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domingo, 29 de dezembro de 2013

Os Três Graus da Participação Activa

O Reverendo Padre da minha Paróquia pediu-me que eu colaborasse num curso de música sacra por ele organizado para um grupo de paroquianos interessados, tendo em vista a formação de um côro mais bem preparado e a solenização da Liturgia. Encarregou-me de leccionar uma cadeira de canto gregoriano, sendo as matérias de história da música sacra católica, ensinamentos do magistério da Igreja sobre a música sacra, solfejo, técnica vocal, e polifonia, entregues a outros colaboradores.

Na programação das aulas, ocorreram-me os três "graus de participação" propostos pela Sagrada Constituição dos Ritos, em 1967, para a introdução do canto sacro na Santa Missa. Leiamos, então, uns poucos parágrafos da instrução Musicam Sacram, que certamente nos mereceria uma atenção mais integral:
7. Entre a forma solene e mais plena das celebrações litúrgicas (em que se canta realmente tudo quanto exige canto) e a forma mais simples em que não se emprega o canto, pode haver vários graus, conforme o canto tenha maior ou menor lugar. Todavia, na escolha das partes que se devem cantar, começar-se-á por aquelas que por sua natureza são de importância maior: em primeiro lugar, por aquelas que devem ser cantadas pelo sacerdote ou pelos ministros, com resposta do povo; ou pelo sacerdote juntamente com o povo; juntar-se-ão depois, pouco a pouco, as que são próprias só do povo ou só do grupo de cantores. 
(...) 
III. O canto na celebração da missa
27. Para a celebração da Eucaristia com o povo, sobretudo nos domingos e festas, há-de preferir-se na medida do possível a forma de missa cantada, até várias vezes no mesmo dia. 
28. Conserve-se a distinção entre missa solene, missa cantada e missa rezada estabelecida na Instrução de 1958 (n. 3), segundo as leis litúrgicas tradicionais e em vigor. No entanto, para a missa cantada e por razões pastorais propõem-se aqui vários graus de participação para que se torne mais fácil, conforme as possibilidades de cada assembleia, melhorar a celebração da missa por meio do canto. O uso destes graus de participação regular-se-á da maneira seguinte: o primeiro grau pode utilizar-se só; o segundo e o terceiro não serão empregados, íntegra ou parcialmente, senão unidos com o primeiro grau. Deste modo, os fiéis serão sempre orientados para uma plena participação no canto. 
29. Pertencem ao primeiro grau:
a) nos ritos de entrada:
- a saudação do sacerdote com a resposta do povo;
- a oração;
b) na liturgia da Palavra:
- as aclamações ao Evangelho;
c) na liturgia eucarística:
- a oração sobre as oblatas,
- o prefácio com o respectivo diálogo e o "Sanctus",
- a doxologia final do cânone,
- a oração do Senhor - Pai nosso - com a sua admonição e embolismo,
- o "Pax Domini",
- a oração depois da comunhão,
- as fórmulas de despedida.
30. Pertencem ao segundo grau:
a) "Kyrie", "Glória" e "Agnus Dei";
b) o Credo;
c) a Oração dos Fiéis.
31. Pertencem ao terceiro grau:
a) os cânticos processionais da entrada e comunhão;
b) o cântico depois da leitura ou Epístola;
c) o "Alleluia" antes do Evangelho;
d) o cântico do ofertório;
e) as leituras da Sagrada Escritura, a não ser que se julgue mais oportuno proclamá-las sem canto.
Note-se que por participação activa deve entender-se, não só a participação vocal dos ministros e do povo nas orações respectivas, mas também, e até primeiramente, aquela verdadeira participação activa, que é espiritual e se dá no coração de cada um: a primeira nunca dispensa a segunda; a segunda, serve-se da primeira, mas pode tão-bem dispensá-la, inclusive até ao extremo do absoluto silêncio.

Com efeito, pareceu-me muito conveniente esta sugestão do Magistério para programar semelhantes aulas como as que me foram pedidas, dividindo para tal o extenso e variado reportório do canto gregoriano em três partes, de crescente complexidade. O que se segue é o resultado dessa divisão, tendo algumas orações sido deslocadas para outro grau em razão da sua natureza musical, como adiante especifico. Este método, que ainda não passou do papel à práctica, parece-me, para já, o mais apropriado para a formação duma schola cantorum de raíz, pelo menos a nível duma paróquia. Por este motivo, partilho desde já os recursos que compus, e peço encarecidamente os vossos comentários.

