementos que lhe permitem afirmar que é o canto próprio da liturgia romana, o canto próprio da sua liturgia, enxertando uma equivalência fundamental entre a sua liturgia e o canto que a esta liturgia corresponde, e que, consequentemente, passa a ser o “seu” canto [5]. A Igreja encontra no canto gregoriano elementos que a reconduzem inequivocamente à sua liturgia, tanto que se pode dizer que a liturgia e o canto gregoriano são partes indistintas um do outro. O valor deste reconhecimento é dado precisamente pelo uso do verbo latino agnoscere. Na verdade, para um “reconhecer” mais vago e menos cogente, estão disponíveis outros verbos latinos: reconhecer no sentido de aprovar e elogiar teria exigido o verbo laudare ou probare; no sentido de apreciar o verbo magni facere ou indicare; no sentido de distinguir cernere ou discernere; no sentido de considerar, porém, o verbo mais adequado teria sido extimare ou habere. Além disso, há toda uma área semântica legalística conexa ao verbo agnoscere que deve ter em conta: este verbo é usado para reconhecer um filho como legítimo, uma pessoa como cidadão, uma coisa como propriedade. Finalmente, a partícula prefixa ad indica um movimento ascendente, um trazer à luz, um manifestar duma verdade diante de todos e para todos. O reconhecimento da parte da Igreja do canto gregoriano como canto próprio da liturgia romana reveste-se, portanto, de todos estes significados e não pode ser reconduzido ou reduzido a uma piedosa exortação ou a uma genérica indicação de máxima.

[5] Precisamente por isto, o Motu proprio Tra le sollecitudini afirmava que o gregoriano é “o canto próprio da Igreja Romana”, fazendo a equivalência entre Igreja e liturgia e entre liturgia e canto.

Se tal é a acção realizada pelo sujeito Ecclesia, qual é o conteúdo desta operação de reconhecimento? O canto gregoriano é reconhecido como “próprio” da liturgia romana. O conceito de proprio, seja no original latino proprium ou na tradução italiana “proprio” [6], refere-se a algo exclusivo, pertencente a, característico e peculiar, preciso e especial.
Próprio, de facto, quer dizer, em primeiro lugar, propriedade. Diz-se do que pertence em modo inequívoco a alguém, do que é verdadeiramente seu e não de outros, constituindo, em sentido adjectival, uma característica identificadora.
Próprio também se diz apropriado: a qualidade peculiar, que pertence íntima e singularmente ao objecto, distinguindo-o de qualquer outro. Diz-se de uma palavra ou locução que expressa com exactidão a ideia que quer significar: o uso exacto, e não aproximado. Em sentido figurado significa também “ordenado” e “decoroso”, chegando à função adverbial de “exactamente” e “precisamente”, reforçando o conceito da palavra que determina [6b].
E se passarmos da semântica à filosofia e precisamente à lógica aristotélica, o “próprio” é um dos quatro predicáveis: é o que é inerente ao ser sem contudo defini-lo, é o que faz referência ao ser mesmo que não o inclua totalmente. No nosso caso, o canto gregoriano, reconhecido como pertencente à liturgia da Igreja, é inerente à Igreja mas sem a definir. A Igreja, de facto, é um sujeito mais amplo que o canto gregoriano, o qual obviamente não esgota toda a actividade ou essência da Igreja, mas, todavia, sendo “próprio” da liturgia da Igreja, é-lhe um elemento constitutivo que lhe permite a identificação como Igreja e enquanto Igreja. Em palavras simples: quem diz gregoriano diz inequivocamente Igreja. Mesmo que nem sempre o contrário seja verdadeiro: de facto, quem diz Igreja diz gregoriano, se, e só se, da actividade da Igreja se limita a considerar-lhe o aspecto musical, sendo o gregoriano reconhecido como proprium em relação aos aspectos musicais da liturgia da Igreja. liturgia. E, no entanto, o nexo entre Igreja e canto gregoriano, por via desse “proprium”, é talmente forte que a correspondência, pelo menos no mundo cultural ocidental, é certamente biunívoca [7].

[6] Mas esta ênfase também pode ser reconhecida em outras línguas neolatinas: as traduções oficiais em francês e espanhol, de facto, rezam propre e propio. O alemão também usa um termo semelhante: eigenen; ao passo que o inglês usa a perífrase “specially suited to the Roman liturgy”, que entra num campo semânthttps://divinicultussanctitatem.blogspot.com/ico diverso e mais débil: “um canto particularmente adequado à liturgia romana”, um exemplo claro de tradução por traição.

[6b] N. do T.: em italiano, "proprio" pode equivaler a "propriamente dito".

[7] Prova irrefutável disto mesmo são as “inserções” de melodias gregorianas em contextos particulares (ópera lírica, música pop rock e disco...) quando se quer recordar imediatamente o mundo religioso e cultual católico.

