domingo, 29 de novembro de 2020

Descoberta de nova edição do Enchiridium Missarum Sollemnium de João Dias

Contarei aqui um caso que nos tem entretido nos últimos tempos, desde Maio de 2019 quando o amigo português de Olivença José António González Carrillo me mostrou umas fotografias dum cantoral impresso e por ele adquirido uns anos antes na Feira da Ladra aquando duma sua visita a Lisboa: 


Crédito: José António González Carrilho.

O exemplar deste amigo encontra-se, e já se encontrava à data da compra, amputado da sua encadernação original, assim como dos fólios iniciais contendo os título e autor, data e local de imprensa, licenças, dedicatórias e índice; tão-pouco se encontrou qualquer colofão, e o final do livro mostra-se incompleto (verso do fólio 180, erradamente paginado com 160, com a sequência Dies irae da Missa pro defunctis). Tratava-se, portanto, de um livro de cantochão por identificar, impresso a duas cores (rubrum para as rubricas e pentagrama, nigrum para os restantes elementos), com cânticos gregorianos de vésperas e missas das principais festas e solenidades do ano litúrgico. O caro leitor poderá consultar todo o livro graças à generosidade do seu proprietário que o fotografou por inteiro.

Chamou-me à atenção a nota manuscrita neste primeiro fólio, onde se podem ler as palavras Liberal Sampaio: provavelmente um anterior proprietário. Através duma pesquisa na internet, rapidamente chegámos ao blog Outeiro Seco - A Quem Interesse, da autoria de Humberto Ferreira, assim como às Velharias do Dr. Luís Montalvão, que confirmaram ser esta anotação uma assinatura do Doutor Liberal Sampaio, influente figura do Norte Português, mais concretamente de Chaves, na transição entre os séculos XIX e XX. A assinatura presente no cantoral comparada com a de outros documentos da autoria do Padre Liberal Sampaio prova que este foi o seu proprietário há cerca de 100 anos.

Exemplo de caligrafia do Pe. Liberal Sampaio.
Crédito: Luís Montalvão.

Adicional prova de que o livro pertenceu ao ilustre Doutor está no título "Cantochão" em caligrafia mais moderna coincidente com a cota 1281 da 2ª página do catálogo realizado postumamente pelos herdeiros do Sacerdote, cota esta com o mesmo exacto título, sem informações de autor nem data ou local de publicação, e colocada na secção Assuntos Teológicos.

Topo da folha de rosto do cantoral descoberto.
Crédito: JAGC.

 

Excerto do catálogo da biblioteca do solar dos Montalvões.
Crédito: LM.

 

À data da última transacção, o exemplar não possuía qualquer cota.
Crédito: JAGC.

Mas quem fôra, afinal, Liberal Sampaio? José Rodrigues Liberal Sampaio nasceu a 29 de Julho de 1846 em Sarraquinhos, concelho de Montalegre. Foi pároco do Outeiro Seco, no concelho de Chaves, onde viveu a maior parte da sua vida. De 1886 a 1891 estudou em Coimbra com excelente aproveitamento académico. Nas palavras de Luís Montalvão, seu trisneto e biógrafo, Liberal Sampaio "era um homem muito culto, formado em teologia e direito, colaborador regular na imprensa periódica flaviense, numismata, bibliófilo e fazia parte da extensa rede de colaboradores de José Leite de Vasconcelos, que o informavam de tudo o que existisse de interesse arqueológico e etnológico em cada parte do País." Granjeou fama de grandíssimo orador, tendo sido honrado por Sua Majestade com o título de pregador da Casa Real. Fundou um colégio que ensinou muitos notáveis, projectou uma Biblioteca Municipal e um Museu Regional em Chaves, e acumulou várias centenas de livros na biblioteca da sua residência no solar dos Montalvões em Outeiro Seco. Manteve-se sempre activo intelectualmente, tendo falecido no dia 29 de Outubro de 1935, aos 89 anos de idade.

O padre José Rodrigues Liberal Sampaio, no momento da sua formatura.
Foto de J. M. Santos, Phot. Conimbricense. Crédito: LM.


Fachada poente do solar da família Montalvão, em Outeiro Seco, Chaves.
A biblioteca corresponderia às três grandes janelas no primeiro plano. Crédito: LM.



