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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

"Silêncio: sete epigramas para côro a capella" (2012), Luís Lopes Cardoso

O Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa editou 7 curtas e belas peças da autoria do nosso querido Maestro Luís Lopes Cardoso, todas tendo em comum a ideia do silêncio através da espiritualidade cristã e a cultura europeia. Esta obra reúne excertos do então Padre José Tolentino Mendonça, Santo Arsénio o Grande, São Pémenes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Bruno Munari, e São João Clímaco.

As partituras primorosamente cuidadas pelo autor podem encomendar-se do sítio do ensemble, que simpaticamente envia juntamente com o livrete o CD da sua respectiva gravação. Dá para ouvir no Spotify.

Bernard Ycart | Oficina Polifónica

A Academia dos Nocturnos em colaboração com a editora Ars Hispana publicaram um competentíssimo CD com a gravação integral do reportório polifónico composto pelo Padre Bernardo Ycart. 

A direcção, assim como uma das vozes, é do mestre Isaac Alonso de Molina, que leccionará em Madrid no próximo mês de Novembro uma oficina sobre polifonia renascentista que se poderá frequentar em pessoa ou em linha.


Prémio Internacional de Composição - Órgãos do Palácio Nacional de Mafra

Avisam-se os caros leitores para o concurso que receberá até ao próximo mês de Abril novas obras compostas para o conjunto único em todo o orbe da terra que são os seis órgãos-de-tubos da Basílica de Mafra.

Quem quiser conhecer mais acerca dêste extraordinário monumento poderá assistir a alguns documentários nos Arquivos da RTP.


 

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Te Deum, hino para dois córos e órgão

O Te Deum é um antigo hino de louvor à Santíssima Trindade. Atribuído tradicionalmente a Santo Ambrósio de Milão (século IV d.C.), ainda hoje é cantado pela Igreja na liturgia das horas durante o ofício de leitura, assim como noutras ocasiões festivas e de acção de graças.

A obra aqui apresentada pretende oferecer a música sacra como linguagem capaz de chegar a todos os homens de boa vontade. O texto latino evoca a universalidade da tradição católica, aberta a incorporar dentro de si todas as culturas, de todas as épocas e lugares. A composição procura orientar-se pelo magistério da Igreja, que oferece como género supremo da música sagrada o canto gregoriano ( leia-se por exemplo o discurso do Santo Padre o Papa Francisco às Scholae Cantorum da Associação Italiana Santa Cecília na Sala Paulo VI a 28 de Setembro de 2019: «Insieme potete meglio impegnarvi nel canto come parte integrante della Liturgia, ispirandovi al modello primo, il canto gregoriano.»); por isso, recuperou-se uma melodia de um antigo livro português (Processionário Beneditino de Coimbra de 1727), a qual se apresenta em tamanho ampliado. O côro, dividido em duas secções, canta o gregoriano alternado com a polifonia inspirada em cânticos do Padre Miguel Carneiro. Pretende-se assim permitir a participação activa de todos, com secções de diferentes graus de dificuldade em que cada um contribuirá segundo os talentos que recebeu. O órgão de tubos, ao transcender as naturais limitações da voz humana, remete para a imensidade e a magnificência de Deus.

*

Obra candidata ao Prémio de Composição Padre Miguel Carneiro organizado pela Paróquia de São Tomás de Aquino em Lisboa e a Editora Paulus de Portugal.

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O autor divulga a totalidade do material musical permitindo as suas livres reprodução e execução, a partir de 24 de Maio de 2020, Solenidade da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, para a Sua maior glória.



domingo, 22 de setembro de 2019

Aclamações ao Evangelho

no tom preferido pelo Reverendíssimo Padre Doutor Armindo Borges
(Ordo Cantus Missæ editio typica altera de 1988, n.º 504, páginas 182 e 183)
compostas em fabordão de 3ªs e 5ªs paralelas inferiores por Francisco Vilaça Lopes a pedido de Marcello Belo de Oliveira no dia 22 de Setembro de 2019. Qualquer voz pode ser dobrada por cantores ou instrumentos musicais em uníssono ou oitavas paralelas.

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Ouvir MP3.


quinta-feira, 4 de julho de 2019

Aclamações às Leituras

Compostas a três vozes segundo o tom do Ordo Cantus Missæ (editio typica altera de 1988, n.ºs 500 e 501, páginas 178 e 179) por Francisco Vilaça Lopes a pedido de Marcello Belo de Oliveira a 29 de Junho de 2019 na solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.

As vozes do canto gregoriano e do contraponto podem ser dobradas por cantores ou instrumentos musicais em uníssono ou oitavas paralelas.


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São Pedro e São Paulo Apóstolos, rogai por nós.

sábado, 20 de agosto de 2016

A Técnica do Fabordão

Num postal anterior citei os documentos do Magistério e afirmei que o passo seguinte a ser dado por um côro litúrgico que domine a execução do reportório gregoriano seria o avanço para a polifonia. Naquele postal, interpretei precipitadamente os documentos do Magistério, na medida em que o termo "polifonia" (que significa "várias vozes") se refere a muito mais do que apenas aquelas peças em que todas as vozes aparecem claramente escritas. A isso na época chamavam "Canto d'órgão", tratando-se de um género musical muitos graus de dificuldade acima do canto-chão interpretado monodicamente.

Entre o nível do canto monódico e o canto d'órgão, existe um nível intermédio no qual encaixaríamos dois estilos: o Fabordão, e o Contraponto. O contraponto possui regras próprias que merecem estudo e atenção, pelo que o deixaremos por agora de lado.

Já o fabordão era descrito à época como "cantar a vozes para gente que não sabe música". O nome vem de "falso bordão", isto é um falso íson, na medida em que o íson é uma das possibilidades do contraponto com suas regras, que não são arbitrárias.

Não vale a pena portanto estarmos aqui com grandes teorias musicais nem partituras para cantar um fabordão. Basta que uma parte do côro cante a voz principal, e que cada um dos restantes, enquanto escuta atentamente os restantes cantores, cante o mesmo texto simultaneamente, a uma altura diferente, que soe bem ao ouvido (consonância).

Quando haja o perigo de se cair no caos (p.ex. se muitos cantores destinados ao fabordão, ou textos muito longos, etc.), pode combinar-se antes da celebração quem canta o quê e como. Há também vários exemplos históricos de fabordões fixados por escrito.

O estilo do fabordão é especialmente útil para aquelas respostas simples, sobre as quais escrevi no postal já citado, assim como para todas as outras entoações que se baseiem no recto tono.



sábado, 18 de junho de 2016

Concerto: Silêncio, sete epigramas para coro a capella (2012)

Serão hoje e amanhã os concertos em que será interpretada uma obra do nosso Amigo e Maestro Luís Lopes Cardoso: A não perder!
Eventos no Facebook: Évora e Lisboa.







Luís Lopes Cardoso  
Compositor,

domingo, 20 de dezembro de 2015

As Respostas Polifónicas do Primeiro Grau - Introdução à Polifonia da Renascença

Hoje introduzir-nos-emos à Polifonia do Renascimento, género musical que éconsiderado pelo Magistério como sendo o mais sacro para a Liturgia Latina, depois - claro está - do Canto Gregoriano. Mas por onde começaremos? Por onde nos indica, precisamente, o Magistério, que é a via mais simples e segura.

Diz-nos a instrução Musicam Sacram de 5 de Março de 1967, publicada pela Sagrada Congregação dos Ritos e aprovada pelo Papa Paulo VI durante o Concílio Vaticano II, que na Missa há três graus de participação activa relativamente ao uso da música. O primeiro grau inclui as secções mais importantes da Missa e que deverão ser cantadas com prioridade. No canto do segundo grau apenas devem ser investidos esforços se o primeiro grau estiver satisfeito, e o mesmo sucede para o terceiro grau em relação ao segundo (excepto excepções excepcionais).