No 1º grau de dificuldade, ou seja, para um côro principiante, proporia o estudo das seguintes peças:

a) nos Ritos Iniciais:
- a saudação do sacerdote com a resposta do povo
- o acto penitencial
- a oração colecta
b) na liturgia da Palavra:
- a 1ª leitura
- as aclamações da 1ª leitura
- a 2ª leitura
- a aclamação da 2ª leitura
- a leitura do Evangelho
- as aclamações ao Evangelho
- a oração dos fiéis
c) na liturgia eucarística:
- a oração sobre as oblatas;
- os diálogo e prefácio da O.E.;
- o cânone;
- a doxologia final do cânone;
- o Pater noster com admonição e embolismo;
- o Pax Domini e outras aclamações e diálogos, e respectivas orações do celebrante;
- a oração depois da comunhão;
- as fórmulas de despedida;

Ou seja, excluí o Sanctus, que no Kyrial Romano ou na polifonia assume formas bastante elaboradas, e reuni todas as orações entoadas em recto tono, mesmo que o seu canto não seja prioritário na maioria das celebrações (p.ex. Canon, Lectiones). No seu conjunto, cada uma destas orações tem 2 ou 3 versões diferentes, que se mantêm as mesmas em todas as Missas ao longo do ano litúrgico nas mais variadas localizações onde se reza pelo rito romano. E, embora a maioria dos textos se destine ao sacerdote celebrante (ou a outros ministros, leitores, et al.) e não ao povo, as respostas pertencem - essas sim - ao povo, e são practicamente as mesmas, sempre; um coro que as aprenda pode ajudar o resto da assembleia a cantá-las. E o facto de se começar pelas entoações simples, e não pelos tradicionais modos gregorianos (octoechos), tem ainda a vantagem de evitar uma sobrecarga cognitiva nos aprendizes, que poderão focar-se primeiramente:
  • na busca da melhor técnica vocal;
  • no discernimento da correcta afinação, mantida imperturbável ao longo da entoação rectilínea;
  • na descoberta e no entendimento da língua latina;
  • na boa dicção e pronúncia do texto;
  • na sincronia com os restantes membros do côro;
  • na descoberta da notação quadrada e suas particularidades, por oposição à notação moderna;
  • na detecção das principais unidades rítmicas, definidas pela pontuação e sintaxe do texto;
  • na acentuação do início ou fim das tais unidades rítmicas com os acidentes melódicos tradicionais;
  • na percepção dos principais intervalos melódicos (meio tom, tom inteiro, terceira menor, terceira maior, etc.);
  • na desintoxicação tonal e na aceitação do ambiente modal, mais propício que é ao recolhimento e oração;
  • no conhecimento de como as entoações da Missa formam um todo sólido, um esqueleto musical ao qual se apendem outros géneros musicais mais complexos (canto melismático, polifonia).
Para além disso, permite-me também a mim ganhar a experiência que não possuo para dirigir peças mais complexas. Deixo-vos, então, um manual (Dropbox, Scribd) em que reuni (com manifesto amadorismo) todas estas entoações, e que inclui, no final, os seguintes cantus varii propostos pelo Papa Paulo VI em 1974 a toda a Igreja de rito romano: O salutaris hostia, Adoro te devote, Tantum ergo sacramentum, Laudate Dominum, Parce Domine, Da pacem, Ubi caritas, Veni creator Spiritus, Regina cæli, Salve Regina, Ave maris stella, Magnificat, Tu es Petrus, e Te Deum.


Depois de bem sabido o 1º grau, proporia para o 2º o estudo das peças do Kyriale Romanum, as quais, embora preservando o mesmo texto ao longo do ano litúrgico, convém que se variem na música (mais ou menos como se mudam as côres dos paramentos):
  • Kyrie, incluindo algumas versões com tropo (fons bonitatis II, firmator sancte VIII ad lib., orbis factor XI);
  • Gloria in excelsis Deo;
  • Credo;
  • Sanctus;
  • Agnus Dei;
  • Ite missa est.
Estas peças vêm em grupos no Gradual Romano, de forma que se pode começar pelas mais simples (missas com n.º mais elevado) e ir crescendo na dificuldade. As peças do ordinário são úteis para o ensino dos modos gregorianos, que se poderá fazer nesta altura. Deixaria para o fim as antífonas da aspersão com água benta (Asperges me, Vidi aquam) e os oito tons do Gloria Patri da Missa (começando pelos VII e VIII modos, que se cantam nestas antífonas, respectivamente); estas peças exigem alguns conhecimentos de semiologia gregoriana, até aqui desconhecida, e que se revelará indispensável no 3º grau. Mas antes o PDF do Kyriale Romanum:



