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domingo, 25 de novembro de 2018

2ªs Vésperas Solenes do 1º Domingo do Advento / Dominica I Adventus Ad II Vesperas Sollemnes

Recursos para o canto da hora em epígrafe com Presbítero a partir de reportório histórico português, na forma ordinária do rito romano. Celebração em idioma misto, com alguns cânticos em português, outros em latim, conforme se achou conveniente.
  • Partes para o côro, para impressão em formato grande (A3 ou maior) em exemplar único para todo o côro (PDF)
    Faltam aqui os textos dos salmos para as 1ª e 2ª antífonas assim como a do Magnificat, pois inicialmente havíamos previsto cantá-los em Latim; podem portanto cantar-se a partir da edição do Secretariado Nacional da Liturgia; no cântico da 3ª antífona, faltam uma ou outra aleluia no Gloria Patri que facilmente se podem acrescentar à mão depois da impressão.
  • Partes para o sacerdote celebrante (PDF)
    Aqui tentámos recuperar a tradição veiculada em Talésio (pág. 108) de o Celebrante "alevantar" (iniciar) as antífonas 1ª e de Magnificat; dá-se igualmente os tons do Pater noster e Benedicamus Domino próprios da L.H. nos Domingos de Advento.
  • Traduções para o pôvo (PDF)
    Apenas dos cânticos em latim, para permitir a compreensão de todos.
Um agradecimento ao grupo de discussão dos Ofício Divino e Breviário pela ajuda.

FICHA TÉCNICA
Dominica I Adventus Ad II Vesperas Sollemnes
2-12-2018

Textos portugueses: cfr. http://www.liturgia.pt/lh/
Ordinário: http://www.liturgia.pt/lh/pdf/1200Ordinario.pdf
1º Domingo do Advento: http://www.liturgia.pt/lh/pdf/012AdvDomI-III.pdf
1º Domingo do Saltério: http://www.liturgia.pt/lh/pdf/080101DomI.pdf



Excerto do tratado Arte de canto chão do Mestre Pedro Talésio (1618).


Melodia do Hino: http://pemdatabase.eu/musical-item/16992
Outras melodias (não utilizadas) para a mesma métrica:
http://pemdatabase.eu/musical-item/19664
http://pemdatabase.eu/musical-item/17459
http://pemdatabase.eu/musical-item/17806
http://pemdatabase.eu/musical-item/17575
http://pemdatabase.eu/musical-item/16943
http://pemdatabase.eu/musical-item/17483

Em vez do hino que por lapso se retirou do I Domingo do Saltério, pode cantar-se este mais próprio do Advento:



1ª Antiphona: Jucundare filia Sion http://pemdatabase.eu/musical-item/25169
Tom salmódico: Talésio p.57 http://www.purl.pt/72



2ª Antíphona: Rex noster http://pemdatabase.eu/musical-item/9020
Tom salmódico: Talésio p.63 ibidem (próprio para o salmo In exitu Israel)



3ª Antíphona: Ecce venio cito http://www.e-codices.unifr.ch/en/fcc/0002/5v
Tom salmódico: Talésio p.60
Tom do cântico aleluítico na edição típica da L.H. na F.O. fotografado pelo Mestre Ján Janovčík:




Leitura: Talésio p.91,87

Responsório breve: Ostende http://pemdatabase.eu/musical-item/8585
Gloria Patri: Talésio p.77

Ant.Mag.: Ne timeas Maria http://pemdatabase.eu/musical-item/9051
Tom do Magnificat: Martins p.68 http://purl.pt/17344/1/index.html#/68/html



Preces para as Vésperas: http://www.liturgia.pt/lh/pdf/1102PrecesVesperas.pdf
Refrão das Preces: https://archive.org/stream/processionariumm00cath#page/223/mode/1up

Pater noster: Talésio p.111

Bênçãos de Advento: http://www.liturgia.pt/lh/pdf/1104FormBenLauVes.pdf

Conclusão: cfr. http://pemdatabase.eu/musical-item/15999
Canon do Amen: http://digital.slub-dresden.de/werkansicht/dlf/90201/10/

Benedicamus Domino: Talésio p.106


GRAVAÇÃO INDIVIDUAL

domingo, 13 de setembro de 2015

Antífona de Vésperas: «Cantai ao Senhor um cântico novo»

A antífona gregoriana Cantate Domino canticum novum laus eius ab extremis terrae para as Vésperas da 2ª feira depois do dia 16 de Dezembro no Advento e para a 2ª feira da 4ª semana do Saltério foi agora traduzida literalmente para Português e editada em pelo nosso amigo Felipe Gomes de Souza das Minas Gerais.