Já várias vezes disse isto em relação ao Canto Gregoriano: os tons e as respostas do primeiro grau são muito simples, curtas, sempre iguais e repetem-se ao longo duma mesma cerimónia; já os cânticos do segundo grau (ordinarium missae) exigem relativamente maior dificuldade por serem mais longos e ornados, mas o texto, permanecendo igual ao longo do ano litúrgico, é passível de manter-se com uma mesma melodia enquanto durar um tempo litúrgico, e variar como variam as côres dos paramentos; finalmente, o terceiro grau (proprium missae) varia todos os dias e é extremado na ornamentação.

O mesmo podemos dizer da Polifonia do Renascimento. Para os poucos córos litúrgicos que podem aventurar-se no reportório polifónico, não faz sentido querer preparar um motete para o Domingo de Ramos, que só será cantado uma vez no ano, quando nunca se cantou um Kyrie ou um Agnus Dei; e não faz sentido querer preparar um Credo quando não se canta um simples Amen.

Quais são então as orações do primeiro grau? Enumera-as o referido documento conciliar:
«29. Pertencem ao primeiro grau:
a) nos ritos de entrada:
- a saudação do sacerdote com a resposta do povo;
- a oração;
b) na liturgia da Palavra:
- as aclamações ao Evangelho;
c) na liturgia eucarística:
- a oração sobre as oblatas,
- o prefácio com o respectivo diálogo e o "Sanctus",
- a doxologia final do cânone,
- a oração do Senhor - Pai nosso - com a sua admonição e embolismo,
- o "Pax Domini",
- a oração depois da comunhão,
- as fórmulas de despedida.»

Retirando daqui o que só pode ser cantado pelo Celebrante (e obviamente não pode ser cantado polifonicamente), assim como o Sanctus (cujo nível de dificuldade na práctica pertence ao segundo grau), ficamos com as respostas polifónicas do primeiro grau:
  • Amen, que se canta no fim das orações colecta, sobre as oblatas, depois da comunhão, etc.
  • Et cum spiritu tuo ( = E com o teu espírito. ), que se canta para abençoar o celebrante em vários momentos importantes da Missa tais como antes do Evangelho, antes da consagração, etc.
  • Gloria tibi Domine ( = Glória a Ti, Senhor ) que é a resposta dada imediatamente antes da proclamação do Evangelho
  • Et cum spiritu tuo ... Habemus ad Dominum ( = Temos [os corações] no Senhor. ) e Dignum et justum est ( = É digno e justo [dar graças a Deus] ), do diálogo antes do prefácio da oração eucarística.
  • Sed libera nos a malo ( = Mas livra-nos do mal ), a última e única frase do Pai-Nosso que tradicionalmente é respondida pelo pôvo.
Muito bem. E onde se encontra este reportório? Quais as versões polifónicas da Renascença para estes textos?

[Actualização: a técnica do Fabordão]

Eu, sendo português, sou da opinião que devemos preferir sempre que possível as composições feitas em Portugal e/ou por autores Portugueses no Estrangeiro, pois essas são as que mais nos informam sobre a nossa própria tradição religiosa e litúrgica: quais os tempos e as festas com mais devoção, quais os textos escolhidos localmente para cada oração, qual o tratamento musical dado a cada texto, qual o número de vozes mais frequentemente escolhido, etc.. Desde a Reconquista aos muçulmanos que o reportório sacro português sempre sofreu influências doutros países, mas soube também criar uma identidade própria, e o vasto reportório polifónico de altíssima qualidade que chegou até nós é disso mesmo prova.

Para os nossos leitores do Brasil, creio que o mesmo raciocínio é de aplicar, uma vez que nesta época se estava dando a primeira missionação do território, o que no plano musical consistiu inicialmente na importação do reportório musical sacro praticado na Europa, sobretudo em Portugal. Existem, aliás, alguns códices antigos no Brasil que testemunham este facto, e muitos outros por estudar, que certamente mostrarão composições dêste período criadas originalmente no Brasil, mas para já não conheço nenhuma. Mas saíndo do Renascimento, e entrando no século XVII e seguintes, aparecem muitas composições originais de Brasileiros, ora com forte influência das obras renascentistas anteriores, ora da música que entretanto evoluíra na Europa, ora apresentando aspectos verdadeiramente originais. Para mais informações, não perder a História da Música Brasileira do Maestro Ricardo Canji.

Quanto às edições a usar, sou da opinião que devemos evitar as transcrições para a notação musical moderna. Embora muito difundida, esta notação não é a mais adequada para a música do Renascimento, principalmente porque a escrita dos compassos pode induzir em erro o cantor, habituado a acentuar as primeiras notas de cada compasso. Para além disso, as notas são relativamente pequenas, o que obriga a que todos carreguem papel durante o canto, e a colocação do texto é sempre uma opção do editor, por vezes questionável. Também resulta numa escrita menos económica uma vez que os silêncios das vozes obrigam a grandes vazios nas pautas quando estas são organizadas em sistemas. Não obstante, estas transcrições não deixam de ser muito úteis, por exemplo, para tanger o órgão.

Pelo contrário, para o canto, muito mais apropriada é a notação musical usada na Alta Idade Média e no Renascimento, a chamada notação mensural branca: mensural porque, contrariamente ao canto gregoriano, em que cada nota poderia ter um valor próprio em função do texto, na notação polifónica cada nota tem um valor "medido", ou seja convencionado numa relação aritmética simples com a unidade de tempo definida pela regência do maestro e aplicável a todas as diferentes vozes do agrupamento; e branca, porque, contrariamente aos neumas do canto gregoriano, que são todos preenchidos com tinta, os neumas da escrita polifónica não são preenchidos (na maioria dos casos), sendo só desenhado o seu contorno, com o objectivo de não causar borrões nem de a tinta passar para o verso do fólio (o outro lado da página).

Esta notação é superior para a escrita e interpretação da polifonia do Renascimento, por várias razões. Desde logo porque é a original, aquela na qual o compositor pensou a obra. Também, à semelhança dos códices gregorianos, apresenta as letras maiúsculas iniciais ricamente ornadas com motivos piedosos e musicais, que alegram o cantor, bem como o custos (guardião) no final de cada pauta, que o recorda de qual a nota a cantar de seguida. Depois, não mostra as vozes em sistema, mas cada uma no canto do campo visual quando se tem o livro aberto:
  • superius / cantus no canto superior esquerdo, isto é na metade superior da página esquerda
  • [contratenor] altus no canto sup. dt.º, i.e. na met. sup. da pág. dt.ª
  • tenor no canto inf. esq.º, i.e. na met. inf. da pág. esq.ª
  • e [contratenor] bassus no canto inf. dt.º, i.e. na met. inf da pág. esqª
Assim separadas as vozes, são óbvias várias vantagens:
  • A notação polifónica aproxima-se do canto gregoriano, o que faz o cantor descobrir na sua própria melodia o ritmo que dela emana, e não o do compasso.
  • Os silêncios ocupam pouco espaço, e as notas estão todas encostadinhas, economizando papel.
  • As notas são maiores, o que facilita a leitura à distância e dá ao cantor um incentivo difícil de explicar por palavras (maior audácia?).
  • Permite que todos cantem pela mesma partitura na estante / facistol, não havendo ruídos do manuseamento do papel durante a liturgia, nem preocupação se estamos na página certa ou não, nem de distribuir folhas nos ensaios e liturgias.
  • A partitura única, por sua vez, obriga os cantores a estarem próximos, com boa postura, a ouvirem-se e a apoiarem-se mutuamente nas intensidades do som, "como as pedras duma catedral" (fundamental).
Onde obter, então, estas partituras? Hoje apontarei um recurso valiosíssimo: a Base de Dados da Música Antiga Portuguesa, mais conhecida por Portuguese Early Music Database (pemdatabase.eu), da responsabilidade do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É de registo gratuito e permite consultar várias centenas de páginas de manuscritos antigos de música sacra, Canto Gregoriano e Polifonia do Renascimento, em fac-simile. Permite pesquisas dirigidas por códice, localização geográfica, século, tipologia litúrgica, compositor, etc.. Só não permite a descarga directa das imagens nem a sua reprodução pública sem autorização prévia.