José Maria Ferreira Montalvão (filho de Liberal Sampaio) na biblioteca da família.
Podem ver-se todos os livros cotados. Crédito: LM.


A personalidade idónea de Liberal Sampaio faz-nos crer que o livro tenha chegado à sua posse já amputado dos elementos identificativos de que actualmente carece, não sendo impossível que tenha sido ele mesmo o responsável pela actual encadernação. Contudo, nada sabemos acerca de quando, onde, ou como o livro tenha sido por ele adquirido, nem que uso este lhe deu durante a sua vida. Seja como fôr, o cantoral foi vendido nos anos 80 (juntamente com a restante biblioteca do solar dos Montalvões) a um alfarrabista em Lisboa, o qual por sua vez o terá revendido, e nalgum momento a respectiva cota (se é que chegou a ser acrescentada ao livro) terá sido retirada. Finalmente, na última década, este precioso exemplar foi comprado por José António González Carrilho na Feira da Ladra em Lisboa e daí levado para Olivença.

Pois bem, na nossa busca por qual seria esta edição, fomos ao sítio da Biblioteca Nacional Digital, à procura de algum exemplar semelhante que nos pudesse dar mais informações. Fomos felizes, em que encontrámos algo muito semelhante!


Crédito: BND.
 
As semelhanças são muitas, parecendo o exemplar da BND uma edição mais antiga que a de Olivença. Na verdade, trata-se de duas edições do Enchiridium Missarum Sollemnium et Votivarum cum vesperis, do Padre João Dias, impresso e reimpresso em Coimbra em finais do século XVI e princípios do XVII.
 
A palavra latina Enchiridium vem do grego ἐγχειρίδιος que significa livro manual; usou-se para designar uma colectânea de utilidades, habitualmente incompleta mas essencial, sobre determinado assunto. Por exemplo, Sexto Pompónio coligiu um inquirídio sobre leis romanas; Santo Agostinho sobre as três virtudes teologais da fé, esperança e caridade; e Erasmo de Roterdão sobre as virtudes do soldado cristão. No nosso caso, trata-se duma colecção com os cantoschãos mais importantes do ano, isto é das Missas e Vésperas das principais festas litúrgicas do ano, segundo o rito romano reformado pelo Concílio de Trento, em Portugal.
 
Terá sido um género muito divulgado em Portugal a partir da chegada da imprensa e sua aplicação à música. O padre e bilioteconomista português Diogo Barbosa de Machado em meados do século XVIII na sua monumental Bibliotheca lusitana recolhe para além do do Padre João Dias (vol.II, p.650) também outro entretanto perdido: 

 Também Matias de Sousa Villalobos imprimiu o seu, no final do século XVII:
 
https://digitalis-dsp.uc.pt/bg1/UCBG-MI-150/UCBG-MI-150_master/UCBG-MI-150_JPG/UCBG-MI-150_JPG_24-C-R0100/UCBG-MI-150_0013_1_t24-C-R0100.jpg
Note-se a semelhança com os outros dois fólios mostrados acima.
Crédito: BGUC.


Sobre esta última edição, Ernesto Vieira, no seu Diccionario Bibliograpico de Muzicos Portuguezes, refere que seria "egual ao de outras idênticas" (vol. II, pp.402-406).
 
A importância deste tipo de publicações prende-se não apenas com o estudo da prática do cantochão eclesiástico mas também da polifonia ("canto-d'órgão") com a qual se relacionava intimamente. O investigador Rui Cabral, p.ex., em artigo publicado na Revista Portuguesa de Musicologia de 1996, sugere que o Mestre Manuel Mendes poderia ter tomada a melodia do Kyrie pro defunctis do Enchiridium de João Dias para compôr a última secção do Kyrie da sua Missa polifónica de defuntos. O mesmo trabalho refere ter-se então conhecimento apenas das edições de 1580 e 1585 do Enchiridium, nas quais aliás a sequência Dies irae se não encontra, contrariamente à versão em Olivença:


Verso do antepenúltimo e rosto do último fólios sobreviventes do exemplar do Enchiridium em Olivença. Crédito: JAGC. 
 
Colocámos assim a questão ao investigador e especialista na matéria, o Prof. José Abreu, que muito gentilmente em correspondência privada nos garantiu ser o exemplar de Olivença uma reedição do Enchiridium de João Dias, nomeadamente mais tardia que os exemplares conhecidos de 1609 (site da Biblioteca Nacional Digital e reservados da Biblioteca Municipal do Porto) e de 1621 (Universidade de Évora), sendo provavelmente muito próxima desta última.