O cântico original em Latim encontra-se no Graduale Simplex e no Antiphonale Romanum, e esta nova versão em língua portuguesa é muito simples e fácil de se cantar. Descarregai o PDF e ensaiai com o MP3!

Cantai ao Senhor um cântico novo:
o seu louvor chegue dos extremos da terra! (Isaías 42,10)
V. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, +
Como era no princípio e agora e sempre, *
E pelos séculos dos séculos. Amém.


Isto e muito mais na nossa colecção de cânticos gregorianos transcritos para o vernáculo de Camões, disponível através das Folhas do Google.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Laudes de S. João Crisóstomo, 13 de Setembro

Descarregai o PDF com os cânticos gregorianos em Português:
  • Hino "Bôca de Ouro"
  • 1ª Antífona, Vós sois a luz do mundo (Mateus 5,14), com o Salmo 62(63),2-9
  • Leitura breve (Sabedoria 7,13-14)
  • Responsório breve "Que os povos da terra"
  • Preces, com o refrão "Apascentai, Senhor, o vosso rebanho!"

https://db.tt/BG2OJ3xI

sábado, 21 de junho de 2014

terça-feira, 22 de abril de 2014

Laudes Solenes de Sábado Santo em Canto Gregoriano em Português

Descarregai as partituras (PDF) para esta celebração, que incluem:
  • Invocação Deus, vinde em nosso auxílio em tom solene
  • Hino Insígnia triunfal numa melodia do século X
  • Antífona Chorá-Lo-ão com o salmo 63
  • Antífona Das portas do inferno com o cântico de Ezequias
  • Antífona Eu estava morto com o salmo 150
  • Leitura de Oseias 6,1-3
  • Responsório gradual Cristo fez-se por nós
  • Antífona Salvador do mundo com o cântico Benedictus em tom peregrino
  • Preces
As partituras do magnífico Benedictus do Padre José Maurício Nunes Garcia CPM 14 foram fornecidas pelo Sr. António Campos Monteiro Neto, do Acervo do Cabido do Rio de Janeiro, e encontrá-las-eis à parte, em PDF.
Já os tons do Pai-Nosso e da Oração são os mesmos de 6ª Feira Santa.
Agradecimento especial a todos os nossos amigos que rezam pelo nosso fruto e que contribuem materialmente para este trabalho, como seja o Sr. Leonão Faro com suas gravuras para colorir.

https://dl.dropboxusercontent.com/u/16747611/LAUDES%20DE%20S%C3%81BADO%20SANTO%20EM%20CANTO%20GREGORIANO%20EM%20FERRAGUDO.pdf


Gravação da celebração com o Padre Miguel Ângelo, o Côro de Santa Cecília e o Pôvo presentes, na Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Ferragudo, no Algarve, às 10 horas, no dia 4 de Abril de 2015:



Cronograma:
  • 00:00 Sinos da Igreja às 10 horas da manhã
  • 01:30 Entrada
  • 02:08 Saudação inicial
  • 02:50 Hino "Insígnia triunfal"
  • 06:05 1ª antífona "Chorá-Lo-ão" com o Salmo 63(64),2-11
  • 10:20 2ª ant. "Das portas do inferno" com o cântico de Isaías 38,10-14.17-20
  • 14:40 3ª ant. "Eu estava morto" com o salmo Salmo 150,1-5
  • 17:55 Leitura breve de Oseias 6,1-3a
  • 19:20 Homilia do Padre Miguel
  • 24:05 Responsório de Filipenses 2,8
  • 27:28 Ant. do Benedictus "Salvador do mundo", seguida do cântico do Benedictus em tom peregrino com a versão polifónica do Padre José Maurício Nunes Garcia (CPM 14)
  • 35:47 Preces
  • 39:18 Pai Nosso
  • 40:47 Oração
  • 41:30 Agradecimento ao Côro
  • 42:29 Bênção e despedida