Para o nosso caso, interessam-nos as respostas (responses) que se encontram num manuscrito do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra de meados do século XVI. Nos seus fólios 018v-019r podemos comtemplar umas belíssimas respostas polifónicas do 1º grau em latim. (Na base-de-dados existem outras 2 versões musicais para os mesmos textos: uma que tem a mesma melodia mas a partitura encontra-se inacabada, e uma outra também inacabada e com melodia diversa)

Como interpretar, então, esta notação? Num postal futuro abordaremos os aspectos mais específicos desta notação musical, mas para já ficam dois princípios familiares à notação quadrada do canto gregoriano:

Clave de C: a linha que passa entre os dois quadrados assinala a corda C.
Clave de F: a linha que atravessa o quadrado do lado esquerdo e passa pelo meio dos losangos do lado direito assinala a corda F.

Continua...

sábado, 2 de maio de 2015

Cursos em 2015 para Aprendizes do Canto Gregoriano e Polifonia da Renascença

Em Portugal:

64ª Semana de Estudos Gregorianaos
Viseu, 23 a 30 de Agosto de 2015
Mais informações no sítio do Centro Ward de Lisboa.

Também em Portugal, um Curso intensivo em Polifonia Portuguesa Sacra do Renascimento, promovido pelo Ensemble Ars Lusitana e o maestro Isaac Alonso Medina.

Em Lisboa, 29 de Julho - 2 de Agosto,
terminando com um concerto no mosteiro dos Jerónimos.
Mais informações no Facebook.

Workshop de Polifonia Renascentista Portuguesa
05.08.2015 e 06.08.2015: 10:00-13:00 sessão teórica
e 14:30-16:00 sessão práctica c/ Ensemble Ars Lusitana
Inscrições : até dia 31 de Julho * valor de inscrição: 30 euros
para dartistica@amlagos.pt

Terminará com concertos da Missa de Pedro Escobar apra 4 vozes
07.08.2015 | 17h00 Ermida de N. Sr.ª da Guadalupe, Vila do Bispo
08.08.2015 | 21h30 Igreja de Santa Maria, Lagos



Exemplo do que se lecciona nestas sessões:




II Workshop de Polifonia
29 Outubro - 1 Novembro
Paróquia de Carnide, em Lisboa
Missa pro defunctis de Pedro de Escobar
Solmização, Notação mensural branca, Contraponto
Mais informações





No Brasil:

Belém do Pará, 14 a 16 de Agosto de 2015




Em França:

Curso intrernacional de Canto gregorinao, Tours, por Dom Daniel Saulnier.



Na Sardenha:

Abadia de São Pedro de Sorres / Borutta (Sassari)
 Curso de Canto Gregoriano (17-22 agosto 2015)

Il corso si rivolge a persone interessate ad approfondire il canto liturgico tradizionale della Chiesa latina di rito romano (canto gregoriano). 
Possono partecipare al corso persone che non hanno nessuna formazione musicale o che hanno già un’esperienza di canto gregoriano.
Sono previste lezioni comuni di carattere storico, spirituale ed estetico.
Incontri mirati di
  • alfabetizzazione gregoriana (principianti),
  • interpretazione solistica (cantori con esperienza),
  • introduzione allo studio delle fonti manoscritte con trascrizioni di testimoni beneventani e nonantolani (persone interessate agli aspetti paleografici e semiologici)
I corsisti s’impegnano a partecipare attivamente alla liturgia monastica, con particolari interventi cantoriali durante la celebrazione eucaristica (12,00), vespri (vésperas 19,00) e compieta (completas 21,30).
Docenti: Prof. Dr. Giacomo Baroffio, M° Dr. Eun Ju Kim
Incontri didattici: 8,30-11,30   15,30-18,30
Info e prenotazioni
Tel.: 079824001


Em Itália:

Corso estivo di canto gregoriano, com Fúlvio Rampi.
10-12 julho 2015





6-11 de julho de 2015




Nos Estados Unidos da América:

Colóquio de Música Sacra.



sábado, 24 de janeiro de 2015

A música ouvida por Fernão Mendes Pinto

O aventureiro Português, a páginas tantas da sua Peregrinação pelo Extremo Oriente, descreve a Missa cantada que o herói António de Faria ouviu aquando do seu triunfal recebimento, a um Domingo de 1542, na povoação portuguesa de Liampó, na China.

Note-se que na época a Liturgia era celebrada em Latim, excepção feita aos sermões, e aos vilancetes, que eram pequenos poemas em língua vernácula; as orações cantavam-se em canto chão, isto é a uma só voz (canto gregoriano tardio), alternado com o canto d'órgão, ou seja a múltiplas vozes com ou sem o acompanhamento de instrumentos musicais de sopro ou corda (polifonia do Renascimento).

Quem na Liturgia de hoje cantar o gregoriano ou a polifonia saberá por experiência que o que vem adiante narrado não é mentirosa ficção nem desvirtuada paixão.
Capítulo 69
De que maneira António de Faria foi levado à Igreja, e do que passou nela até a Missa ser acabada.
Abalando-se daqui António de Faria, o quiseram levar debaixo de um rico pálio, que seis homens dos mais principais lhe tinham prestes, porém ele o não quis aceitar, dizendo que não nacera para tamanha honra como aquela que lhe queriam fazer, e seguiu seu caminho sem mais fausto que o primeiro, que era acompanhá-lo muita gente assi Portuguesa, como da terra, e doutras muitas nações que ali por trato de mercancia era junta, por ser este o milhor e o mais rico porto que então se sabia em todas aquelas partes, e levava diante de si muitas danças, pélas, folias, jogos, e antremeses de muitas maneiras que a gente da terra que connosco tratava, uns por rogos, e outros forçados das penas que lhes punham, também faziam como os Portugueses, e tudo isto acompanhado de muitas trombetas, charamelas, frautas, orlos, doçainas, harpas, violas d'arco, e juntamente pífaros, e tambores, com um labarinto de vozes à Charachina de tamanho estrondo que parecia cousa sonhada. Chegando à porta da igreja, o saíram a receber oito padres revestidos em capas de brocado e telas ricas, com procissão cantando Te Deum laudamus, a que outra soma de cantores com muito boas falas respondia em canto d'órgão tão concertado quanto se pudera ver na capela de qualquer grande Príncipe. Com este aparato foi muito devagar até a capela mor da igreja, onde estava armado um dorsel de damasco branco, e junto dele ũa cadeira de veludo cramesim com ũa almofada aos peis do mesmo veludo. E assentando-se nesta cadeira ouviu Missa cantada oficiada com grande concerto, assi de falas, como de instrumentos músicos, na qual prégou um Estêvão Nogueira que aí era Vigairo, homem já de dias e muito honrado, mas como ele pelo descostume andava mal corrente na prática do púlpito, e de si era fraco oficial, e pouco ou nada letrado, e sôbre isto vão e presuntuoso de quasi fidalgo, querendo então, por ser dia sinalado, mostrar quanto sabia, e quão reitórico era, fundou todo o sermão em louvores somente de António de Faria, com ũas palavras tão desatadas, e por uns termos tanto sem concerto, que enxergando os ouvintes em António de Faria, que estava corrido e quasi afrontado, lhe puxaram alguns seus amigos pelo sobrepeliz três ou quatro vezes para que se calasse, e caindo ele no que era, como homem acordado na briga, disse alto que todos o ouviram, fingindo que respondia aos amigos: «Eu falo verdade no que digo, pelos Santos Evangelhos, e por isso deixai-me, que faço votos a Deus de dar com a cabeça pelas paredes por quem me salvou sete mil de cruz que mandava de emprego no junco, os quais o pêrro do Coja Acém me tinha já levado pelo pau do canto como jogador de bola, que mau inferno lhe dê Deus na alma lá onde jaz, e dizei todos Amén.» E com esta desfeita foi tamanha a risada na gente que não havia quem se ouvisse na igreja. Despois que o tumulto foi calado, e a gente quieta, vieram seis mininos da sancrestia, em trajos de Anjos com seus instrumentos de música todos dourados, e pondo-se o mesmo padre em joelhos diante do altar de Nossa Senhora da Conceição, olhando para a imagem com as mãos alevantadas, e os olhos cheios de água, disse chorando em voz entoada e sintida, como que falava com a imagem: «Vós sois a rosa, Senhora», a que os seis mininos respondiam: «Senhora, vós sois a rosa», descantando tão suavemente cos instrumentos que tangiam, que a gente estava toda pasmada e fora de si, sem haver quem pudesse ter as lágrimas, nascidas da muita devação que isto causou em todos. Após isto, tocando o Vigairo ũa viola grande ao modo antigo, que tinha nas mãos, disse com a mesma voz entoada algũas voltas a este vilancete, muito devotas e conformes ao tempo, e no cabo de cada ũa delas respondiam os mininos «Senhora, vós sois a rosa», o que a todos geralmente pareceu muito bem, assi pelo concerto grande da música com que foi feito, como pela muita devação que causou em toda a gente, com que em toda a igreja se derramaram muitas lágrimas.