Esta lógica precisa e férrea contida no ditame conciliar que define de modo totalmente exclusivo o canto gregoriano é apoiada pelo parágrafo seguinte de SC116, onde se fala de “alia genera musicae sacrae”. Note-se bem que o original latino, assim construído, deve ser traduzido como “outros géneros de música sacra” [8] e não “os outros géneros de música sacra” como acontece na tradução oficial italiana, tanto mais que quer a versão oficial alemã quer a inglesa traduzem justa e respectivamente como “andere Arten der Kirchenmusik” e “other kinds of sacred music”, sem artigo, tornando assim ainda mais evidente o distanciamento entre o canto gregoriano e o resto da música, ainda que identificada como “sacrmelhora”. Este distaque, semântico e conceptual ao mesmo tempo, faz sim com que a definição de “canto próprio” aponte o canto gregoriano não como um repertório entre tantos, mas algo diferente de todos os outros repertórios possíveis, tornando-o justamente o “canto próprio da liturgia romana”. Poderemos dizer O canto da Igreja, o canto por excelência e por antonomásia da Igreja e da sua liturgia. Seria, de facto, sobremanira redutor considerar o canto gregoriano apenas como um elemento musical dentro da liturgia. A linguagem sonora, por assim dizer a música, dá corpo ao gregoriano, mas o canto gregoriano não é apenas música, é algo mais: é a forma musical da liturgia e, consequentemente, é ele próprio liturgia. É liturgia no sentido mais elevado do termo, liturgia em canto, liturgia que se faz canto, canto que se faz liturgia; não música dentro de um contexto litúrgico, mas liturgia pura e simples que, pela sua própria natureza, nasce “com” e “por meio” do canto e só daquele canto concreto que é o canto gregoriano. Precisamente porque a forma musical da liturgia, como tudo o que diz respeito à liturgia, acaba por ser uma obra de fé e de arte que transcende as fronteiras do tempo e os condicionamentos das culturas, ao contrário de outros repertórios, e por isso mesmo não pode considerar-se um repertório entre tantos repertórios. Ou seja, trata-se de um corpus musical que ultrapassa as fronteiras históricas para se tornar, em certo sentido, meta-histórico. Se, na verdade, o chamado “fundo autêntico” do gregoriano nasce entre os séculos IV e VIII, enxertando-se sobre material musical dos três primeiros séculos do cristianismo, também é verdade que cada celebração acrescentada ao calendário litúrgico foi acompanhada de composições que poderiam ser emprestadas de outras celebrações, mas que, quando compostas ex-novo, vinham confeccionadas respeitando, se bem que por vezes com resultados desiguais, as características composicionais próprias do canto gregoriano; e isto aconteceu até meados do século passado [9]. Uma operação que talvez nos pareça estranha e possa ser acusada de academicismo, mas que indica a vontade de nos atermos a um modelo muito específico, a um determinado "som", a uma “música própria”. Inserido nos livros litúrgicos oficiais, o gregoriano torna-se não mais a expressão musical de um determinado período histórico, mas sim um canto da Igreja; assim acontece, por exemplo, com todo o material eucológico que, embora atribuível à intervenção de um autor determinado, a partir do momento em que se funde no Missal, torna-se liturgia da Igreja. Em segundo lugar, trata-se de um corpus musical que atravessa fronteiras culturais para se tornar metacultural. A sua evolução músico-modal baseia-se em alguns sons e intervalos que pertencem a todas as culturas do Mediterrâneo e do Médio Oriente, utilizados por estas culturas quando querem trazer para a dimensão do sagrado uma determinada expressão musical [10]. Aqui reside a verdadeira raiz da música sacra. São elementos ancestrais que tocam particulares cordas de ressonâncias espirituais e emocionais e que encontramos no nosso “subconsciente” musical e religioso; ignorar ou pior negar esta realidade significaria negar o evidente. Não se trata, portanto, apenas de textos sagrados revestidos de qualquer estrutura melódica, mas de textos tornados musicalmente “sacros” por meio de particulares sons e intervalos, utilizados de modo exclusivo e capazes de evocar um mundo musicalmente “outro” que não o quotidiano. O canto gregoriano pertence a este género de música; nele e por meio dele nasceu e construiu-se a liturgia da Igreja.

[8] Aqui “género” deve ser entendido em sentido geral e não estritamente técnico-musical tendo em base critérios formais e estilísticos. Também neste caso a terminologia utilizada deve-se a Tra le sollecitudini. Sobre os géneros musicais na liturgia, ver JOSEPH GELINEAU, Canto e musica nel culto cristiano, LDC Torino 1963, pp 183ss., ao qual fazem referência todos os estudos subsequentes.

[9] Como prescrevia ainda a encíclica Musicae Sacrae Disciplina (1955): para as festas recentemente introduzidas, novas melodias deveriam ser compostas "por mestres verdadeiramente competentes, de modo que se observem fielmente as leis próprias do verdadeiro canto gregoriano, e as novas composições porfiem, em valor e pureza, com as antigas.

[10] Cfr. em particular as obras de JACQUES VIRET: Id., Le chant gregorien, Paris 2012, pp 15ss; Id., Le Chant grégorien, musique de la parole sacrée, Lausanne 1986; Id., La modalité grégorienne: un language pour quel message? Lyon, 1987. Viret mete em evidência não tanto as raízes hebraicas do canto gregoriano, mas sobretudo aquelas ligadas à oratória clássica e sobretudo aquelas comuns ao substrato mais antigo das populações europeias e da bacia mediterrânica, ligadas à tradição oral (e consequentemente à memorização textual) e a uma certa música primordial que atravessa todas as grandes sociedades do passado, sugerindo também uma interpretação da monodia gregoriana muito vizinha dos modelos orientais. Trata-se de um ramo da etnologia e da antropologia da música que deveria ser profundamente investigado. Ver também MAURICE EMMANUEL (ed), L'Histoire de la langue musicale : complété d'un aperçu d'éthnomusicologie par Jacques Viret. Tome 1, antiquité - moyen âge, Paris, Henry Laurens ed., 1981.

O que o Vaticano II afirmou, portanto, longe de ser uma “exaltação romântica” [11] é a escolha preferencial da Igreja. Uma escolha pastoral ponderada, exclusiva, unívoca, que exige uma adesão inteligente e construtiva. Uma escolha que, no que diz respeito a outras disciplinas artísticas como a arquitectura, a pintura, a escultura, a Igreja nunca fez, precisamente porque expressões artísticas não tão intimamente ligadas à liturgia (como o está o canto gregoriano) mas consideradas justamente elementos acessórios e secundários e, por isto, passíveis de estarem também ligadas ao passar do tempo e à mudança de gostos. Com o canto gregoriano não se trata de gosto, pessoal ou comunitário, mas do que é constitutivo, musicalmente falando, da oração litúrgica da Igreja - que nasce sempre como oração cantada - e, consequentemente, da própria Igreja, como reiterado pelo adágio “lex orandi statuat lex credendi” [12]. Em última análise, o canto gregoriano é a única expressão musical que resume em si totalmente e no máximo grau aquela característica principal e exclusiva da música sacra expressa no n.º 112 da Sacrosanctum Concilium: “A música sacra será, por isso, tanto mais santa quanto mais intimamente unida estiver à acção litúrgica”.