Gravação de 2014 (19 de Abril); esta foi, até hoje, a nossa melhor interpretação do Benedictus de Nunes Garcia (17:00):



Cronograma: * com canto
  • 0:00 Saudação inicial e hino "Insígnia triunfal" *
  • 3:18 1ª antífona e salmo 63(64)
  • 4:58 ritual de apagar as velas, 2ª antífona e cântico de Isaías 38
  • 7:00 ritual de apagar as velas, 3ª antífona e salmo 150
  • 8:25 ritual de apagar as velas, e leitura breve
  • 9:25 pregação do Sacerdote
  • 12:15 responsório breve *
  • 15:20 ritual da ocultação da vela e antífona do Benedictus
  • 17:00 Benedictus do Padre José Maurício Nunes Garcia, CPM 14 *
  • 24:12 preces *
  • 28:15 Pai-nosso *
  • 29:42 oração e despedida *

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Laudes de 6.ª Feira Santa em Canto Gregoriano em Português

Partituras:
Descarregai o PDF que inclui todas as orações cantadas, excepto a invocação Deus, vinde e o hino Insígnia triunfal, o qual encontrareis na 2ª página do livrete das Laudas de Sábado Santo.

Laudes de Sexta Feira Santa em Canto Gregoriano



Gravação:

É com grande alegria que partilhamos convosco a música que cantámos no Ofício de Laudes Solenes de Sexta-Feira Santa em Canto Gregoriano em Português, na Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Ferragudo, diocese do Algarve, a 19 de Abril de 2014, às 10 horas da manhã.

Um agradecimento especial a todos os intervenientes, em especial à Professora Teresa Feliciano e a todos os cantores e cantoras do Côro da Escola de Música de Santa Cecília de Ferragudo, ao Padre Miguel Ângelo e a todo o Pôvo que se fez presente.


Cronograma:
  • 0:00 silêncio antes da cerimónia
  • 1:40 explicação inicial pelo celebrante
  • 3:18 silêncio
  • 5:49 saudação inicial
  • 6:48 hino "insígnia triunfal"
  • 9:05 1ª antífona
  • 18:29 2ª antífona
  • 26:45 3ª antífona
  • 32:44 leitura
  • 36:14 responsório
  • 37:56 matraca
  • 39:30 antífona do Benedictus
  • 40:28 Benedictus do Padre José Maurício Nunes Garcia, CPM 14
  • 47:48 preces
  • 51:41 Pai-nosso
  • 53:17 oração final
  • 54:15 despedida do celebrante

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Introdução ao Canto Gregoriano, por Tiago Barófio

Programa semanal do 5º canal da Rádio Vaticana. Domingos às 21h30, hora de Roma, por um conhecido gregorianista italiano.


1º episódio, 1-2-2014
Ad Te Levavi - Porquê o gregoriano - A Palavra
- Do ministério do cantor litúrgico.
- Intróito Ad te levavi, da Missa do 1º Domingo do Advento
- Responsório Aspiciens a longe, das matinas do 1º Domingo do Advento
- Comunhão In splendoribus, da Missa do Galo




2º episódio, 11-2-2014
Nas origens do canto litúrgico - Cantilenação silábica - Salmodia
- O canto gregoriano é monódico? Parafonistas do 1º milénio.
- Caudas do intróito Ad te levavi
- A proclamação de Leituras (Toni Lectionum)
- A genealogia de Cristo
- Antífona Pueri hebraeorum, da Missa do Domingo de Ramos

 


3º episódio, 18-2-2014
Tradição e transmissão - O Canto Benaventano, Romano, Ambrosiano
- Kyrie do Ofício de Trevas, de tradição hebraica.
- Ofertório Angelus Domini em várias tradições
- Técnica vocal e transmissão geracional
- Transitório ambrosiano Te laudamus
- Laus magna angelorum / Gloria IV ad lib. more ambrosiano




4º episódio, 25-2-2014
Espaço e tempo par cantar - Antífonas
- Antífonas da Liturgia das Horas: chave cristológica dos salmos
- Semelhança entre Ex Egypto, Sion noli timere, & Querite Dominum.
- O b-mole
- Salmodia: asterisco e hemistíquios, entoação, tenor ou corda de recitação, cadência mediana, tenor, cadência final
- Canto facilitador da oração. Monotonia. Tonus peregrinus.
Conserva me Domine
- O quando in cruce, de Ravena
- O beata infantia