sábado, 20 de dezembro de 2014

Memória de São Bonifácio, 5 de Junho

Nasceu na Inglaterra, cerca do ano 673. Fez a profissão religiosa, adoptando o nome de Vinfredo, e viveu como monge no mosteiro de Exeter. Vindo da Inglaterra para Roma, foi recebido pelo papa Gregório II, que o ordenou bispo; tomando o nome de Bonifácio, foi enviado no ano 719 à Alemanha para anunciar o nome de Cristo àqueles povos, e obteve excelentes resultados. Governou a Igreja de Mogúncia e, com a ajuda de vários colaboradores, fundou ou restaurou diversas Igrejas na Baviera, na Turíngia e na Francónia; também convocou concílios e promulgou leis. Quando evangelizava em Dokkum, na Frísia, actualmente na Holanda, foi massacrado à espada por gentios furiosos, e consumou o martírio. O seu corpo foi sepultado no mosteiro de Fulda.

A este Santo foi dedicada a mais antiga música polifónica cuja partitura chegou aos nossos dias; êste cântico data do início do século X (900 d.C.) e foi descoberto recentemente pelo estudioso João Varélio: é a antífona Sancte Bonifati martyr.

São Bonifácio, mártir ínclito de Cristo,
pedimos-te que nas tuas preces te dignes sempre
confiar-nos as graças de Deus.

Transcrição moderna:



A antífona cantada por Lívio Tíclio e Marcelo Macétio, do coral da Palma em Cremona:




Outra intepretação, de Quintino Cerveja e João Clafão, do colégio de São João de Cambridge:




Permiti, Senhor, que, por intercessão de São Bonifácio, possamos manter sem desfalecimento e proclamar na nossa vida a fé que ele ensinou com a palavra e confirmou com o sangue do martírio. Por Nosso Senhor.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Música própria de 4ª Feira de Cinzas / Feria Quarta Cinerum

Partituras:
  • Próprio autêntico (PDF)

Intróito Miseréris ómnium, comentado por Tiago Barófio:

Nel cantare la liberazione dalla schiavitù, Israel prende atto della clemenza di D-i-o nei confronti pure dell’Egitto. Con un mosaico di espressioni (Sap 11, 23a, 24b, 26), la Chiesa cerca di ricostruire il quadro della situazione. Oggi come ieri la creatura è chiamata a prendere coscienza di chi essa stessa in fondo è. Il discorso accumula una serie di realtà che si slanciano su un lungo arco dove possono essere messi in fila: all’inizio il Creatore, poi la sua opera che culmina nelle creature umane, quindi il cedimento di queste nel peccato, la successiva conversione nella penitenza, infine il perdono che ci fa ritrovare di nuovo il Signore, nostro D-i-o.
La storia della conversione inizia con l’avvertire nella sua concretezza l’amore di D-i-o. L’introito comincia con Misereris: TU hai pietà, TU sei misericordioso, TU ami. Il canto sottolinea questa parola evidenziando le due sillabe centrali con il torculus initio debilis che prepara la giusta accentuazione della sillaba tonica sul la culminante. Il salicus successivo sottolinea nuovamente l’ampiezza sconfinata dell’amore divino che a tutti si rivolge, perché nulla (scandicus quilismatico e ulteriore evidenza della dominante la) D-i-o disprezza di quanto ha creato. 
L’azione del perdono esplicita l’amore del Padre, è totalmente gratuito. Non è neppure imposto, ma esige un passo decisivo dell’uomo: il riconoscimento della propria miseria e l’accoglienza della misericordia divina attraverso la conversione nella penitenza. Fatto, questo, non secondario, come sottolinea l’ampiezza melodica che scandisce l’espressione propter paenitentiam.
Al Misereris iniziale fa da controcanto il duplice Miserere mei (Sal 56) della salmodia. L’invocazione nasce dal rinnovato dono di sé a D-i-o, nel quale si pone ogni fiducia, al quale ci si abbandona come il bimbo si adagia sereno e s’addormenta in braccio alla mamma.
Dopo aver ribadito più volte, nelle scorse domeniche, la necessità di togliere i veli che nascondono il volto di D-i-o, all’inizio della quaresima la Chiesa fa un passo ulteriore. Di fronte a D-i-o dobbiamo porci con la verità del nostro essere. Il cantore non può limitarsi a gorgheggi. È chiamato a ricuperare la pienezza del suono che nasce dal cuore. Deve inoltrarsi in un itinerario che s’affianca a quello in salita verso il Monte Tabor. È un cammino “in discesa” che porta nel profondo della persona sollecitata, prima di tutto, a togliersi di dosso ogni maschera, ogni forma d’ipocrisia. Poi ci s’inoltra nella camera segreta interiore, in quello spazio dove possono accedere solo D-i-o e l’I-o. Cammino in discesa che passa attraverso tre paesaggi in cui è messa alla prova la capacità di cantare la grazia di D-i-o, il dono della vita che si condivide con i fratelli e le sorelle. Nell’attraversare i paesaggi dell’elemosina tanto premurosa quanto discreta, della preghiera umile e sincera, dell’ascesi liberatoria e rasserenante (cfr. il Vangelo odierno, Mt 6), il cantore avverte la fatica della conversione. Deve far fronte a fallimenti ed errori, deve ricuperare ogni giorno nuove forze e solidità interiori che spesso provocano nuove tensioni, irrisioni, inimicizie, violenze ... 
Ma nel canto si realizza la Parola del salmista (sal 108, 4). Riceve insidie e disprezzo in cambio del suo amore. Fa di sé stesso una nuova esperienza. Non pronuncia e non canta più sole parole. Egli è preghiera.
13-2-2013


Antes do Evangelho canta-se o tracto Dómine non secúndum, cujo 2º versículo é o Adjuva nos Deus, o qual mereceu uma composição de Mateus d'Aranda, aqui na interpretação da Capella Eborensis:



E do Ensemble da Sé de Angra do Heroísmo.