[11] Esta e outras expressões semelhantes foram formuladas numa conferência que pode muito bem ser considerada precursora de uma interpretação diferente do ditame conciliar e que conduziu efectivamente ao redimensionamento do canto gregoriano, considerado um entre outros repertórios históricos. Cfr. GINO STEFANI, “Friburgo: Prima settimana mondiale della nuova musica sacra”, in Rivista Liturgica, ano 1965, n°4, pp.492-498. A visão do conhecido semiólogo musical Gino Stefani (1929-2019), ex-jesuíta, cujo pensamento antropocêntrico e uma semiologia da música “funcional aos ritos” encontra em “L'espressione vocale e musicale nella liturgia", Torino-Leumann, LDC 1967, o seu manifesto, condicionou não pouco os debates e as práticas subsequentes com uma evolução descendente da prática musical italiana na liturgia.

[12] É o axioma cunhado com toda a probabilidade por Próspero da Aquitânia (†455) e que encontramos codificado no Indiculus de gratia, por ele compilado sob o pontificado de Leão Magno: “ut legem credendi lex statuat supplicandi” cuja tradução é “a fim que a lei da oração estabeleça a lei da fé”. Sobre a história, o significado e o alcance deste axioma teológico, cfr. CESARE GIRAUDO, In unum corpus. Trattato mistagogico sull’eucaristia, San Paolo, Cinisello Balsamo 2001, pp. 22-32.

Se esta é a condição do canto gregoriano que a Igreja oficialmente lhe reconhece, é claro que pô-lo ao mesmo nível doutros tipos de repertório musical é uma operação culturalmente insustentável e eclesialmente impossível, visto que a própria Igreja, como me parece haver evidenciado, com o termo “canto próprio” quis reconhecer ao gregoriano um estatuto particular e exclusivo, metendo no mesmo plano a liturgia nos seus conteúdos textuais com o seu revestimento musical, composto para estender da melhor forma no tempo e no espaço precisamente aquele determinado conteúdo e permitir assim à liturgia a sua máxima eficácia possível em ordem aos fins a que ela própria se propõe e para os quais existe: a glória de Deus e a santificação dos fiéis (SC 112).

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

"Silêncio: sete epigramas para côro a capella" (2012), Luís Lopes Cardoso

O Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa editou 7 curtas e belas peças da autoria do nosso querido Maestro Luís Lopes Cardoso, todas tendo em comum a ideia do silêncio através da espiritualidade cristã e a cultura europeia. Esta obra reúne excertos do então Padre José Tolentino Mendonça, Santo Arsénio o Grande, São Pémenes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Bruno Munari, e São João Clímaco.

As partituras primorosamente cuidadas pelo autor podem encomendar-se do sítio do ensemble, que simpaticamente envia juntamente com o livrete o CD da sua respectiva gravação. Dá para ouvir no Spotify.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Uma lufada de ar fresco

A recém-encerrada televisão católica portuguesa AngelusTv transmitiu em 2017 uma extraordinária série realizada pelo Prof. Alberto Medina de Seiça, eminente estudioso da música sacra e director da Capela Gregoriana Psalterium sediada em Coimbra.

O equilibrado conjunto de 10 programas leva-nos a percorrer os principais subtemas da música sacra, num interessante documento histórico que certamente contribuirá para a "reforma da reforma" da música litúrgica na Igreja que fala português.

"Música Sacra" é um programa apresentado por Alberto Medina de Seiça que viaja em torno da Música Sacra em Portugal. Através de compositores, música, e acontecimentos importantes nestes tantos séculos da música da Igreja, o programa procura abordar não só o passado mas também o presente e o futuro da música sacra.

Episódios:
  1. Polifonia sincera: Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
  2. Canto gregoriano: fonte de inspiração para a melhor música sacra em língua portuguesa
  3. A música sacra moderna não-litúrgica de autores portugueses
  4. O compositor da música litúrgica: Cónego António Ferreira dos Santos
  5. Os Pueri Cantores: Schola Cantorum da Catedral de Santarém
  6. Órgão-de-Tubos e seu tangedor: Igreja da Lapa no Porto
  7. Formação musical dos sacerdotes: Seminário dos Olivais
  8. O compositor da música litúrgica: Padre Manuel de Faria
  9. Cântico novo: a tradição e o presente
  10. A formação do músico litúrgico: Padre António Cartageno 

domingo, 10 de março de 2019

O Tempo e a Música

O musicólogo Rui Vieira Nery tem dedicadas várias emissões do seu programa radiofónico a temas que interessam ao público dêste blog; eis algumas:

O Natal:
O Te Deum na Música Antiga Portuguesa:
Polifonistas Portugueses dos séculos XVI e XVII:
As Lamentações de Jeremias:
A Música Sacra no Romantismo:

A Música Sacra no Modernismo:
Entre muitas outras.

sábado, 18 de junho de 2016

Concerto: Silêncio, sete epigramas para coro a capella (2012)

Serão hoje e amanhã os concertos em que será interpretada uma obra do nosso Amigo e Maestro Luís Lopes Cardoso: A não perder!
Eventos no Facebook: Évora e Lisboa.







Luís Lopes Cardoso  
Compositor,

domingo, 20 de julho de 2014

Cânone Romano em Canto Gregoriano em Português!