Gostaríamos, portanto, de deixar estas informações ao cuidado da musicologia nacional e internacional, a fim de mais estimular o estudo e o avanço da ciência assim como da preservação e desenvolvimento do património.
 
Um agradecimento sentido a todos os envolvidos, sobretudo ao José António González Carrilho por partilhar a sua colecção privada, ao Luís Montalvão por partilhar a sua história familiar, e ao José Abreu por partilhar o seu trabalho académico: que todos um grande Bem hajam!

*

P.s.: Na sequência desta descoberta o Dr. Luís Montalvão publicou um interessante artigo cuja leitura se recomenda vivamente e no qual desenvolve o assunto do solar senhorial do Outeiro Seco e respectiva importância para a cultura nacional.

sábado, 17 de outubro de 2020

Os boletins do Centro "Jean Claire" de Verona

São publicados na página do Facebook desta associação italiana fundada e dirigida pelo Monsenhor Alberto Turco em homenagem a um seu mestre francês. Para saber mais sobre a associação, existe igualmente o sítio permanente.

Os boletins publicam-se a cada quatro meses (quadrimestrais) e apresentam curtos artigos em língua italiana da autoria de entendidos estudiosos do canto gregoriano. Todos eles se encontram na rede social da organização e podem também pedir-se em PDF para o seu email: gregorianavox@gmail.com . De seguida um breve elenco dos assuntos nos boletins já publicados:

2019 - 0
Sessantini: é necessário unir todos os que estudam o canto gregoriano e exigir elevada qualidade científica ao seu trabalho.

2019 - 1
Turco: Sobre a oscilação entre os modos de re e mi e uma crítica a opções de restituição melódica no Graduale Novum.

2019 - 2
Sessantini: o nº 116 da Sacrosanctum Concilium do Concílio Vaticano II ou o que significa ser o canto gregoriano próprio da liturgia romana.
Repeto: crítica a livro de Rampi e De Lillo.

2019 - 3
Bellinazzo: origem dos próprios das Missas do Natal.
Turco: a colocação do qüilisma no scandicus.

2020 - 1
Turco: reconstituição da antífona Immutemur habitu para a 4ª Feira de Cinzas.
Repeto: crítica a livro de Lillo.

2020 - 2
Sessantini: o que significa «ceteribus paribus».
Turco: especificidades dos ofertórios das solenidades pascais.

2020 - 3
Turco: crítica às opções melódicas de alguns toni simplices e símbolo apostólico no Graduale Novum.

*

Os que puderem não deixem de frequentar o curso virtual de Monsenhor Alberto Turco nas próximas semanas:

sábado, 26 de setembro de 2020

Inscrições abertas: Gregoriano e Latim na Escola de Música de São Frutuoso da Arquidiocese de Braga

 

Ricos da experiência a que a Pandemia obrigou, a Escola de Música Litúrgica da Arquidiocese de Braga, vai prosseguir a sua atividade letiva em regime misto, presencial e via plataformas digitais. Neste sentido, as aulas de Latim e Gregoriano, aos sábados das 8h45 às 9h45, e Música e Liturgia, também aos sábados das 9h45 às 10h45, funcionarão presencialmente, mas, simultaneamente, com transmissão via internet. Deste modo, permitir-se-á que alunos, em quarentena ou habitando longe da escola, possam seguir a lecionação. Nas aulas de Latim e Gregoriano, para além das aulas teóricas, preparar-se-á reportório que será executado ao longo do ano em contexto litúrgico. Nas aulas de Música e Liturgia, partindo dos documentos do Magistério e da prática musical, estabelecer-se-á uma tipologia da música litúrgica e dos diferentes ministérios musicais na liturgia. A lecionação estará a cargo dos professores José Carlos Miranda e Hermenegildo Faria, docentes da Universidade Católica e da Escola Arquidiocesana de Música Litúrgica.