Finalmente, chegamos ao 3º grau: que inclui as peças do próprio de cada Missa:
  • Introitus
  • Graduale
  • Tractus
  • Alleluia
  • Sequentia
  • Offertorium
  • Communio
Estas peças, cujos texto e melodia variam practicamente todas as missas, são as mais belas do reportório gregoriano, mas também as mais difíceis. As peças mais fáceis são as sequências, com o seu estilo silábico. As restantes, semi-ornamentadas e melismáticas, exigem que se coordene tudo quanto se aprendeu até aqui, e se aprenda a modelação rítmica tão característica da música medieval. Para isso, encaminhamos o leitor interessado aos seguintes livros: Graduale Triplex, Offertoriale Triplex, Graduale Novum e Graduale Restitutum, que publicam as partituras a cantar em cada Missa; e para outros manuais, que ensinam a ler a notação arcaica.

Uma vez dominado este nível, resta cantar a polifonia do Renascimento, e voar!...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Música do 5º Domingo da Páscoa / Hebdomada V Paschae

Partituras:
  • Próprio autêntico (PDF)
  • Ofertório e versículos autênticos (PDF)
  • Outras partituras ao longo desta página

Arte sacra e ensinamentos do Papa Bento XVI, a propósito deste Domingo:



O intróito (cântico de entrada) Cantate Domino canticum novum na voz dos Cantori Gregoriani de Cremona, com o respectivo comentário músico-exegético do maestro Fúlvio Rampi:



O mesmo intróito, na gravação do eslovaco:




Ofertório Iubilate Deo universa terra , aqui cantado pelo eslovaco:




Adiante uma versão simples: O texto latino é o indicado pelo Graduale Romanum (p.227) / Offertoriale Triplex / Graduale Restitutum (PDF). A melodia da antífona é baseada na da antífona Iubilate Deo in voce exsultationis, do Graduale Simplex. A melodia dos versículos é a da entoação salmódica correspondente à da antífona (7º modo):


O código GABC deste documento é o seguinte:
  • name:Antífona simplificada para o Ofertório, na V Semana da Páscoa e na II Semana do Tempo Comum;
    commentary:Salmo 65,1-2.16.13-15;
    user-notes:Fontes: Gradual Simples e Ofertorial Tríplice;
    annotation:VII a;
    %%
    (c3)
    Iu(e)bi(e)lá(ghi)te(i) (,) De(ijih)o(h) u(f)ni(g)vér(hf)sa(g) ter(fe~)ra.(e) (::) <sp>V/</sp>. 1. Iu(hg)bi(hi)lá(i)te(i) De(i)o(i) u(i)ni(i)vér(ik)sa(j) ter(ji)ra:(ij) (:) psal(ig~)mum(hi) dí(i)ci(i)te(i) nó(jwk)mi(i)ni(h) e(H>H>H>)ius.(fe) (::e+) (::) <sp>V/</sp>. 2. Ve(hg)ní(hi)te(i), et(i) au(i)dí(i)te(i), et(i) nar(i)rábo(i) vó(ij)bis,(i) (,) om(i)nes(i) qui(i) ti(i)mé(ik)tis(j) De(ji)um,(ij) (:) quan(ig~)ta(hi) fe(i)cit(i) Dó(ij)mi(i)nus(i) (,) á(i)ni(i)mæ(i) me(i)æ,(jwk) al(i>)le(h)lú(H>H>H>)ia.(fe) (::e+) (::) <sp>V/</sp>. 3. Red(hg)dam(hi) ti(i)bi(i) vo(ik)ta(j) me(ji)a,(ij) (:) red(ig)dam(hi) ti(i)bi(i) vo(i)ta(i) me(ij)a,(i) (,)  quæ(i) di(i)stin(i)xé(i)runt(i) lá(jwk)bi(i)a(h) me(H>H>H>)a.(fe) (::e+) (::) <sp>V/</sp>. 4. Lo(hg)cú(hi)tum(i) est(i) os(i) me(i)um(i) in(i) tri(i)bu(i)la(i)ti(i)ó(ik)ne(j) me(ji)a:(ij) (:) lo(ig)cú(hi)tum(i) est(i) os(i) me(i)um(i) in(i) tri(i)bu(i)la(i)ti(i)ó(i)ne(i) me(ij)a:(i) (,) ho(i)lo(i)cáu(i)sta(i) e(i)dul(i)lá(i)ta(i) óf(jwk>)fe(i)ram(h) ti(H>H>H>)bi.(fe) (::e+)