Oração Eucarística I da Forma Ordinária do Rito Romano, segundo o tom mais solene: PDF.


https://www.dropbox.com/sh/ly9cndcin71pnfm/AAA8yyK1-NUqs45w-G_b1lPwa/Canon%20solene%20em%20Portugu%C3%AAs.pdf

Conhecei tão-bem a interessantíssima edição do Secretariado Nacional de Liturgia, para o Canto do Celebrante, que por uns míseros 20 € oferece as melodias para tôdas as orações do celebrante durante a Eucaristia.


domingo, 19 de janeiro de 2014

Cantar como ? Com arte e com alma

Ilustradíssima palestra do P. Dr. António Júlio da Silva Cartageno, proferida no XXXV Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, em 2009.




«André, servidor [da família] de Deus, principal cantor da sacrossanta Igreja
Mertiliana, viveu 36 anos, descansou em paz no terceiro dia das calendas
de Abril da era [de César] de 560 e 3
», correspondente no nosso calendário
ao dia 30 de Março de 525 anno Domini. É o epitáfio do Cantor Andreas,
lápide do século VI d.C., encontrada na Basílica Paleo-Cristã de Mértola,
no Alentejo. Transcrição:


Arco duplo em ferradura assente sobre 2 colunas torsas com capitéis decorados
de tipo corintizante; d
entro do arco:
alfa crismon ómega.
ANDREAS FAMVLVS
DEI PRINCEPS CAN-
TORUM SACROSAN
CTE A[E]CLISIAE MER-
TILLIA[N]E VIXIT
ANNOS XXXVI
REQVIEVIT IN PA-
CE SUB D(IE) TERTEO
KAL(ENDAS) APRILES
AERA ∂LX TRI-
SIS
Alfa, cruz monogramática, ómega.
CH[...] (frase propiciatória)

sábado, 6 de abril de 2013

Concerto de Polifonia . 11/Abr/2013 . 21h30

Programa: Palestrina, Ave Maria; James MacMillan, Ave Maris stella; Filipe de Magalhães, Missa de B. Virgine Maria; Poulenc, Salve Regina; John Tavener, Nunc Dimitis; James MacMillan, The Canticle of Zacariah, St Patrick’s Magnificat.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Pela Maior Glória: A Verdadeira História da Cristiada


Filme sobre a revolução mexicana e a reacção dos católicos nos anos 20 do século passado. Conta a história do Beato Mártir José Luis Sánchez del Rio e de outras figuras históricas. O elenco inclui o famoso converso Eduardo Verastegui, entre outros. Visão obrigatória, e utilíssimo para a catequese.



WebSite oficial.
Facebook oficial.
Comentário do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Out, 4 a 7 - XV Jornadas Internacionais “Escola de Música da Sé de Évora". INSCRIÇÕES ABERTAS!




Direcção Artística: Pedro Teixeira


Conferencista: Paulo Estudante
- Orientação dos ateliers por: Peter Phillips, Armando Possante e Paulo Lourenço
Pianista: Nicholas McNair.
 Dia 6, 18h30 – Concerto por “Officium – Grupo Vocal”, direção de Pedro Teixeira Dia 6, 21h30- Concerto por “Contrapunctus” (Inglaterra), direção de Owen Rees  Dia 7, 17h00 – Concerto de Encerramento (Coro Polifónico Eborae Mvsica, direção de Pedro Teixeira, e Coro dos Participantes, direção de Peter Phillips, Armando Possante e Paulo Lourenço 
Contactos: Eborae Mvsica - Apartado 226 - 7001-901 Evora - T 266746750
eboraemusica@mail.evora.net
Locais: Convento dos Remédios e Sé de Évora (Concertos) 
Inscrições Abertas! 

VER ABAIXO PROGRAMA E FICHA DE INSCRIÇÃO: 

4 a
 7 Outubro de 2012 - XV Jornadas Internacionais "Escola de Música da Sé de Évora"Locais: Convento dos Remédios e Sé de Évora
OBJECTIVOS:- Divulgar o espólio da escola de Música da Sé de Évora (sécs. XVI e XVII), (Frei Manuel Cardoso, Duarte Lobo, Diogo Dias Melgaz, Estêvão Lopes Morago, etc…); - Dar a conhecer formas de abordagem diferentes deste reportório;- Aprofundar técnicas vocais de interpretação;
- Criar um espaço de intercâmbio de saberes, vivências e culturas;
- Criar um espaço de abertura à participação da Comunidade;- Estudar e interpretar partes da "Missa Cantate Domino" a 8 vozes, de Duarte Lobo Destinatários: Directores de Coros, Membros de Coros, Profissionais e Amadores de Canto, Professores de Educação Musical, Outros. - Conferêncista: Paulo Estudante
- Orientação dos ateliers por: Peter Phillips, Armando Possante e Paulo Lourenço
Pianista: Nicholas McNair.
 

XV Jornadas Internacionais “Escola de Música da Sé de Évora”
Programa
 4 OUT 9,00 h - Abertura do Secretariado
9,30 h - Sessão de Abertura
10,00 h – Pausa para Café
10,15 h – Conferência pelo Professor Paulo Estudante “ Vozes e charamelas no seio das igrejas ibéricas dos séculos XVI e XVII”
11,00 h – Atelier conjunto
12,30 h – Almoço
14,15 h – Visita guiada pelo Dr. Jorge Raposo ao Museu de Arte Sacra (antigo Colégio dos Moços da Sé de Évora) e  obras dos Arquivos da Sé de Évora
15,30 h – Audições para o Atelier “Aprofundamento da Interpretação”
16,00h – 18,30h – Atelier conjunto
19h00 – 21h00 - Atelier “Aprofundamento da Interpretação”  
                                                                                                  