Sermão de Santo António de Lisboa em Quarta-Feira de Cinzas:
1. Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: “Quando jejuardes, não fiqueis tristes como os hipócritas que desfiguram o rosto para se fazer ver pelos homens que estão jejuando. Em verdade, eu vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Tu, ao contrário, quando jejuares, urge a cabeça, lava o rosto para que os homens não vejam que estás jejuando, mas o teu Pai que está no secreto” (Mt 6,16-18).Neste trecho evangélico vamos tratar de dois assuntos: o jejum e a esmola.

I. O jejum
2. “Quando jejuais”. Nesta primeira parte devem-se considerar quatro coisas: • o fingimento dos hipócritas; • a unção da cabeça; • o lavar o rosto; • a ocultação do bem. “Quando jejuais”. Lê-se na História Natural que com a saliva do homem em jejum resiste-se aos animais portadores de veneno; aliás, se uma cobra o ingere, morre (Plínio). Portanto, no homem em jejum existe verdadeiramente um grande remédio. Adão no paraíso terrestre, até que não comeu (jejum) do fruto proibido, permaneceu na inocência. Eis aí o remédio que mata a diabólica serpente e restitui o paraíso, perdido por culpa da gula. Por isso conta-se que Ester castigou seu corpo com jejuns para fazer cair o orgulhoso Aman e reconquistar aos judeus a benevolência do rei Assuero. Jejuai, portanto, se quiserdes conseguir estas duas coisas: a vitória sobre o diabo e a restituição da graça perdida. Mas “quando jejuais, não fiqueis tristes como os hipócritas”, isto é, não queirais ostentar o vosso jejum com a tristeza do rosto. Hipócrita diz-se também “dourado”, isto é, que tem a aparência do ouro mas, internamente, na consciência é barro. Este é o ídolo dos babilônios (Baal), de quem diz Daniel: “Não te enganes, ó rei, este ídolo, de fora é de bronze; dentro, porém, é só barro” (14,6). O bronze ressoa e pelo aspecto pode quase parecer ouro. Assim também o hipócrita ama o som do louvor e ostenta um pouquinho de santidade. O hipócrita é humilde no rosto, simples no vestir, submisso na voz, mas lobo em sua mente. Esta tristeza não é segundo Deus. É uma maneira estranha de buscar para si mesmo o louvor, essa de ostentar os sinais da tristeza. Os homens estão acostumados a alegrar-se quando ganham dinheiro. Mas trata-se de negócios diferentes: nestes últimos existe a vaidade, nos outros a falsidade. “Desfiguram-se (em latim exterminant) o rosto”, isto é, desfiguram-no para além dos limites da condição humana. Como se pode orgulhar da beleza das vestes, pode-se também fazê-lo da sua feiúra e falta de cor. Não se deve abandonar nem a uma sem cor exagerada e nem a uma excessiva vaidade: é bom estar na justa medida! “A fim de serem vistos pelos homens...” Qualquer coisa que fazem é apenas, aparência, pintado de um falso colorido. Fazem-no para aparecerem diferentes dos outros e serem chamados “super-homens”, até mesmo por causa da aviltação. “...jejuam”. O hipócrita jejua para receber louvor disso, o avarento para encher o bolso, o justo para agradar a Deus. “Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa”. Eis a recompensa do prostíbulo, de que diz Moisés: “Não prostituas tua filha” (Lv 19,29). Filha representa as obras deles: colocam-nas no prostíbulo do mundo para receberem a recompensa do louvor. Seria loucura de quem vendesse como uma moeda de chumbo uma preciosa moeda de ouro. Na realidade vende por um preço muito barato algo de grande valor, aquele que faz o bem só para ser louvado pelos homens.

3. “Tu, ao contrário, quando jejuas, unge a cabeça, lava o rosto”. Isto concorda com o que diz Zacarias. “Isto diz o Senhor dos exércitos: O jejum do quarto mês, do quinto, do sétimo e do décimo mês serão para a casa de Judá dias de alegria e felicidade, dias de grande festa” (Zc 8,11). A “casa de Judá” significa “que manifesta” ou “que louva” e representa os penitentes que manifestando e confessando seus pecados prestam louvor a Deus. Destes é e deve ser o jejum do quarto mês, porque jejuam (abstêm-se, de quatro coisas: soberba do diabo, impureza da alma, glória do mundo e injúria ao próximo. “Este é o jejum que eu amo”, diz o Senhor (Is 58,6). O jejum do quinto mês consiste em afastar os cinco sentidos dos pensamentos e prazeres ilícitos. O jejum do sétimo mês é a representação da cobiça terrena; com efeito como se lê que o sétimo dia não tem fim, assim também nem a cobiça do dinheiro chega ao fundo o suficiente. O jejum do décimo mês consiste em deixar de perseguir um fim mau. O final de cada número é o dez: quem quiser contar além tem que começar de novo do um. O Senhor se lamenta pela boca do profeta Malaquias: “Vós me roubais e ainda me dizeis: Em que coisa nós te roubamos? No dízimo e nas primícias (3,8), isto é, na finalidade má e no início de uma intenção perversa. Preste-se atenção, que o profeta coloca o dízimo antes das primícias, porque é sobretudo pela finalidade perversa que é condenada toda a obra precedente. Este jejum transforma-se para os penitentes em alegria da mente felicidade de amor divino e em esplêndida solenidade de celeste convivência. Isto quer dizer ungir a cabeça e lavar o rosto. Unge a cabeça aquele que em seu interior está cheio de alegria espiritual. Lava o rosto aquele que orna as suas obras com a honestidade da vida.

4. O outro sentido. “Tu, ao contrário, quando jejuas...”. São muitos os que nesta Quaresma, jejuam e no entanto continuam em seus pecados. Estes não ungem a cabeça. Há um triplo unguento: o lenitivo (sedativo), o corrosivo e o “pungitivo”. O primeiro é produzido pelo pensamento da morte, o segundo pelo pensamento da presença do futuro Juiz e o terceiro pelo pensamento da geena. Há a cabeça coberta de furúnculo, verrugas e bentiligo. O furúnculo é uma pequena protuberância superficial cheia de podridão (pus); verruga é uma excrescência de carne supérflua, pelo que verruguento pode significar também “supérfluo”; o bentiligo é uma casca seca que deturpa a beleza. Nestas três doenças estão indicadas a soberba, a avareza e a luxúria obstinada. Tu, ó soberbo, recoloca diante dos olhos da tua mente a corrupção do teu corpo, a podridão e o fedor que terá. Onde estará, então, aquela tua soberba do coração, aquela tua ostentação de riquezas? Aí, então, não existirão mais as palavras cheias de vento, porque a bexiga murcha ao mínimo toque do alfinete. Estas verdades, meditadas no íntimo de cada um, ungem a cabeça feridenta, isto é, humilham a mente orgulhosa. Tu, ó avarento, lembra-te do último exame, onde haverá o Juiz justo, estará a carnífice pronto a atormentar, os demônios que acusam, a consciência que remorde. “Então a tua prata será jogada fora, o ouro se tornará sujeira, o teu ouro e a tua porta não poderão livrar-te do dia da ira do Senhor (Ez 7,19). Estas verdades, meditadas com atenção, destróem e tiram as verrugas do supérfluo e os dividem entre aqueles que nem o necessário têm. Por isso, quando jejuas, unge tua cabeça com este unguento, para que o que tiras de ti mesmo seja dado ao pobre. E tu, ó luxurioso, começa a pensar na geena do fogo inextinguível, onde haverá morte sem morrer, fim sem terminar, onde se procura mas não se encontra a morte, onde os condenados engolirão a língua e amaldiçoarão o Criador. Lenha daquele fogo serão as almas dos pecadores e o sopro da ira de Deus as incendiará. Diz Isaías: “Desde ontem”, isto é, desde toda a eternidade, “está preparado o Tofet”, a geena do fogo, “profundo e vasto. Fogo e muita lenha são seu alimento; o sopro do Senhor o acenderá como torrente de enxofre” (Is 30,33). Eis o unguento que punge, que penetra, capaz de sarar a mais obstinada luxúria. Como prego tira prego, assim estas verdades, meditadas assiduamente, são em grau de reprimir o estímulo da luxúria. Tu, portanto, quando jejuas, unge a cabeça com este unguento.