No ano A, canta-se a comunhão Tanto tempore, que pertence à festa dos Apóstolos São Filipe e Sant'Iago, a 3 de Maio; acêrca disto lêde o comentário de Tiago Barófio (PDF).

Partituras e gravação de 28-4-2018:
in. Cantate Domino http://pemdatabase.eu/image/22936
ky. http://pemdatabase.eu/image/4500
gl. http://pemdatabase.eu/image/11612
al. Crucifixus surgens http://pemdatabase.eu/image/34999
al. Modicum http://pemdatabase.eu/image/22935
of. Jubilate Deo universa terra http://pemdatabase.eu/image/22861
sa. = ky.
ag. http://pemdatabase.eu/image/4501
cõ. Ego sum vitis vera http://pemdatabase.eu/image/2441
hy. Pange lingua
an. Regina celi http://divinicultussanctitatem.blogspot.pt/2011/09/santa-missa-cantada-ao-domingo.html

domingo, 17 de abril de 2011

Jubilate Deo (1974), do Papa Paulo VI

Paulo VI, o Papa que conhecia o trabalho teológico de
Joseph Ratzinger e a 28 de Maio de 1977 o ordenou Bispo,
nomeou Arcebispo de Munique e Cardeal, apoiou uma
«hermenêutica da reforma na continuidade».
Apresentamos a reprodução da edição Typis Polyglottis Vaticanis do livrete contendo o repertório mínimo de canto gregoriano para todas as paróquias de rito romano oferecido pessoalmente a todos os Bispos católicos e aos chefes das Ordens religiosas pelo Papa Paulo VI em 1974. Recorremos às versões original e pentagramática moderna disponibilizadas pela St. Cecilia Schola Cantorum. Juntamente com o livrete, foi enviada pela Sagrada Congregação para o Culto Divino uma carta intitulada Voluntati Obsequens — isto é em latim “Obedecendo à Vontade” —, o qual documento se publicou em latim nas Notitiæ (páginas 123-6), de Abril de 1974, e em francês em La Documentation Catholique, de 2 de Junho de 1974. Chegámos a uma versão inglesa, a qual traduzimos para o português. Inclui-se o prefácio e um comentário ao livrete, da época.

Cremos que esta edição contribuirá para a restauração do gregoriano e do latim na forma ordinária do rito romano, a nível local, como foi o propósito dos Reformadores Conciliares e dos que os precederam, quer pela simplicidade das melodias, quer pela autoridade com que são propostas. Esta edição, adaptada por nós à língua portuguesa, contempla as traduções dos cânticos apresentados em notação quadrada, traduções que se quiseram tão literais quanto possível para permitir aos utilizadores maior familiaridade com a língua latina e a penetração nos cânticos gregorianos mais avançados. Incluimos no final a transcrição para pentagrama musical moderno das orações mais longas, para aumentar a familiaridade com a leitura do tetragrama medieval.

Pedimos encarecidamente que divulgueis junto do vosso pároco, bispo diocesano, ou qualquer outra pessoa encarregue da música sacra numa paróquia de língua portuguesa. Ademais, agradecemos a vossa colaboração:
  • na detecção de erros da tradução portuguesa e na obtenção dos textos integrais, no original latino ou francês;
  • na obtenção das restantes melodias do livrete, principalmente dos diálogos, em notação musical moderna;
  • no pedido dos ficheiros originais, caso queirais editar uma versão para a vossa Igreja particular.
Muitíssimo agradecidos.

Descarregar Jubilate Deo em português (PDF)

***

Por favor comentai dando a vossa opinião ou identificando elos corrompidos.
Podeis escrever para:

capelagregorianaincarnationis@gmail.com

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