Não é fácil alterar o modo pelo qual uma expressão é entendida num idioma, após anos de uso com uma determinada configuração e sentido dela decorrente, mas, a bem da sua justa interpretação, vale a pena tentar.
Diz Martin Baker em nota de rodapé na abertura de um artigo de sua autoria publicado na página 8 (p. 9 do pdf) do número de Inverno de 2008 da revista Sacred Music:
The Latin phrase actuosa participatio is perhaps better translated as “actual participation.” The term “actuosa” incorporates both the contemplative (internal) and active (external) aspects of participation. The term “activa” could have been used, but this term normally excludes the contemplative aspect.Esta observação, a ter fundamento, é potencialmente revolucionária. Se actuosa participatio fosse vertida para português como «participação efectiva», muitos dos problemas que se colocam ao nível da música litúrgica ― concretamente, os resultantes do suposto imperativo de ter a assembleia permanentemente a cantar tudo o que há para cantar, em desprezo pela função ministerial do coro e pela distribuição das partes litúrgicas pelos diversos ministros (presbítero, acólito, cantor, leitor, etc.), tal como proposto pelo Magistério ― não se colocariam.
Exige-se, portanto, uma sólida formação sobre música sacra, tal como definida pelo Magistério da Igreja, quer da parte dos músicos litúrgicos, quer, sobretudo, por parte dos pastores, uma vez que são eles, em última análise, os responsáveis máximos pela vida litúrgica das almas que se lhes confiam.
Um desafio aos nosso leitores latinistas: a asserção de Baker tem fundamento? Concretamente, a expressão actuosa participatio é mais bem vertida para português como «participação efectiva» do que por «participação activa»?
Se sim, urge usar a expressão que agora se configura como alternativa mais verdadeira e produtiva, mais de acordo com o Magistério e com a Tradição do que a expressão usualmente utilizada.
S. Pio X, na versão italiana da Tra le sollecitudini que nós conhecemos, emprega a expressão «partecipazione attiva». Portanto, talvez não seja necessária uma retradução, mas simplesmente uma reinterpretação.
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