5º episódio, 4-3-2014
Acolhimento da Palavra - Responsórios
- Responsório: Reacção da Igreja a uma Leitura
- Estrutura do responsório: responso, verso, repetenda.
- Videbant omnes Stephanum
- Dum complerentur die Pentecostes
- Repleti sunt cordes
- Historiae, Officium rythmici




6º episódio, 11-3-2014
Fé + Fantasia = Poesia; Hinos
- Hinodia: origem ambrosiana, propagação benedictina
- Poesia contra a heresia, incentivo à conversão
- Hinos Veni redemptor gentium, Christe redemptor omnium, e Ut queant laxis, com que Guido d'Arezzo fundou o solfejo.
- As necessidades dos cantores: físicas e espirituais
- Hino paratérico: Unica spes hominum. O ritornelo processional.



7º episódio, 18-3-2014
Culmen et fons - Missa, Intróito e Comunhão
- A fé é o acolhimento da Palavra de Deus e a correspondência à vontade de Deus realizada nos pequenos actos da vida quotidiana. Só depois, no canto.
- Puer natus est, da Missa do Dia de Natal.
- Ecce advenit Dominator Dominus, da Missa da Epifania.
- O intróito canta-se na procissão desde a sacristia até ao altar, e por isso tem duração variável, em função das dimensões do templo, a velocidade dos celebrantes. Alternam-se antífona e versículos em número necessário para preencher o tempo do trajecto. No final, doxologia conclusiva do intróito: Gloria Patri.
Viri galilaei, da Missa da Ascensão. As novas edições, mais críticas.
- Comunhão: também processional.
Ecce virgo concipiet, da Missa do último Domingo do Advento.
- Cantate Domino, alleluia, da Missa da 3ª semana da Páscoa.




8º episódio, 25-3-2014
Centralidade da Palavra - Missa, Responsório Gradual
- Etimologia e espiritualidade do gradual responsorial.
- Universi qui te expectant, gradual do 1º Domingo do Advento.
- Christus factus est, gradual da Celebração da Paixão e responsório de Laudes do Tríduo Sacro.




9º episódio, 2-4-2014
A vida explode, o coração grita - Missa, Alleluia
- Etimologia e espiritualidade: Louvai a Deus!
- Estrutura: sílabas iniciais e melisma vocalizo final "jubilus"
- Particularidades das formas milanesas e hispânicas
- Al. Dies sanctificatus, da Missa do Dia de Natal
- Al. Pascha nostrum da Missa do Dia do Domingo de Páscoa
- Aleluia "tropado": Al. Eripe me, da 16ª semana do t.c.
- Aleluia escondido na Quaresma e substituído pelo Tracto




10º episódio, 8-4-2014
Recuperar o indizível - Missa, Tropos e Seqüências
- A sequência, originada no jubilus aleluiático, prolonga-o, com extraordinária mestria poética, teológica e espiritual.
- Poetas ilustres de São Galo. Seq. Sancti Spiritus por Notker.
- Adão de Paris. Os tropos na Reforma de Trento.
- Seq. Dies nobis laetabundus
- Espiritualidade do Kyrie eleison. Kyrie fons bonitatis.




11º episódio, 15-4-2014
A vida entra na liturgia, e a liturgia reaviva a vida - Cantos do Ordinário
- Kyrie cum jubilo. Os títulos dos ordinários
- Gloria in excelsis de origem ambrosiana
- Sanctus IX. Agnus Dei XVIII. Credo IV, canto frato.




12º episódio, 23-4-2014
Doar a minha pessoa antes de oferecer outras coisas - Missa, Ofertório
- O Ofertório é um canto responsorial, com pelo menos 2 versículos.
- Heterogeneidade nas repetendas. Origem histórica.
- Precatus est Moyses, ofert. do 18º Domº do T.C..
- Jubilate Deo universa terra, ofert. do 5º Domº da Páscoa.
- Anonimato. Influxo sírio. Canto-oração-caridade. Artur Bento Miguel-Ângelo.





