Mostrar mensagens com a etiqueta Martírio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Martírio. Mostrar todas as mensagens

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Os dias da semana em galego

Na maioria das línguas novilatinas, os nomes dos dias da semana originaram-se nas divindades pagãs em cuja honra tantos cristãos foram martirizados durante o Império Romano:
  • solis dies: dia do Sol
  • lunæ dies: dia da Lua
  • martis dies: dia de Marte
  • mercurii dies: dia de Mercúrio
  • iovis dies: dia de Júpiter
  • veneris dies: dia de Vénus
  • saturni dies: dia de Saturno
 
Coliseu de Roma.

Mas no século VI tivemos um Bispo Santo, São Martinho de Dume (518-79), o qual chegou a Arcebispo Metropolita de Braga e foi um zeloso apóstolo no Reino dos Suevos, outrora situado no noroeste da Península Ibérica, na antiga região romana da Galécia e hoje na actual Galiza e Norte de Portugal Continental, e com capital naquela cidade minhota. A sua memória celebra-se a 22 de Outubro ou a 5 de Dezembro, juntamente com os Santos Frutuoso e Geraldo.

Martinus episcopus bracarensis,
Códice Albeldensis, ca. 976.

Ora, São Martinho de Dúmio considerou indigno de bons cristãos que continuássemos a chamar os dias da semana pelos nomes dos antigos ídolos, e por isso divulgou os nomes do calendário litúrgico cristão:
  • Para o primeiro dia da semana, tomou-se o nome de Dominicus dies, que significa Dia do Senhor e originou o nosso Domingo; havia também a variante feminina Dominica dies, que originou Dominga.
  • Ao dia seguinte, por ser o 2º da semana, féria secunda (ou secunda féria), o que originou na língua portuguesa a segunda feira. Na Antiguidade a palavra féria significava dia livre de trabalho; na Idade Média, o termo feira denominava também o mercado profano em dias de festa.
  • Ao 3º dia, tértia féria originou a terça feira, pelas mesmas razões.
  • Ao 4º dia, quarta feira.
  • Ao 5º dia, quinta feira.
  • Ao 6º dia, sexta feira.
  • Ao 7º dia, deu-se o nome de Sábado, herdado da tradição judaica do Shabat, o dia em que Deus descansou da obra da Criação.

Na verdade, entre as línguas europeias, estas denominações cristãs são exclusivas do Português, do Galego e do Mirandês; para além destas, a outra excepção é o Grego, língua intimamente ligada ao dealbar do Cristianismo.

Este facto testemunha claramente a eficácia do Apostolado ocorrido durante a Idade Média nos territórios da Galiza e de Portugal. Provam o quão fundo a Fé Cristã pode penetrar na Cultura, mesmo nos seus aspectos mais prosaicos, transformando-lhe os elementos pagãos e reordenando-os em direcção ao Deus Vivo e Verdadeiro.

Lamentavelmente, vim a saber que hoje, na Galiza, as mais novas gerações esqueceram os nomes cristãos herdados de seus antepassados para os dias da semana:



É curioso que os últimos dias da semana a serem "repaganizados" pela língua castelhana nesta região foram a corta feira e a sexta feira, possivelmente pela importância que a Quarta Feira de Cinzas e a Sexta Feira Santa têm no Calendário Litúrgico.

4ª Feira de Cinzas no Missal bracarense de 1924.


Pessoalmente, a mim, que falo português e sou cristão católico, escandaliza-me ouvir falarem de Vernes Santo: porventura será santo este dia por ser dedicado a Vénus, a deusa da luxúria? Não, este dia é santo porque nele morreu Nosso Senhor Jesus Cristo, no 3º dia antes de ressuscitar, portanto no 6º dia da semana: daí a 6ª Feira Santa.

6ª Feira Santa no Missal bracarense de 1924.

Acontece que os dias da semana quando ditos cristãmente lembram-nos que o Domingo é o 1º dia da semana e alguém disse que é tão-bém o 8º dia, porque de Deus viemos e para ele vamos.

Por isso, se alguns de vós que nos lêdes sois galegos, sabêde que tamém a vós se dirigem as palabras dêste blogue, por exemplo as melodias gregorianas em língua portuguesa (ou galega, ou galaico-portuguesa) que temos transcritas para uso na Liturgia. E vos pedimos: polo bem da nossa cultura comum e pola maior consciência cristã nas cousas sociais, empregade as tradicioniais formas galegas dos dias da semana.

sábado, 24 de janeiro de 2015

A música ouvida por Fernão Mendes Pinto

O aventureiro Português, a páginas tantas da sua Peregrinação pelo Extremo Oriente, descreve a Missa cantada que o herói António de Faria ouviu aquando do seu triunfal recebimento, a um Domingo de 1542, na povoação portuguesa de Liampó, na China.

Note-se que na época a Liturgia era celebrada em Latim, excepção feita aos sermões, e aos vilancetes, que eram pequenos poemas em língua vernácula; as orações cantavam-se em canto chão, isto é a uma só voz (canto gregoriano tardio), alternado com o canto d'órgão, ou seja a múltiplas vozes com ou sem o acompanhamento de instrumentos musicais de sopro ou corda (polifonia do Renascimento).

