Cremos que esta edição contribuirá para a restauração do gregoriano e do latim na forma ordinária do rito romano, a nível local, como foi o propósito dos Reformadores Conciliares e dos que os precederam, quer pela simplicidade das melodias, quer pela autoridade com que são propostas. Esta edição, adaptada por nós à língua portuguesa, contempla as traduções dos cânticos apresentados em notação quadrada, traduções que se quiseram tão literais quanto possível para permitir aos utilizadores maior familiaridade com a língua latina e a penetração nos cânticos gregorianos mais avançados. Incluimos no final a transcrição para pentagrama musical moderno das orações mais longas, para aumentar a familiaridade com a leitura do tetragrama medieval.
Pedimos encarecidamente que divulgueis junto do vosso pároco, bispo diocesano, ou qualquer outra pessoa encarregue da música sacra numa paróquia de língua portuguesa. Ademais, agradecemos a vossa colaboração:
- na detecção de erros da tradução portuguesa e na obtenção dos textos integrais, no original latino ou francês;
- na obtenção das restantes melodias do livrete, principalmente dos diálogos, em notação musical moderna;
- no pedido dos ficheiros originais, caso queirais editar uma versão para a vossa Igreja particular.
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Carta aos Bispos sobre
o Repertório Mínimo de Cantochão
pela Sagrada Congregação para o Culto Divino
em 14 de April de 1974
Eminência, Excelência,
A Nossa congregação preparou um livrete intitulado "Jubilate Deo" que contém uma selecção mínima de cânticos sacros. Fez isto em resposta a um desejo que o Santo Padre expressou frequentemente, que todos os fiéis soubessem ao menos alguns cânticos gregorianos em latim, tais como, por exemplo, o “Gloria”, o “Credo”, o “Sanctus” e o “Agnus Dei”.1
É com enorme prazer que Vos envio uma cópia do dito, enquanto oferta pessoal de Sua Santidade, o Papa Paulo VI. Permiti-me que tome esta oportunidade para recomendar à Vossa solicitude pastoral esta nova iniciativa, cujo propósito é facilitar a observância da recomendação do Concílio Vaticano Segundo “(...) Tomem-se providências para que os fiéis possam rezar ou cantar, mesmo em latim, as partes do Ordinário da missa que lhes competem.”2
Com efeito, quando os fiéis se reunem para a oração, manifestam ao mesmo tempo a diversidade de um povo oriundo “de cada tribo, língua e nação (Ap 5,9) e a sua unidade em fé e caridade. A sua diversidade manifesta-se na presente multiplicidade de linguagens litúrgicas e nos cânticos vernaculares, os quais, no contexto de uma única fé partilhada, dão expressão sentimento religioso de cada povo na música original das suas cultura e tradições. Por outro lado, a sua unidade encontra uma expressão particularmente apta e até sensível através do uso do Canto Gregoriano Latino.
Através dos séculos, o Canto Gregorinao tem acompanhado as celebrações litúrgicas no rito Romano, nutrido a fé dos Homens e acolhido a sua piedade, ao passo que, entre tanto, alcançou uma perfeição artística que a Igreja correctamente considera um património de inestimável valor e que o Concílio reconheceu como o “canto próprio da liturgia romana”3.
Um dos objectivos da reforma litúrgica é o de promover o canto comunitário nas assembleias dos fiéis, de maneira que estes possam exprimir o mais bem possível o carácter festivo, comum e fraterno das celebrações litúrgicas. Com efeito, “[a] acção litúrgica reveste-se de maior nobreza quando é celebrada com canto: cada um dos ministros desempenha a sua função própria e o povo participa nela.”4
Aqueles que carregam a responsabilidade da reforma litúrgica estão especialmente ansiosos de atingir este difícil objectivo. Para esse fim, a Sagrada Congregação para o Culto Divino apela mais uma vez, como tem feito anteriormente, ao apropriado desenvolvimento do canto nos fiéis.
O Canto Vernacular
No concernante ao canto vernacular, a reforma litúrgica coloca “um desafio à creatividade e zelo pastoral de toda a paróquia local”5. Os poetas e os músicos sejam portanto encorajados a pôr os seus talentos ao serviço de tal causa, para que possa emergir um canto popular que seja verdadeiramente artístico, que seja digno do louvor de Deus, da acção litúrgica da qual forma parte e da fé que expressa. A reforma litúrgica abriu novas perpectivas para a música sacra e para o canto. “Esperamos o reflorescimento da arte musical religiosa no nosso tempo. Uma vez que o vernáclo é admitido no culto em todos os países, não deve ser negada a beleza e o poder expressivos da música religiosa e do canto adequado.”6
Canto Gregoriano
Ao mesmo tempo, a reforma litúrgica não nega nem pode de facto negar o passado. Outrossim, o guarda e desenvolve “com diligência”7. Ela cultiva and transmite tudo quanto nele haja de elevado mérito religioso, cultural e artístico e especialmente aqueles elementos que podem expressar até mesmo externamente a unidade dos crentes.