5. “Lava o rosto”. As mulheres, quando querem sair em público, ficam na frente do espelho e se descobrirem alguma mancha no rosto, logo se limpam com água. Assim também tu, olha no espelho da tua consciência. E se encontrares alguma mancha de pecado, vai imediatamente à fonte da confissão e, quando na confissão se lava com lágrimas o rosto do corpo, também o rosto rosto da alma fica limpo e iluminado. Uma observação: as lágrimas são luminosas na escuridão, são quentes contra o frio, são salgadas contra o fedor do pecado. “Para que os homens não vejam que estás jejuando”. Faz jejum para os homens quem busca os aplausos deles. Faz jejum para Deus quem sofre por seu amor e partilha com os outros aquilo que tira de si mesmo. “Mas só o teu Pai que está no secreto”. Acrescente-se: o Pai está no secreto por causa da fé e recompensa aquilo que é feito em secreto. Portanto, deve-se jejuar somente lá onde ele vê. E é preciso que quem jejua, jejue de tal modo que agrade àquele que carrega no coração. Amém.

II. A esmola
6. “Não acumuleis para vós tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões assaltam e roubam” (Mt 6,19). A ferrugem corrói os metais, a traça corrói as roupas; o que se salva destes dois flagelos, os ladrões roubam. Com estas três expressões é condenada toda forma de avareza. Vejamos o significado moral das cinco palavras: terra, tesouros, ferrugem, traça e ladrões. A terra, assim chamada porque se seca (em latim “torret”) pela seca natural, representa a carne que é de tal modo sedenta que nunca diz: chega! Tesouros são os preciosos sentidos do corpo. A ferrugem, doença do ferro, assim chamada do verbo latim “eródere”, indica a impureza que, enquanto parece agradar, acaba com a beleza da alma e a corrói. A traça, assim chamada porque “segura”, indica o orgulho ou então a ira. Os ladrões (em latim “fures”, de furrus = obscuro), que trabalham na escuridão da noite, representam os demônios. Portanto, se carregamos alguma coisa na carne, escondemos os tesouros na terra, quer dizer: enquanto usamos os preciosos sentidos do corpo nos desejos terrenos ou da carne, a ferrugem; isto é, a impureza, os corrói. Além disso, o orgulho, a ira e demais vícios destróem a roupa dos bons costumes e, se sobrar ainda alguma coisa, os demônios a roubam, pois estão sempre interessados justamente nisso: roubar os bens espirituais. “Acumulai-vos de tesouros no céu”. Imenso tesouro é a esmola! Diz S. Lourenço: “As mãos dos pobres é que colocaram nos tesouros celestes as riquezas da Igreja!” Acumula tesouros no céu quem dá a Cristo e dá a Cristo quem dá ao pobre: Aquilo que fizestes a um destes mais pequeninos, o fizestes a mim! (Mt 25,40). “Esmola” é uma palavra grega que em latim se diz “misericórdia”. Por sua vez misericórdia significa “que irriga o mísero coração”. O homem irriga o pomar para colher os frutos. Tu, também, irriga o coração do pobre miserável através da esmola que é chamada água de Deus para obter seus frutos na vida eterna. Seja o pobre o teu céu! Coloca nele o teu tesouro, para que nele esteja sempre o teu coração. E isso, sobretudo agora, durante a santa Quaresma. Onde está o coração, aí também está o olho; e onde estão o coração e o olho, alí também está a inteligência, sobre a qual diz o salmo: “Feliz aquele que atende (“intelligit” = tem cuidado) ao mísero e ao pobre” (40,2). Daniel disse a Nabucodonosor: “Seja-te aceito, ó rei, o meu conselho: desconta teus pecados com a esmola, desconta tuas maldades com obras de misericórdia para com os pobres” (Dn 4,24). Muitos são os pecados, muitas são as maldades e por isso, muitas devem ser as esmolas e muitas as obras de misericórdia para com os pobres. Assim resgatado por elas da escravidão do pecado, possais voltar livres à pátria celeste. Vo-lo conceda Aquele que é bendito nos séculos. Amém.

7. Lê-se no Livro dos Juízes que “Gedeão invadiu os acampamentos de Madiã com tochas, trombetas e ânforas” (7,16...) Isaías também diz: “Eis o Dominador, o Senhor dos exércitos quebrará com o terror a broca de barro; os de alta estatura serão cortados e os poderosos serão humilhados. O centro da selva será destruído a ferro e o Líbano cairá com seus altos cedros” (10,33-34). Vejamos o significado moral de Gedeão, tochas, trombeta e ânforas. Gedeão quer dizer “que gira no útero” e indica a pessoa penitente que, antes de se apresentar à confissão, deve girar no útero da sua consciência em que foi concebido e gerado o filho da vida ou da morte. Ela tem que pensar se já se confessou de todos os seus pecados; e se, depois de ter se confessado, recaiu nos mesmos pecados, e quantas vezes; porque neste caso foi muito, mas muito mesmo mais ingrato para com a graça de Deus. Se transcurou a confissão e por quanto tempo permaneceu em pecado sem confessar-se, e se, com pecado mortal, recebeu o corpo do Senhor. Portanto, a pessoa penitente, ouvindo o Senhor que diz “fazei penitência”, deve julgar a si mesma por todos os dias de sua vida, para ver se ela é “Israel”, isto é, alguém que vê a Deus. Todos os anos, durante a Quaresma, deve analisar a própria consciência, que é a casa de Deus e tudo aquilo que nela encontrar de nocivo ou supérfluo deve circuncidar na humildade da contrição; e deve também considerar o tempo passado, procurando com diligência aquilo que cometeu, omitiu e, depois disso, voltar sempre ao pensamento da morte que deve ter diante dos olhos, aliás, morar mesmo neste pensamento.