5 OUT 9,00 h - Ateliers              
(Os participantes, divididos em grupos, trabalharão 
partes da “Missa Cantate Domino” a 8 vozes, de Duarte Lobo, sob a  direção dos vários Maestros)
12,15 h – Almoço
13,45 – 15,30 h – Ateliers
15,30h – Pausa para café
16,00h – 17h00 - Conversa com os Maestros          
17,00h – 18,30h - Atelier “Aprofundamento da Interpretação”
20,00h – Jantar Convívio (facultativo)
6 OUT 
9,00h – Ateliers
12,30h – Almoço
14,00h – 16,30h – Ateliers
16h30 – Pausa para café
16h45 – 17h45 - Atelier “Aprofundamento da Interpretação”
18h00 – Concerto na Sé de Évora              
“Officium”- Grupo Vocal
Direção : Pedro Teixeira
21h30 – Concerto na Sé de Évora“Contrapunctus”
Direção : Owen Rees     
 
7 OUT 9,30h – 12,30h – Ateliers
12,30h – Almoço
14,30h- 16,00h – Ensaios (Sé de Évora)
17,00h – Concerto Final na Sé de Évora (traje apropriado)(participação do Coro Polifónico “Eborae Mvsica”, direcção de Pedro Teixeira)              
Encerramento oficial das Jornadas e distribuição de Certificados 
de Participação
CONTACTO: Associação Musical de Évora - Eborae MvsicaConvento dos Remédios, Av. S. Sebastião Apartado 2126, 7001 - 901 Évora Portugal eboraemusica@mail.evora.net eboraemusica@mail.evora.net Telef: (+351) 266 746 750 Fax: (+351) 266 701 359
FICHA DE INSCRIÇÃO:

Apelido__________________________ Nome______________________ Morada___________________________
E-mail_____________________ Duração da experiência de Canto___________ Naipe_______________________________________________________
Leitura de partituras - Sim ou Não___ Formação Musical Sim ou Não____
Taxa de Inscrição: Participante activo 90€; Atelier "Aprofundamento de Interpretação" + 20€ (a participação neste atelier depende da audição no 1.º dia). Ouvinte 50€; Almoço incluido;
Após 31 de Julho e até 15 de Setembro acréscimo de 15€.
Pagamento com cheque n.º_____________________sobre__________ à ordem de Eborae Musica na importância de____________________, em anexo, ou transferência para a conta n.º 029700036507230 Caixa Geral de Depósitos, (NIB 003502970003650723076).

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Música própria do 21º Domingo do Tempo Comum / Dominica XXI per Annum


Partituras:
Próprio autêntico completo (PDF)
Ofertório autêntico com versículos (PDF)

O Evangelho do Ano A na Arte da Igreja e na pregação do Papa Bento XVI:




Música do Ordinário: Gloria in excelsis Deo polifónico da Missa Brevis de Andrea Gabrielli (8:35)



Outra interpretação do intróito Inclina Domine:




Outra interpretação, do Pedro francês.


Comentário de Tiago Barófio acerca deste intróito:







Gradual Bonum est confiteri, aqui na voz do eslovaco:

Bom é louvar o Senhor: e salmodiar o teu nome, Altíssimo.
V. Com o propósito de anunciar pela manhã a tua misericóridia,
e a tua verdade à noite.




Alleluia que se canta no Domingo do ano A: Tu es Petrus. Este Alleluia canta-se também na solenidade de S. Pedro e S. Paulo, na missa do dia.





Ofertório Exspectans, pelo Pedro francês:

Atento, esperei o Senhor, e [Ele] olhou-me: e ouviu a minha prece, e meteu na minha boca um cântico novo, um hino ao nosso Deus.
V.1 Colocou sôbre a pedra os meus pés, e dirigiu os meus passos.
V.2 Muito fizeste Tu, Senhor; meu Deus, as tuas maravilhas, e nas tuas cogitações não há igual a Ti: bem anunciei a tua justiça na igreja grande.
V.3 Senhor, Deus, tu conheceste a minha justiça: não escondi no meu coração a tua verdade, e a tua salvação eu disse: o meu adjuvante é o Senhor, e o meu protector.