 

 

Para mais informações, visitar o sítio da Escola Arquidiocesana, o seu Facebook assim como o do seu Director o Cónego Hermenegildo Faria, formado em Gregoriano nos mosteiros franceses de Belloc e La-Pierre-qui-Vire e em Escrita Musical na Schola Cantorum de Paris.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

"Silêncio: sete epigramas para côro a capella" (2012), Luís Lopes Cardoso

O Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa editou 7 curtas e belas peças da autoria do nosso querido Maestro Luís Lopes Cardoso, todas tendo em comum a ideia do silêncio através da espiritualidade cristã e a cultura europeia. Esta obra reúne excertos do então Padre José Tolentino Mendonça, Santo Arsénio o Grande, São Pémenes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Bruno Munari, e São João Clímaco.

As partituras primorosamente cuidadas pelo autor podem encomendar-se do sítio do ensemble, que simpaticamente envia juntamente com o livrete o CD da sua respectiva gravação. Dá para ouvir no Spotify.

Bernard Ycart | Oficina Polifónica

A Academia dos Nocturnos em colaboração com a editora Ars Hispana publicaram um competentíssimo CD com a gravação integral do reportório polifónico composto pelo Padre Bernardo Ycart. 

A direcção, assim como uma das vozes, é do mestre Isaac Alonso de Molina, que leccionará em Madrid no próximo mês de Novembro uma oficina sobre polifonia renascentista que se poderá frequentar em pessoa ou em linha.


Prémio Internacional de Composição - Órgãos do Palácio Nacional de Mafra

Avisam-se os caros leitores para o concurso que receberá até ao próximo mês de Abril novas obras compostas para o conjunto único em todo o orbe da terra que são os seis órgãos-de-tubos da Basílica de Mafra.

Quem quiser conhecer mais acerca dêste extraordinário monumento poderá assistir a alguns documentários nos Arquivos da RTP.


 

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Mais para Aprender Latim

Já aqui foram divulgadas a gramática latina do Padre Napoleão Mendes de Almeida 


e o curso de latim para anglófonos do Duolingo.


No Youtube encontram-se vários vídeos e canais dedicados a apresentar o latim de forma simplificada e divertida, para principiantes, por exemplo estes.


Há também livros escritos num latim simples e compreensível, de nível infantil, que "toda a gente pode ler". Apresentam o vocabulário de forma progressiva em lições curtas e interessantes. Algumas destas edições encontram-se disponíveis para descarga gratuita e trazem já um pequeno glossário para evitar a consulta de dicionários mais avançados:

Cornélia: conta a história duma menina americana que vive no campo e gosta de aprender sobre os militares da república romana. Traz perguntas de interpretação e glossário (em inglês), podendo descarregar-se em PDF ou comprar-se em papel.

 

Julia: colectânea de mitos e lendas da antiguidade clássica, resumidos. Vem com um glossário de palavras novas para cada lição, e outro geral com todo o vocabulário do livro. Pode descarregar-se o PDF da edição inglesa a partir da página da Academia Vivarium Nostrum (que por si só merece uma visita), e existe também um tutorial em linha para os falantes do castelhana.


Carolus et Maria: da mesma colecção de Cornélia, com o mesmo grau de dificuldade progressiva, mas com cerca do dobro da extensão, apresenta perguntas de interprpetação no final de cada capítulo, assim como um glossário de referência no final do livro. Pode descarregar-se PDF graças também ao Vivarium Nostrum.


Ad Alpes: semelhante aos anteriores, mas mais extenso, contendo o glossário em notas de rodapé na mesma página em que aparecem as palavras novas. Traz ainda alguma poesia latina traduzida para inglês, uma partitura musical a 4 vozes, um glossário geral, e um índice de assuntos. Pode descarregar-se a edição americana em PDF ou comprar-se a reedição em papel, melhorada e audiogravada por Daniel Pettersson.

 

Pugio Bruti: descrito pelo autor como um policial infantil passado na Roma antiga. Redigido em latim simples pelo mesmo autor da plataforma Latinitium, onde se pode comprar o livro em papel, em formato electrónico, leitura gravada ou curso de compreensão.

 

Também o sítio oficial de notícias da Santa Sé emite todas as semanas um boletim de notícias em língua latina, a Hebdomada Papae, dedicado às actividades e declarações públicas do Papa Francisco. Os boletins publicados até inícios de Março podem ser escutados no podcast oficial, e os posteriores ao mês de Maio no podcast pirata realizado pelo vosso amigo.