Un pensiero di GIACOMO BAROFFIO per i VENTI ANNI DALLA MORTE DI ARTURO BENEDETTI MICHELANGELI (CG = Canto Gregoriano; ABM = Arturo Benedetti Michelangeli)

Dall’inizio degli anni ’80 – quando sono stato catapultato a Roma per insegnare canto gregoriano al PIMS – spesso mi è stato chiesto: “Quale disco mi consiglia di ascoltare per imparare a eseguire bene il CG?”.

La prima volta sono stato un po’ disorientato e ho iniziato a passare mentalmente in rassegna varie incisioni: Decca, Archiv … Ma presto ho voltato pagina e senza hesitation ho detto, ed è quanto ho in seguito sempre ripetuto e dico ancora oggi: “Per imparare a cantare il CG, il miglior maestro in assoluto è Arturo Benedetti Michelangeli!”. “Ma non è un pianista?”. “Che cosa importa? Imparate da lui il fraseggio, il senso che dà alla frase nella sua unità, il peso specifico che attribuisce a ogni singola nota. Basta ascoltare quando suona dei segmenti, anche brevi, di una scala. Le singole note sono tutte diverse l’una dalle altre. Esprimono una dinamica che è vita”.

All’inizio degli anni ’90 ho avuto una conferma della mia opinione. Parlando di CG e di ABM, il M° Facchinetti di Brescia mi ha rivelato quanto fino allora non sapevo. ABM gli aveva confidato una volta che amava il CG e si era ispirato al repertorio liturgico sino dalla sua giovinezza.

Il problema dell’interpretazione musicale è assai delicato. Ai dattilografi della tastiera – che macinano il massimo numero di note nel minor tempo possibile - e ai funamboli della voce – che volteggiano nei melismi impacciati in una grande confusione che annulla ogni armonia di movimento – ricordo che le note sono l’elemento necessario sì, ma totalmente insufficiente per creare la musica.
Senza un atto creativo dello spirito umano, animato dal Paraclito, ogni sforzo è vano. Per cantare il gregoriano occorre prima di tutto pregare. E la preghiera trasfigurerà le note. Come insegna ancora oggi il mistico Arturo.


13º episódio, 29-4-2014
O canto ao serviço da comunidade - Canto cisterciense, Edição Medicea, Solesmes
- Nomes para o canto gregoriano...
- Ofício rítmico de Santo Francisco, Santo António de Lisboa, Santa Clara, por Frei Juliano d'Aspira.
- Salve Regina solene, tropada.
- Edição Medicea, iniciada por João Pedro-Luís de Palestrina, com 1 tomo Temporal e outro Santoral. Escrúpulo histórico, ou a adaptação ao tempo.
- Intróito In nomine Iesu omne genu flectatur.




Laus Deo

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Sacrificium laudis (1966), Papa Paulo VI


Tradução portuguesa não-oficial, das versões
italiana e latina disponíveis na página do
Vaticano. Por favor avisai-nos de alguma
incorrecção. Muito obrigado.
PAPA PAULO VI

SACRIFICIUM LAUDIS *

EPÍSTOLA APOSTÓLICA

Aos Chefes das Ordens Religiosas,
Sobre a língua latina a ser usada no Ofício Litúrgico coral
por parte dos religiosos obrigados ao coro.

Dilectos filhos,
Saudação e Bênção Apostólica, 

As vossas Famílias religiosas, devotadas ao serviço de Deus, sempre tiveram em grande consideração, numa tradição jamais interrompida, o Sacrifício de louvor oferecido pelos lábios dos que anunciam o Senhor, no canto dos salmos e dos hinos, com os quais são sanctificadas pela piedade religiosa as horas, os dias e os tempos do ano, estando no centro de tudo o Sacrifício Eucarístico como um sol esplendoroso que tudo a si atrai. Com efeito, justamente se pensava que nada deveria ser anteposto a uma tão santa práctica religiosa. Compreende-se com facilidade quanta glória de tal resulte para o Creador de todas as coisas, e quão grande a utilidade para a Igreja. Com esta forma de oração, fixa e mantida perene através dos séculos, haveis ensinado que o culto divino é de suma importância para a humana convivência.

Das cartas dalguns de vós e das muitas missivas enviadas de várias partes chegámos ao conhecimento que os cenóbios ou as províncias de vós dependentes - falamos somente daqueles de rito Latino - adoptaram diferente modos de celebrar a divina Liturgia: alguns são muito contrários à língua Latina, outros no Ofício coral vão pedindo o uso das línguas nacionais, ou querem até que o chamado canto Gregoriano seja substituído cá e lá com os cânticos hoje em voga; outros reclamam mesmo a abolição da própria língua latina.