A antífona da Comunhão é a De fructu óperum tuórum, aqui comentada por Tiago Barófio:
Il Missale Romanum come secondo canto propone l’antifona “Qui manducat carnem meam” (Gv 6, 57 già assegnata alla solennità del Corpo e Sangue di Cristo). La prima antifona è un centone salmico “De fructu operum tuorum, Domine, satiabitur terra, / ut educas panem de terra, /et vinum laetificet cor hominis” (Sal 103, 13b.14c.15a). La recensione in musica del Graduale completa il verso 15 aggiungendo “ut exhilaret faciem in oleo, et panis cor hominis confirmet” (15bc).
La melodia del Graduale Romanum è in VI modo, mentre il Graduale Novum opta per una recensione in III modo con finale sol. La melodia in fa plagale si apre con una lunga recitazione oscillante tra fa e la. È la premessa in cui si afferma l’intervento creativo e provvidenziale di D-i-o. Due verbi – apice melodico il do acuto – evidenziano le ripercussioni dell’evento salvifico nel quotidiano (laetificetexhilaret). La condizione di vita rinnovata è sotto il segno della gioia (exhilaret) e della solidità (confirmet). Il senso della totalità è espresso dal canto che si dispiega lungo tutto l’ambito dal do grave al si bemolle.
La voce del cantore interpella una società che ha perso il senso della creazione. Lo si vede dalla mancanza di rispetto nei confronti di una natura sempre più preda di una voracità convulsa e arrogante da parte dell’uomo. Come se la signorìa sul creato autorizzasse la sua frantumazione e decomposizione da parte di chi, in realtà, è stato chiamato da D-i-o a collaborare in un impegno creativo per rifondare l’armonia, per ricuperare la bellezza, per scoprire le ricchezze che sono patrimonio di tutti: anziani e giovani, ricchi e poveri, vicini e lontani.
D-i-o ha donato alla terra potenzialità capaci di soddisfare tutte le esigenze della terra stessa e di quanti con rispetto e riconoscenza la coltivano senza sfruttarla sino alla stremo della desertificazione, senza soffocarla con una cementificazione selvaggia. Pane e vino e olio sono quello che sono nel concreto, le materie prime cioè del sostentamento e della convivialità solidale. Ma sono pure il simbolo di quanto la terra – in vegetali, minerali e altro ancora – è in grado di donare all’uomo per rendere la sua vita più sana, più comoda, più attraente e bella.
Disegno folle di un’utopia alienante che, insidiosa, rischia di far inciampare le persone e le scaraventa fuori della realtà? Esagerazione provocatoria di un manipolo anarcoide? Con qualche battuta al vetriolo è facile liquidare le voci del dissenso che periodicamente s’affacciano alle coscienze intorpidite. Dai profeti d’Israel a Gesù a papa Francesco è tutto un grido che cerca di ridestare menti e cuori ubriachi e frastornati dall’ebbrezza corrosiva del potere oligarchico, monopolio di pochi. Mentre masse allo sbando non sanno più dove trovare un tozzo di pane per sfamare se stessi e i figli, un mestolo di acqua con cui lenire l’aridità ...
L’antifona di comunione ci ricorda che il benessere è uno stile di comunicazione diffuso, è la gioia di vivere qui e ora, è condivisione piena di un anelito di speranza che si attualizza nel momento in cui si abbattono le barriere dell’egoismo e si spalanca il cuore all’Altro, agli altri. Con gesti concreti non delegati, ma in prima persona. A partire dalla preghiera e dalla carità operosa.

À vontade pode cantar-se a comunhão Qui manducat, aqui pelo francês:

Quem come a minha carne, e bebe o meu sangue, em Mim ficará: e Eu nele, diz o Senhor.




Alleluia Spiritus est qui vivificat - transcrição neoquadrada.



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(c4) A(g<) E(g) u(G~H~!ijih~) ia(iwj//kvj!g//hv_G~F~gv_//gv_//hg!go!F~//hvjh//i_g_//gqh_G~F~gv_//G~!hoig) <c><sp>V/</sp></c> Spi(gsgsgs_0) ri(gi) tus(g) est(iji!g/hihh_g_) qui(gh) vi(g) vi(gh) fi(G~H~iv_H~G~hv) cat(h_g_) ca(ggd) ro(dgf/e/fvE~D~) au(G~!ho!ivH~G~hV>) tem(h_i_g_) nõ(gV!fh~) pro(hv_gjh/ih/gjhi) dest(hg__) quid(G~H~!ijih~) quam(iwj) 

 

Partituras e gravação de 25-8-2018:
ĩt. Ĩclina aurẽ http://pemdatabase.eu/musical-item/44854
ky. http://pemdatabase.eu/image/4500
gl. http://pemdatabase.eu/image/11612
gr. Bõũ est cõfidere http://pemdatabase.eu/musical-item/44855 & http://pemdatabase.eu/musical-item/44856
al. Spiritus est qui vivificat
of. Expectãs expectaui http://pemdatabase.eu/image/498
sã. = ky.
ag. http://pemdatabase.eu/image/4501
cõ. De fructu http://pemdatabase.eu/musical-item/44857
hỹ. Pãge lĩgua
ãt. Salve Regina http://divinicultussanctitatem.blogspot.pt/2011/09/santa-missa-cantada-ao-domingo.html

domingo, 31 de julho de 2011

Música própria do 18º Domingo do Tempo Comum / Dominica Decima Octava

Cristo na multiplicação dos pães e dos peixes.
Mosaico na Igreja de Santo Apolinário Novo em Ravena.
Partituras:
Próprio autêntico em PDF 
Ofertório autêntico com Versículos em PDF


Programa La Domenica con Papa Benedetto XVI, para reflectir sobre o Evangelho do dia através da arte e das palavras do Sumo Pontífice:




Intróito Deus in adiutorium meum intende, cantado pelo eslovaco:

Deus, para o meu auxílio presta-me atenção: Senhor, para minha ajuda apressa-Te: confundam-se e espantem-se os meus inimigos, os que querem a minha alma. Ps. Retrocedam avessos e envergonhem-se os que me querem mal.


Lêde o comentário de Giacommo Barófio a êste intróito (PDF).


Gradual Benedicam Dominum:

Bendirei ao Senhor em todo o tempo: sempre o louvor a Êle na minha bôca [estará]. V. No Senhor será louvada a minha alma: ouçam os mansos e alegrem-se.

No Domingo do Ano A, canta-se o gradual Oculi omnium.
Na 6ª feira dos anos ímpares canta-se Tu es Deus.
Nos Sábados dos anos pares canta-se Adiutor in opportunitátibus.


Alleluia Dómine Deus salútis meae, na interpretação do francês:

Aleluia. Senhor, Deus da minha salvação, de dia clamei, e de noite, diante de Ti.



Às 5ªs feiras canta-se Tu es Petrus.


Próximo vídeo:
0:00 intróito do ano A Sitientes venite ad aquas
2:35 Fulvio Rampi, maestro dos Cantori Gregoriani, explica as duas peças
5:37 Ofertório Precatus est Moyses in conspectu Domini Dei sui


Moisés orou à vista do Senhor seu Deus, e disse: Moisés orou à vista do Senhor seu Deus, e disse: «por quê, Senhor, Te iraste com o teu pôvo? Poupa a ira da Tua alma: lembra-Te de Abraão, Isaac, e Jacob, aos quais juraste dar a terra onde correm leite e mel.» E o Senhor foi aplacado da maldade que disse fazer ao Seu pôvo.
V.1. Disse o Senhor a Moisés: «enconstraste graça no meu olhar, e conheço-te antes de todos»: e, apressado, Moisés se inclinou por terra e adorou dizendo: Sei que és misericordioso mil vezes, afastando a iniqüidade e os pecados.