8. A pessoa penitente, como atento explorador, feito assim o giro, deve logo acender a lâmpada que arde e ilumina: nela é indicado o coração contrito o qual, pelo fato de arder também ilumina. E eis o que pode fazer a verdadeira contrição. Quando o coração do pecador se acende com a graça do Espírito Santo, ele arde pela dor e ilumina pelo conhecimento de si mesmo; e então, a consciência, cheia de tribulações e remorsos, e a atormentada impureza é destruída porque seja interna que externamente a paz volta a florescer. E o esplendor do luxo deste mundo, a dissolutez carnal são destruidos desde a alma até a carne, porque tudo o que houver de imundo tanto na alma como no corpo, é queimado pelo fogo da contrição. Feliz aquele que queima e ilumina com esta lâmpada! Dela diz Jó: “lâmpada desprezada nos pensamentos dos ricos, preparada para o tempo estabelecido” (12,5). Os pensamentos dos ricos deste mundo são: guardar as coisas adquiridas e suar para adquirir mais ainda. Por isso, raramente ou nunca se encontra neles a verdadeira contrição. Eles desprezam-na porque fixam sua alma nas coisas passageiras. Com efeito, enquanto procuram com tanto ardor o prazer das coisas materiais, esquecem-se da vida da alma que é a contrição e assim caminham ao encontro da morte. Diz a História Natural que a caça dos cervos se faz assim: dois homens saem, um deles toca a trombeta e canta, o cervo segue o canto porque sente uma atração por ele. No entanto, o segundo homem dispara a flecha, atinge-o e o mata. Assim também acontece com a caça dos ricos. Os dois homens são o mundo e o diabo. O mundo, diante do rico, toca a trombeta e canta porque lhe mostra e promete os prazeres e as riquezas. E enquanto o rico estulto segue-o encantado, já que encontra prazer nessas coisas, é morto pelo diabo, levado à cozinha do inferno para ali ser fervido e assado.

9. Eis, porém, que chega o tempo da Quaresma, instituído pela Igreja para perdoar os pecados e salvar as almas: na Quaresma prepara-se a graça da contrição que agora está à porta espiritualmente e bate. Se quiseres abrir e acolhê-la ceará contigo e tu com ela. E aí, sim, começarás a tocar a trombeta de maneira maravilhosa. Trombeta é a confissão do pecador contrito. Feita a confissão, deve ser dada a satisfação ou penitência indicada na ruptura da ânfora ou do vaso de barro. É desprezado o barro, o corpo acaba por sofrer; Madiã é interpretada como “do juízo” ou “iniquidade”, isto é, o diabo que, pelo juízo de Deus, já é condenado, é derrotado e a sua iniquidade arrasada. E é isso que diz o profeta Isaías: “Os de estatura alta”, isto é, os demônios “serão cortados” e “os poderosos”, isto é, os homens orgulhosos “serão humilhados” e “o centro da selva”, isto é, a ganância das coisas materiais “será destruída pelo ferro” do temor de Deus; “e o Líbano”, isto é, o esplendor do luxo mundano “com os seus altos cedros”, isto é, as nulidades, os enganos e as aparências, “cairá”. Atenção! A satisfação, a penitência consiste em três coisas: • na oração, naquilo que diz respeito a Deus, • na esmola, no que diz respeito ao próximo, • no jejum, no que diz respeito a si mesmos. E tudo isso para que a carne que, pelo prazer, conduziu ao pecado, pela expiação conduza ao perdão. E isso digne-se conceder-nos Aquele que é bendito nos séculos. Amém.

(Sermões, vol. III, pg. 139ss)
Tradução: frei Geraldo Monteiro, OFM Conv

Sermão que o Padre António Vieira prègou na Quarta-Feira de Cinza de 1672 na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma, aqui dito por Luís Miguel Cintra na Igreja de São Roque em Lisboa em 2010:




Para a imposição das cinzas, o Gradual Romano sugere as antífonas Immutemur e Iuxta vestíbulum, bem como o responsório Emmendémus.

Outra opção é o Memento homo, texto proposto pelo missal hodierno para ser dito pelo sacerdote durante a imposição das cinzas. Eis o motete com este último texto, composto por Diogo Dias Melgás no século XVII, na interpretação do Côro do Mosteiro de Grijó: Lembra-te, homem, que és pó e ao pó voltarás.



Música própria do 10º Domingo do Tempo Comum / Hebdomada décima per annum

Clicai e vêde.
Intróito Dóminus illuminátio comentado por Tiago Barófio:
Questo introito in re plagale (II modo) ha in comune due importanti sezioni con due altri canti d’ingresso dello stesso modo. La parola iniziale Dominus è identica a Dominus fortitudo, mentre la conclusione infirmati sunt et ceciderunt ricalca la finale del primo introito di Natale Dominus dixit ... ego hodie genui te (con variante anche in Dominus fortitudo ... hereditati ... usque in saeculum). 
Dominus illuminatio è l’unico introito di II modo che presenta al suo interno una domanda, anzi due nel caso specifico. La prima domanda “quem timebo?” non ha avuto un riflesso sulla musica. Probabilmente si è preferito dare all’edificio melodico quell’impronta armonica che prevede in molti casi un’unica conclusione cadenzale alla fine della prima e dell’ultima frase delle composizioni gregoriane. La seconda domanda, al contrario, ha una rilevanza musicale espressa dalla sospensione melodica “a quo trepidabo?” fa-sol-la. 
L’impianto modale del re plagale è annunciato con chiarezza dalla formula iniziale con l’inizio dal la grave la-do-re e la sottolineatura della tonica re re-mi-re (cfr. gli introiti Cibavit, Dominus fortitudo, Ecce advenit, Laetetur cor, Veni et ostende). Un inizio ritardato dal la grave si ha in altri casi in cui la melodia parte dalla tonica re (Multae tribulationes, Terribilis est locus, Vultum tuum). 
Nelle tre frasi dell’introito si nota una progressione melodica all’apertura delle prime due: la-do-re e re-fa-sol, quest’ultima ripetuta all’inizio della terza frase. La melodia insiste sempre sul fa, elevandosi al sol nella parte centrale, nella saldatura tra II e III frase, per preparare l’apice melodico su qui tribulant quando si raggiunge il si bemolle acuto. 
Le parole del salmo 26, 1-2 esprimono una serena confessione di fede vissuta in una profonda serenità. Una leggerezza dello spirito – messa in evidenza dai frequenti gruppi strofici – che esprime un’esperienza vissuta dal cantore. La salmodia che s’intercala all’antifona d’introito (sal 26, 3), parla esplicitamente di momenti negativi quando un pericolo oppressivo incombeva quasi fosse un intero esercito. Pericolo che probabilmente si presenterà di nuovo senza tuttavia provocare panico e smarrimento. “Il mio cuore non temerà” non è altro se non la risposta alla Parola ripetuta da D-i-o nella storia d’Israel e nelle vicende quotidiane dei singoli individui “Non temere, IO sono con te” (chi può ripercorra le pagine della cantata di J. S. Bach “Fürchte dich nicht, ICH bin bei dir”).
Nel canto del coro gregoriano emergono le vibrazioni di un’esperienza vissuta che supera le emozioni superficiali provocate da una semplice lettura che lascia distaccati. Un conto è prendere atto che D-i-o illumina gli uomini, ben diverso è percepire nella propria esistenza il dirompere della luce che scandaglia tutta la persona sino negli angoli più reconditi. D-i-o è vissuto allora come presenza che cambia tutta la vita, è salvezza (libertà, direbbe M. Buber), presenza costante e protettrice che suggerisce la prima reazione di fronte alle angustie “quem timebo?”. Chi e cosa devo temere? In fin dei conti D-i-o si è rivelato una o più volte come il “defensor vitae meae”, difesa della mia vita, Egli “dà forza” e rende salda la mia vita, “a quo trepidabo?”. Di chi e di che cosa devo aver paura? Il superamento delle insidie e dei nemici, com’è avvenuto nel passato segnerà anche la mia e la nostra vita in futuro.

O ofertório é o Illumina oculos meos, Ilumina os meus olhos, para que eu nunca adormeça na morte, e que nunca diga o meu inimigo: "Prevaleci contra ele". Partitura em PDF no Offertoriale Restitutum cum versiculis.

Interpretação gregoriana de Estêvão Olbash e suas vozes:




Versão polifónica de Estêvão Lopes de Morago, pelo Ensemble Sé de Angra:




Outra versão polifónica de Pêro de Gambôa, pela Capella do Rio Douro:

domingo, 28 de setembro de 2014

'Et incarnatus est' polifónico

O Prior pediu-nos que preparássemos um Et incarnatus est polifónico para cantarmos durante a profissão de fé (Credo) que será cantada em canto gregoriano na Missa de Natal.