Quem na Liturgia de hoje cantar o gregoriano ou a polifonia saberá por experiência que o que vem adiante narrado não é mentirosa ficção nem desvirtuada paixão.
Capítulo 69
De que maneira António de Faria foi levado à Igreja, e do que passou nela até a Missa ser acabada.
Abalando-se daqui António de Faria, o quiseram levar debaixo de um rico pálio, que seis homens dos mais principais lhe tinham prestes, porém ele o não quis aceitar, dizendo que não nacera para tamanha honra como aquela que lhe queriam fazer, e seguiu seu caminho sem mais fausto que o primeiro, que era acompanhá-lo muita gente assi Portuguesa, como da terra, e doutras muitas nações que ali por trato de mercancia era junta, por ser este o milhor e o mais rico porto que então se sabia em todas aquelas partes, e levava diante de si muitas danças, pélas, folias, jogos, e antremeses de muitas maneiras que a gente da terra que connosco tratava, uns por rogos, e outros forçados das penas que lhes punham, também faziam como os Portugueses, e tudo isto acompanhado de muitas trombetas, charamelas, frautas, orlos, doçainas, harpas, violas d'arco, e juntamente pífaros, e tambores, com um labarinto de vozes à Charachina de tamanho estrondo que parecia cousa sonhada. Chegando à porta da igreja, o saíram a receber oito padres revestidos em capas de brocado e telas ricas, com procissão cantando Te Deum laudamus, a que outra soma de cantores com muito boas falas respondia em canto d'órgão tão concertado quanto se pudera ver na capela de qualquer grande Príncipe. Com este aparato foi muito devagar até a capela mor da igreja, onde estava armado um dorsel de damasco branco, e junto dele ũa cadeira de veludo cramesim com ũa almofada aos peis do mesmo veludo. E assentando-se nesta cadeira ouviu Missa cantada oficiada com grande concerto, assi de falas, como de instrumentos músicos, na qual prégou um Estêvão Nogueira que aí era Vigairo, homem já de dias e muito honrado, mas como ele pelo descostume andava mal corrente na prática do púlpito, e de si era fraco oficial, e pouco ou nada letrado, e sôbre isto vão e presuntuoso de quasi fidalgo, querendo então, por ser dia sinalado, mostrar quanto sabia, e quão reitórico era, fundou todo o sermão em louvores somente de António de Faria, com ũas palavras tão desatadas, e por uns termos tanto sem concerto, que enxergando os ouvintes em António de Faria, que estava corrido e quasi afrontado, lhe puxaram alguns seus amigos pelo sobrepeliz três ou quatro vezes para que se calasse, e caindo ele no que era, como homem acordado na briga, disse alto que todos o ouviram, fingindo que respondia aos amigos: «Eu falo verdade no que digo, pelos Santos Evangelhos, e por isso deixai-me, que faço votos a Deus de dar com a cabeça pelas paredes por quem me salvou sete mil de cruz que mandava de emprego no junco, os quais o pêrro do Coja Acém me tinha já levado pelo pau do canto como jogador de bola, que mau inferno lhe dê Deus na alma lá onde jaz, e dizei todos Amén.» E com esta desfeita foi tamanha a risada na gente que não havia quem se ouvisse na igreja. Despois que o tumulto foi calado, e a gente quieta, vieram seis mininos da sancrestia, em trajos de Anjos com seus instrumentos de música todos dourados, e pondo-se o mesmo padre em joelhos diante do altar de Nossa Senhora da Conceição, olhando para a imagem com as mãos alevantadas, e os olhos cheios de água, disse chorando em voz entoada e sintida, como que falava com a imagem: «Vós sois a rosa, Senhora», a que os seis mininos respondiam: «Senhora, vós sois a rosa», descantando tão suavemente cos instrumentos que tangiam, que a gente estava toda pasmada e fora de si, sem haver quem pudesse ter as lágrimas, nascidas da muita devação que isto causou em todos. Após isto, tocando o Vigairo ũa viola grande ao modo antigo, que tinha nas mãos, disse com a mesma voz entoada algũas voltas a este vilancete, muito devotas e conformes ao tempo, e no cabo de cada ũa delas respondiam os mininos «Senhora, vós sois a rosa», o que a todos geralmente pareceu muito bem, assi pelo concerto grande da música com que foi feito, como pela muita devação que causou em toda a gente, com que em toda a igreja se derramaram muitas lágrimas.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Pela Maior Glória: A Verdadeira História da Cristiada


Filme sobre a revolução mexicana e a reacção dos católicos nos anos 20 do século passado. Conta a história do Beato Mártir José Luis Sánchez del Rio e de outras figuras históricas. O elenco inclui o famoso converso Eduardo Verastegui, entre outros. Visão obrigatória, e utilíssimo para a catequese.



WebSite oficial.
Facebook oficial.
Comentário do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Por favor comentai dando a vossa opinião ou identificando elos corrompidos.
Podeis escrever para:

capelagregorianaincarnationis@gmail.com

Print Desejo imprimir este artigo ou descarregar em formato PDF Adobe Reader

Esta ferramenta não lida bem com incrustrações do Sribd, Youtube, ou outras externas ao blog. Em alternativa podeis seleccionar o texto que quiserdes, e ordenar ao vosso navegador que imprima somente esse trecho.

PROCURAI NO BLOG