Falta ainda acrescentar o útil dicionário de latim-inglês do Wiktionary, que é completíssimo e tem a vantagem de encontrar qualquer palavra latina e todas as suas variantes de caso, modo, tempo, pessoa e número.


Se o caríssimo leitor conhecer algum outro recurso que lhe tenha sido proveitoso, por favor deixe-nos um comentário! Valete!

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Sequência portuguesa "Terra, exulta de alegria"

É particularmente feliz o Missal de língua portuguesa na tradução da sequência para a Solenidade dos Santíssimos Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, mais conhecida por Corpo de Deus:

Terra, exulta de alegria,
Louva o teu pastor e guia,
Com teus hinos, tua voz.

Quanto possas tanto ouses,
Em louvá-l’O não repouses:
Sempre excede o teu louvor.

Hoje a Igreja te convida:
O pão vivo que dá vida
Vem com ela celebrar.

Este pão – que o mundo creia –
Por Jesus na santa Ceia
Foi entregue aos que escolheu.

Eis o pão que os Anjos comem
Transformado em pão do homem;
Só os filhos o consomem:
Não será lançado aos cães.

Em sinais prefigurado,
Por Abraão imolado,
No cordeiro aos pais foi dado,
No deserto foi maná.

Bom pastor, pão da verdade,
Tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade,
Extingui nossa orfandade
E conduzi-nos ao Pai.

Aos mortais dando comida,
Dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida
Seja um dia reunida
Aos convivas lá do Céu.


Não apenas traduz o sentido do original latino como também obedece à mesma estrutura métrica e estrófica, podendo portanto cantar-se com a exacta melodia gregoriana Lauda Sion salvatorem...




Foi o que se fez na seguinte partitura, que fica livre para descarga (PDF):

Curiosamente a versão latina é bem mais longa, tendo 24 estrofes em vez destas 7, o que explica a nota do Leccionário, certamente traduzida de uma edição vaticana:

Esta sequência é facultativa e pode dizer-se na íntegra ou em forma mais breve, isto é, desde as palavras: Eis o pão...

Eis aqui a mesma nota no Ordo cantus Missae (1988) para a forma ordinária do rito romano:

Na qual já agora pode ler-se que a sequência deve ser lida após ("post") a Alleluia. Na verdade, isto aplica-se a todas as sequências no rito romano (cfr. ponto 8 da secção II das praenotanda do mesmo Ordo), uma vez que na sua origem eram tropos acrescentados ao fim (do verso) da Aleluia.


Saiba mais sobre os cânticos do Corpus Christi.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Te Deum, hino para dois córos e órgão

O Te Deum é um antigo hino de louvor à Santíssima Trindade. Atribuído tradicionalmente a Santo Ambrósio de Milão (século IV d.C.), ainda hoje é cantado pela Igreja na liturgia das horas durante o ofício de leitura, assim como noutras ocasiões festivas e de acção de graças.

A obra aqui apresentada pretende oferecer a música sacra como linguagem capaz de chegar a todos os homens de boa vontade. O texto latino evoca a universalidade da tradição católica, aberta a incorporar dentro de si todas as culturas, de todas as épocas e lugares. A composição procura orientar-se pelo magistério da Igreja, que oferece como género supremo da música sagrada o canto gregoriano ( leia-se por exemplo o discurso do Santo Padre o Papa Francisco às Scholae Cantorum da Associação Italiana Santa Cecília na Sala Paulo VI a 28 de Setembro de 2019: «Insieme potete meglio impegnarvi nel canto come parte integrante della Liturgia, ispirandovi al modello primo, il canto gregoriano.»); por isso, recuperou-se uma melodia de um antigo livro português (Processionário Beneditino de Coimbra de 1727), a qual se apresenta em tamanho ampliado. O côro, dividido em duas secções, canta o gregoriano alternado com a polifonia inspirada em cânticos do Padre Miguel Carneiro. Pretende-se assim permitir a participação activa de todos, com secções de diferentes graus de dificuldade em que cada um contribuirá segundo os talentos que recebeu. O órgão de tubos, ao transcender as naturais limitações da voz humana, remete para a imensidade e a magnificência de Deus.

*

Obra candidata ao Prémio de Composição Padre Miguel Carneiro organizado pela Paróquia de São Tomás de Aquino em Lisboa e a Editora Paulus de Portugal.