V.2. Disse Moisés e Aarão: disse Moisés e Aarão a toda a sinagoga dos filhos de Israel: aproximai-vos diante do Senhor: a majestade do Senhor apareceu na nuvem, e ouviu a vossa murmuração em tempo.




Nos Domingos em Ano C, canta-se Sanctificauit Moyses.



Comunhão Panem de caelo dedísti nóbis, Dómine cantada pelo Pedro francês:

O Pão do Céu nos déste, Senhor, tendo todo[s] o[s] deleitamento[s] e todo[s] o[s] sabor[es] de suavidade.



Lêde o comentário de Tiago Barófio a esta Comunhão (PDF).

À 6ª feira canta-se Qui vult venire post me.


Partituras e gravação de 4-8-2018:
ĩt. Deus in adjutorium http://pemdatabase.eu/image/1815
ky. http://pemdatabase.eu/image/4500
gl. http://pemdatabase.eu/image/11612
gr. Domine Dominus noster quam http://pemdatabase.eu/image/2431
al. Domine Deus salutis mee http://pemdatabase.eu/image/2431
of. Precatus est Moyses http://pemdatabase.eu/image/39331
sã. = ky.
ag. http://pemdatabase.eu/image/4501
cõ. Panem de celo http://pemdatabase.eu/image/1607
hỹ. Pange lingua
ãt. Salve Regina http://divinicultussanctitatem.blogspot.pt/2011/09/santa-missa-cantada-ao-domingo.html

domingo, 24 de julho de 2011

Músicas próprias do 17º Domingo do Tempo Comum / Hebdomada XVII per annum

Cristo, na pala de ouro da basílica de São Marcos em Veneza.

Partituras:
Próprio autêntico (PDF)
Ofertório autêntico com Versículos (PDF)

Programa La Domenica con Papa Benedetto XVI, em que se oferece uma meditação sobre o tesouro que é o Reino de Deus a partir da arte sacra da Igreja e das palavras do sumo pontífice:




ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 67, 6-7.36

Deus vive na sua morada santa: Ele prepara uma casa para o pobre. É a força e o vigor do seu povo.


0:00 Deus in loco sancto suo, intróito do VII modo, pelos Cantori Gregoriani.



Outra interpretação do mesmo intróito, pelo eslovaco:



Outra interpretação, do Pedro Desmazeiros.

Comentário de Bruder Jacob sobre este intróito:
È uno dei dieci introiti in fa autentico (V modo) e inizia in modo inconsueto; traccia una linea discendente dal do al fa che conclude la prima semifrase (Deus - suo). La stessa traiettoria (do > fa) caratterizza anche l’ampia sezione iniziale della II frase (ipse - fortitudinem). Le altre due semifrasi – le seconde di ogni frase – ripropongono il tradizionale arco melodico: nel primo caso raggiunge l’apice mi, mentre nel secondo tocca il do. Alcuni tratti del percorso melodico si soffermano nella recita sul do (Deus in loco, inhabitare facit, ipse dabit virtutem).
L’attenzione musicale converge sulla parte centrale del brano “inhabitare facit un(i)animes”.
D-i-o costruisce uno spazio dove gli uomini possono ritrovare un luogo ospitale e rassicurante, una patria. È, questo D-i-o, il padre degli orfani e il giudice che difende i diritti delle vedove, come afferma per esperienza il salmista (sal 67) nella prima parte del versetto 6 che precede il testo dell’introito. È l’esperienza che si ripete nella storia d’Israel (Esodo 22, 21) e della società umana. Sempre alla ricerca dell’unico D-i-o, l’uomo si lascia sempre sedurre e attrarre dai miraggi di mille e mille idoli. Ma mentre noi veniamo meno al patto, LUI è fedele, edifica lo spazio vitale separandolo dal “mondo” per renderlo luogo suo e abitazione nostra.
Ogni qual volta il cantore pronuncia “inhabitare facit”, il suo canto toglie i veli che nascondono l’azione di D-i-o. Egli non abbandona l’uomo e trasforma i profughi sulla terra in cittadini di una nuova patria, concittadini dei santi. Tutti pellegrini nel deserto in cammino verso la terra dove scorrono latte e miele. Tutti membra palpitanti di una Chiesa che è “testimonianza viva di verità e di libertà, di giustizia e di pace” (preghiera eucaristica V/C).
Lo sguardo di D-i-o si rivolge agli un(i)animes che sono “derelitti” – come alcuni traducono – nel senso che si tratta di noi, persone concrete, spesso abbandonati, senza famiglia, sbandati, emarginati, rifiutati, solitari e isolati. Ma lo stesso vocabolo ci conduce oltre, apre l’orizzonte a nuove prospettive. La casa di D-i-o è certamente asilo sicuro nella precarietà. È soprattutto l’accademia della libertà interiore dove può accedere chi è di un solo pezzo, coerente e di un solo intendimento, anche quando tale atteggiamento può divenire motivo di condanna e di rifiuto.
Mentre si arrabatta per districarsi e liberarsi dai rovi del quotidiano, il cantore avverte con Davide che la propria debolezza non gli impedisce di affrontare con serenità il domani. Per due motivi. 
Il primo: è D-i-o che darà forza e vigore, “ipse dabit virtutem et fortitudinem”. Queste due parole si dilatano per quasi un’intera linea del Graduale Romanum, e gli abbellimenti che fioriscono le singole sillabe dicono l’insistenza e la trepidazione nel comunicare agli altri quanto D-i-o ha compiuto e realizzerà. “Grandi cose ha fatto in me e per me l’Onnipotente”.
Il secondo motivo: l’intervento dell’Altissimo interessa una singola persona, ma in realtà si rivolge a tutto il popolo (plebi tuae). Non si è isolati nell’itinerario di fede e nell’impegno sociale. Si è parti di un corpo vivo, si è corresponsabili della società in cui ci troviamo, per caso o per nostra scelta o per costrizione. Prima di tutto si è membra della persona mistica che è la Chiesa. Con tutto ciò che le due condizioni comportano.
2013-07-28