Este repertório mínimo de canto Gregoriano foi preparado com esse propósito em mente: que seja mais fácil para os Cristãos atingir as unidade e harmonia espirituais com seus irmão e com as tradições vivas do passado. Logo, é que aqueles que estão a tentar melhorar a qualidade do canto congregacional não possam recusar ao Canto Gregoriano o lugar que lhe é devido. E isto torna-se tanto mais imperativo à medida que nos aproximamos do Ano Santo de 1975, durante o qual os fiéis das diferentes línguas, nações e origens se encontrarão lado a lado para a comum celebração do Senhor.
Aqueles que por causa da sua especial vocação na Igreja precisam de possuir um conhecimento mais porfundo sobre a música sacra deverão prestar mais atenção à observância do conveniente equilíbrio entre o canto popular e o canto Gregoriano. Por esta razão, o Santo Padre recomendou que “o canto Gregoriano seja preservado e cantado nos mosteiros, noutras casas religiosas e nos seminários, qual forma especial de oração cantada e de elevado valor pedagógico e cultural que é”8.
Ademais, o estudo e interpretação do canto Gregoriano, “pelas suas qualidades próprias, continua[m] a ser uma base de grande valor para o cultivo da Música Sagrada.”9
Ao apresentar-Vos a dádiva do Santo Padre, lembre-Vos eu do desejo que ele várias vezes manifestou de que a Constituição Conciliar fosse implementada de modo cada vez melhor. Decidi Vós, em colaboração com as competentes instituições diocesanas e nacioais para a liturgia, música sacra e catequese, sobre as melhores maneiras de ensinar aos fiéis os cânticos em latim deste “Jubilate Deo”, de os haver cantando os mesmos, e ainda de promover e preservar a execução do canto Gregoriano nas comunidade, consoante já se mencionou. Vós estareis então a prestar um novo serviço à Igreja no campo da renovação litúrgica.
Os conteúdos deste livrete sejam repoduzidos livres de cobrança. Para facilitar a compreensão destes textos, pode adicionar-se a tradução normativa para o vernáculo.
Prefácio ao Jubilate Deo
Na Constituição sobre a Liturgia, depois de apelar a que o vernáculo tomasse um lugar próprio na celebração litúgica, o C.V.II acrescenta este directiva: “Tomem-se providências para que os fiéis possam rezar ou cantar, mesmo em latim, as partes do Ordinário da missa que lhes competem.”10
Com tal intenção, o Papa Paulo VI em várias ocasiões recenteson manifestou o desejo de que o canto Gregoriano acomphasse as celebrações eucarísticas do povo de Deus e emprestasse o seu apoio firme a estas celebrações com a sua música agradável e também que a voz dos fiéis fosse ouvida, quer em Gregoriano, quer no canto vernacular.11
O presente volume curto consitui uma resposta aos desejos do Papa. Trata-se de uma colecção das melodias mais simples para os fiéis cantarem em conjunto — particularmente na occasião do Ano Santo.
Deste modo, o canto Gregoriano continuará unindo os membros de muitas nações num só povo, junto em nome de Cristo num só coração, numa só mente, e a uma só voz.
Esta unidade viva, symbolizada pela união das vozes que falam nas diferentes línguas, sotaques e inflecções é uma manifestação evidente da harmonia diversificada da Igreja Una. Assim exclama Santo Ambrósio: “Quão próximo é o elo de união quando tanta gente se junta no coro único. São como as diferentes cordas da harpa que todavia produz uma só melodia. O harpista poderá por vezes cometer erros enquanto toca, mas o artista que é o Espírito Santo nunca se engana ao tocar os corações de um povo inteiro”12.
Deus conceda que o desejo partilhado por todos seja bem sucedido, nomeadamente que o coração da Igreja em prece tenha voz alegre e sonora pelo mundo fora nestas agradáveis e reverentes melodias.
Comentário nas Notitiæ 10 (1974) 122:
A primeira secção do Jubilate Deo tem o título de Cantus Missæ e fornece todos os cantos para o Ordinário da Missa, com as respostas incorporadas no novo Missal Romano; estas são já bem conhecidas na língua vulgar, mas pouco ou nada em latim. Sob o título de Cantus varii, a segunda parte do volume contém músicas para várias celebrações (cânticos eucarísticos, hinos, antífonas marianas, o Te Deum, etc.). Embora reduzido a um mínimo, esta selecção revestir-se-á da maior utilidade se os fiéis aprenderem os cantos contidos no volume, como pensaram o Papa e a Congregação.
Bravo, Francisco.
ResponderEliminarGrande contributo para o reavivar do Gregoriano na Igreja que fala português!
Um abraço,