Descarregar PDF 💾


O autor divulga a totalidade do material musical permitindo as suas livres reprodução e execução, a partir de 24 de Maio de 2020, Solenidade da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, para a Sua maior glória.



sexta-feira, 22 de maio de 2020

Jornada em Linha da Schola Cantorum de Çamora

Decorreu no passado sábado 16 de Maio no YouTube. Temas:

00:00 Apresentação da Jornada (Víctor Nogal Martín).
00:55 Arquitectura: Cantando na iglesia. Da Schola Cantorum à cantoria (Eduardo Carrero Santamaría).  
38:39 Modalidade: Os modos antes dos modos (Juan Carlos Asensio Palacios).  
1:01:57 Semiologia: Da memória ao pergaminho (Vicente Urones Sánchez). 
1:23:28 Composição livre. O tropo (María Isabel Arias Villanueva). 
1:44:23 Canto misto ou figurado (Santiago Ruiz Torres). 
2:07:52 Discografia: A interpretação do canto gregoriano nos discos: desde as suas origens até aos nossos dias (Manuel Alberto Díaz-Blanco González-Mohíno). 
2:42:43 Encerramento da Jornada (Víctor Nogal Martín). 
2:43:15 Intróito Vocem iocunditatis (Graces&Voices).



quarta-feira, 4 de março de 2020

I Jornada de Canto Gregoriano da Paróquia de São Nicolau

(evento no Facebook)

QUANDO E ONDE?
25 de abril de 2020, das 9h às 19h, na igreja de São Nicolau, na Baixa de Lisboa.

PORQUÊ PARTICIPAR?
Concílio Vaticano II, Constituição Conciliar Sacrosanctum concilium sobre a Sagrada Liturgia:
«Os (...) elementos do grupo coral desempenham também um autêntico ministério litúrgico. Exerçam, pois, o seu múnus com piedade autêntica e do modo que convém a tão grande ministério (...). É, pois, necessário imbuí-los de espírito litúrgico (...) e formá-los para executarem perfeita e ordenadamente a parte que lhes compete.» (n.º 29)
«Deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos». (n.º 36)
«A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano; terá este, por isso, na ação litúrgica, em igualdade de circunstâncias, o primeiro lugar.» (nº 116).

O QUE ESPERAR?
Um dia intensivo de aulas teórico-práticas sobre canto gregoriano na liturgia católica.
Em concreto, os formandos aprenderão a definição do que seja o canto gregoriano, a pronúncia da língua latina e algum vocabulário, aspectos normativos e magisteriais relativos à integração da música na liturgia, assim como a mão de Guido, culminando numa celebração de Vésperas integralmente cantadas na forma extraordinária do Rito Romano, em que se aplicará tudo o que foi aprendido durante o dia.

O QUE É A SOLFA? E A MÃO DE GUIDO?
Solfa é como antigamente se dizia solfejo, isto é, a capacidade de ler música.
A mão de Guido é um sistema de solfa que surgiu na Igreja Católica há cerca de mil anos para que os cantores aprendessem mais depressa as melodias sagradas que se encontravam escritas nos livros de coro. É um método especialmente pedagógico, mais fácil de aprender que o solfejo moderno, e mais adequado ao canto gregoriano, assim como às práticas de contraponto improvisado e polifonia escrita que a partir dele se desenvolveram desde a Idade Média.

QUEM SÃO OS FORMADORES?

FRANCISCO VILAÇA LOPES cantou gregoriano e polifonia na liturgia com João Valeriano, Luís Lopes Cardoso, Pe. Doutor Armindo Borges, Isaac Alonso de Molina, Ján Janovčík e Giacomo Baroffio. Ensina canto gregoriano em paróquias e através da internet. Colabora na base de dados PEMdatabase.eu.
DUARTE VALÉRIO estudou canto gregoriano e direção polifónica nas Semanas de Canto Gregoriano com Alberto Medina de Seiça, João Luís Ferreira, Idalete Giga, e Pe. Robert Skeris. Frequentou os Cursos Livres de Música Sacra de Santa Maria de Belém. Canta no Coro dos Jerónimos e na Igreja de São Nicolau, em Lisboa.

COMO POSSO INSCREVER-ME?

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdwmWBJGJddgoCZd8QocRRaPm0KTnBgBOJB5wOUQCugaiP8wA/viewform

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Podeis escrever para:

capelagregorianaincarnationis@gmail.com

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