ORAÇÃO COLECTA
Deus, protector dos que em Vós esperam, sem Vós nada tem valor, nada é santo. Multiplicai sobre nós a vossa misericórdia, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens temporais que possamos aderir desde já aos bens eternos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I Ano A 1 Reis 3, 5.7-12
Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias, o Senhor apareceu em sonhos a Salomão durante a noite e disse-lhe: «Pede o que quiseres». Salomão respondeu: «Senhor, meu Deus, Vós fizestes reinar o vosso servo em lugar do meu pai David e eu sou muito novo e não sei como proceder. Este vosso servo está no meio do povo escolhido, um povo imenso, inumerável, que não se pode contar nem calcular. Dai, portanto, ao vosso servo um coração inteligente, para governar o vosso povo, para saber distinguir o bem do mal; pois, quem poderia governar este vosso povo tão numeroso?». Agradou ao Senhor esta súplica de Salomão e disse-lhe: «Porque foi este o teu pedido, e já que não pediste longa vida, nem riqueza, nem a morte dos teus inimigos, mas sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu desejo. Dou-te um coração sábio e esclarecido, como nunca houve antes de ti nem haverá depois de ti».
Palavra do Senhor.

SALMO GRADUAL RESPONSORIAL Salmo 28(27),7.1
O meu coração confiou em Deus, e Ele socorreu-me;
a minha carne refloresceu, e hei-de louvá-lo de todo o coração.
V. Clamo por Vós, Senhor, meu Deus; não fiques surdo à minha voz. Não me abandones.

LEITURA II Ano A Rom 8, 28-30
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Nós sabemos que Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam, dos que são chamados, segundo o seu desígnio. Porque os que Ele de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o Primogénito de muitos irmãos. E àqueles que predestinou, também os chamou; àqueles que chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou.
Palavra do Senhor.

ALELUIA Exsultate Deo  cf. Salmo 80,2.3

Exsultai em Deus, nossa força, rejubilai no Deus de Jacob. Cantai um salmo alegre com a cítara.




EVANGELHO Ano A – Forma longa Mt 13, 44-52
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. O homem que o encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo. O reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola. O reino dos Céus é semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes. Logo que se enche, puxam-na para a praia e, sentando-se, escolhem os bons para os cestos e o que não presta deitam-no fora. Assim será no fim do mundo: os Anjos sairão a separar os maus do meio dos justos e a lançá-los na fornalha ardente. Aí haverá choro e ranger de dentes. Entendestes tudo isto?» Eles responderam-Lhe: «Entendemos». Disse-lhes então Jesus: «Por isso, todo o escriba instruído sobre o reino dos Céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas».
Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons que recebemos da vossa generosidade e trazemos ao vosso altar, e fazei que estes sagrados mistérios, por obra da vossa graça, nos santifiquem na vida presente e nos conduzam às alegrias eternas. Por Nosso Senhor.

ANTÍFONA DO OFERTÓRIO Exaltábo te Dómine cf Salmo 30(29), 2.3

Enalteço-te, Senhor, porque me salvaste e não permitiste que os inimigos se rissem de mim. Senhor, clamei a Ti, e curaste-me.
V.1. Senhor, retiraste dos infernos a minha alma, salvaste-me dos que descem ao lago.
V.2. Eu, então, disse, na minha abundância: não serei movido durante a eternidade: Senhor, na tua vontade providenciaste virtude à minha elegância.




ANTÍFONA DA COMUNHÃO
  • No Domingo do ano A, Simile est regnum celórum Mt 13,45.46
O Reino do Céu é semelhante a um negociante que busca boas pérolas. Tendo encontrado uma pérola precisosa, vende tudo quanto possui e compra a pérola.



Lêde o comentário de Tiago Barófio a esta antífona de comunhão (PDF)
  • No Domingo do ano B e em todos os dias da semana, Provérbios 3,9.10, Honóra Dóminum de tua substántia:
Honra o Senhor com os teus haveres e com as primícias de todos os teus rendimentos. Então, os teus celeiros encher-se-ão de trigo e os teus lagares transbordarão de vinho.



  • No Domingo do ano C, Lc 11,9.10, Petite et accipiétis
Pedide e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á. Aleluia

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos destes a graça de participar neste divino sacramento, memorial perene da paixão do vosso Filho, fazei que este dom do seu amor infinito sirva para a nossa salvação. Por Nosso Senhor.

*

PARTITURAS E GRAVAÇÃO DE 28-7-2018
ĩt. Deus in loco sancto suo http://pemdatabase.eu/musical-item/43895
ky. http://pemdatabase.eu/image/4500
gl. http://pemdatabase.eu/image/11612
gr. Oculi omnium http://pemdatabase.eu/image/11215 & http://pemdatabase.eu/image/1380
al. Exultate http://pemdatabase.eu/musical-item/43894
of. Benedic anima mea http://pemdatabase.eu/image/34855
sã. = ky.
ag. http://pemdatabase.eu/image/4501
cõ. Beati mundo corde http://pemdatabase.eu/image/39449 & http://pemdatabase.eu/image/35227
hỹ. Pange lingua
ãt. Salve Regina http://divinicultussanctitatem.blogspot.pt/2011/09/santa-missa-cantada-ao-domingo.html

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