O Et incarnatus est de Spíritu Sancto ex María Vírgine et homo factus est é um momento de especial solenidade na profissão de fé, em que a Liturgia nos pede uma vénia, ou, no caso da Missa de Natal, que nos ajoelhemos com um joelho, ou com os dois, se o Credo fôr cantado.

Das inúmeras versões polifónicas de grande qualidade que existem para este cântico, escolhi a da Missa de Sancto Joseph de Gaspar Fernandes, para três vozes, por razões de comodidade coral: o superius para as vozes do côro infantil e feminino; o tenor para mim, que vou dirigir; e o bassus para o celebrante, que
sabe ler música.

Descarregar PDF, MIDI, Musescore.
Nota: na partitura original as vozes são 1º alto, 2º alto, e tenor;
nos compassos 13, 14, e 16, troquei as notas mais graves do soprano com as do tenor,
de modo a reduzir o âmbito do primeiro e evitar a descida aos sol e si graves.


Esta Missa encontra-se no volume XLIV da Colecção Portugaliae Musica da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, no qual constam ainda várias peças polifónicas para a Missa e Liturgia das Horas, em Latim:



Gaspar Fernandes nasceu em Évora, em Portugal, entre 1565 e 1570, e durante a juventude foi instruído na arte musical na vibrante Sé catedral daquela cidade, tendo possivelmente sido discípulo de Manuel Mendes e colega de Filipe de Magalhães, dois dos melhores compositores portugueses de sempre. É possível que tenha sido organista naquela igreja.

Mais tarde, por volta de 1599, Gaspar Fernandes emigrou para o Novo Mundo, tendo ocupado ao longo da sua vida os cargos de cantor litúrgico, professor e vigilante dos meninos do côro, mestre de capela, e organista nas Catedrais da Guatemala e de Puebla, no actual México. Faleceu em 1629.

Durante a sua vida, para além das funções já aludidas, Gaspar Fernandes compôs centenas de vilancicos sacros, que são pequenas peças corais em língua vernácula (castelhano, português, e nos vários dialectos ameríndios e crioulos do Novo Mundo). O compositor reuniu ainda e copiou inúmeras peças polifónicas litúrgicas de autores europeus na posse das Catedrais do Novo Mundo nas quais trabalhou: coligiu-as em códices, organizados para o uso litúrgico, e para as peças que faltavam, preencheu ele mesmo o espaço vazio compondo as suas próprias versões polifónicas, originais. São estas últimas que figuram na edição da INCM aqui publicitada.

Os entendidos dizem que as composições de Gaspar Fernandes não são da máxima genialidade, face ao que à época se produzia na Europa. Mas suas vida e obra nos ensinam que o ministério de músico litúrgico na Igreja deve ser exercido com humildade: Gaspar Fernandes aceitou sair de Portugal, onde ficaram outros mais capazes do que ele; e, já no Novo Mundo, preferiu copiar, ensaiar e cantar composições alheias em vez das suas próprias.

Também nos ensina que o músico católico deve ser missionário junto dos mais pobres: Gaspar Fernandes dedicou-se ao ensino das crianças ameríndias, e compôs para elas músicas vernáculas de espiritualidade popular. E as suas composições litúrgicas mostram-nos o senso práctico de quem se preocupa simultaneamente com a dignidade exigida pelo culto divino e os limitados recursos disponíveis.

Ensina-nos finalmente que em música litúrgica não se fazem omeletes sem ovos: Gaspar Fernandes foi quem pôde ser porque recebeu a sua educação dos melhores professores do seu tempo, numa das igrejas mais opulentas e numa das cidades mais poderosas da Potência que então era Portugal. E toda a vida foi pago pelos seus serviços.


Por tudo isto, muito nos honra termos na nossa História, na nossa Igreja, e no nosso reportório alguém "semelhante a um pai de família, que soube tirar do seu tesouro coisas novas e coisas velhas."

terça-feira, 22 de abril de 2014

Laudes Solenes de Sábado Santo em Canto Gregoriano em Português

Descarregai as partituras (PDF) para esta celebração, que incluem:
  • Invocação Deus, vinde em nosso auxílio em tom solene
  • Hino Insígnia triunfal numa melodia do século X
  • Antífona Chorá-Lo-ão com o salmo 63
  • Antífona Das portas do inferno com o cântico de Ezequias
  • Antífona Eu estava morto com o salmo 150
  • Leitura de Oseias 6,1-3
  • Responsório gradual Cristo fez-se por nós
  • Antífona Salvador do mundo com o cântico Benedictus em tom peregrino
  • Preces
As partituras do magnífico Benedictus do Padre José Maurício Nunes Garcia CPM 14 foram fornecidas pelo Sr. António Campos Monteiro Neto, do Acervo do Cabido do Rio de Janeiro, e encontrá-las-eis à parte, em PDF.
Já os tons do Pai-Nosso e da Oração são os mesmos de 6ª Feira Santa.
Agradecimento especial a todos os nossos amigos que rezam pelo nosso fruto e que contribuem materialmente para este trabalho, como seja o Sr. Leonão Faro com suas gravuras para colorir.

https://dl.dropboxusercontent.com/u/16747611/LAUDES%20DE%20S%C3%81BADO%20SANTO%20EM%20CANTO%20GREGORIANO%20EM%20FERRAGUDO.pdf


Gravação da celebração com o Padre Miguel Ângelo, o Côro de Santa Cecília e o Pôvo presentes, na Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Ferragudo, no Algarve, às 10 horas, no dia 4 de Abril de 2015:



Cronograma:
  • 00:00 Sinos da Igreja às 10 horas da manhã
  • 01:30 Entrada
  • 02:08 Saudação inicial
  • 02:50 Hino "Insígnia triunfal"
  • 06:05 1ª antífona "Chorá-Lo-ão" com o Salmo 63(64),2-11
  • 10:20 2ª ant. "Das portas do inferno" com o cântico de Isaías 38,10-14.17-20
  • 14:40 3ª ant. "Eu estava morto" com o salmo Salmo 150,1-5
  • 17:55 Leitura breve de Oseias 6,1-3a
  • 19:20 Homilia do Padre Miguel
  • 24:05 Responsório de Filipenses 2,8
  • 27:28 Ant. do Benedictus "Salvador do mundo", seguida do cântico do Benedictus em tom peregrino com a versão polifónica do Padre José Maurício Nunes Garcia (CPM 14)
  • 35:47 Preces
  • 39:18 Pai Nosso
  • 40:47 Oração
  • 41:30 Agradecimento ao Côro
  • 42:29 Bênção e despedida

Gravação de 2014 (19 de Abril); esta foi, até hoje, a nossa melhor interpretação do Benedictus de Nunes Garcia (17:00):



Cronograma: * com canto
  • 0:00 Saudação inicial e hino "Insígnia triunfal" *
  • 3:18 1ª antífona e salmo 63(64)
  • 4:58 ritual de apagar as velas, 2ª antífona e cântico de Isaías 38
  • 7:00 ritual de apagar as velas, 3ª antífona e salmo 150
  • 8:25 ritual de apagar as velas, e leitura breve
  • 9:25 pregação do Sacerdote
  • 12:15 responsório breve *
  • 15:20 ritual da ocultação da vela e antífona do Benedictus
  • 17:00 Benedictus do Padre José Maurício Nunes Garcia, CPM 14 *
  • 24:12 preces *
  • 28:15 Pai-nosso *
  • 29:42 oração e despedida *

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