Devemos confessar que tais pedidos Nos abalaram não levemente e nos entristeceram não pouco; e levaram-nos a perguntar de onde saiu  e porque se difundiu, esta mentalidade e este fastio desconhecidos no passado.

Certamente vos é notório, nem podeis duvidar, o quanto Nós vos amamos, nem às vossas Famílias religiosas, o quanto as estimamos. Frequentemente são para Nós causa de admiração os testemunhos de insigne piedade e os monumentos de refinado engenho, que [a todos] enobrecem. Conservaremos a Nossa alegria se surgir qualquer possibilidade, desde que lícita e conveniente, de favorecer, e de aceder aos vossos pedidos, para melhorar a situação.

Mas, quanto dissemos acima, vem depois de o Concílio Ecuménico Vaticano II se ter pronunciado sobre esta matéria de modo meditado e solene (Cf. CONC. VAT. П, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 101 § 1) e depois de terem sido emanadas normas precisas com sucessivas Instruções; na primeira Instrução, para a exacta aplicação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia, emanada a 26 de Setembro de 1964, estabele-se o seguinte: «Na récita do Ofício Divino em coro, os clérigos usem a língua latina» (n. 85); e na outra, que trata da língua a usar na celebração do Ofício e da Missa «conventuais», «nas comunidades» próximas às Religiosas, emanada a 23 de Novembro de 1965, aquela disposição ficou confirmada e também tendo em conta a utilidade espiritual dos fiéis e das particulares condições que subsistem nos países da missões. Portanto, enquanto não se determinar em sentido diferente por razões legítimas, estas leis permanecem em vigor e requerem obediência, na qual devem sobressair principalmente os religiosos, filhos caríssimos da Igreja.

Com efeito, não se trata somente de conservar a língua latina no Ofício coral - indubitavelmente digna, nem seria para menos que a guardássemos com cuidado, sendo na Igreja Latina fonte fecundíssima de civilidade cristã e riquíssimo tesouro de piedade -, mas, tão-bem de defender indemne a qualidade, a beleza e o originário vigor de tais orações e de tais cantos: trata-se, de facto, do Ofício coral, expresso «com as vozes da Igreja que docemente canta» (Cf St.º AGOSTINHO, Confissões, 9, 6: PL 32, 769), e que os vossos fundadores e mestres, e ademais Santos no Céu, luminárias das vossas Famílias religiosas, vos transmitiram. Não são de menosprezar as tradições dos que vos antecederam e ao longo dos séculos construíram a vossa glória. Este maneira de recitar o Ofício divino em coro foi uma das principais razões para a solidez e o feliz crescimento das vossas Famílias. É portanto de espantar que, surgindo com inesperada excitação, alguns pareçam ter negligenciado estas motivações.

Que língua, ou que cânticos vos parece que possam na presente situação substituir as formas de piedade católica que usastes atègora? Haveis de reflectir bem, para que as coisas não piorem depois de renegardes a esta gloriosa herança. Porquanto vos é de temer que o Ofício coral seja reduzido a uma recitação disforme, cujas pobreza e monotonia vós sereis certamente os primeiros a notar. Surge ainda uma outra interrogação: os homens desejosos de sentir os valores sagrados entrarão à mesma, e em tão grande número, nos vossos templos, se não ressoar em vós a piedade antiga e a nativa língua daquelas orações, unidas a um canto pleno de gravidade e de beleza? Pedimos portanto a todos os interessados que ponderem bem o que se perderia, e que não deixem secar a fonte que até hoje brotou abundantemente. Sem dúvida que a língua latina cria algumas dificuldades, talvez não leves, aos novatos da vossa sagrada milícia. Mas estas dificuldades, como sabeis, não são tais que não se possam superar e vencer, sobretudo entre vós que, longe dos afã e estrépito do mundo, vos podeis dedicar mais facilmente ao estudo. De resto, aquelas preces repletas de antiga grandeza e nobre majestade continuarão a atrair até vós os jovens chamados à herança do Senhor; de contrário, uma vez eliminado o coro em questão, que supera os confins das Nações e está dotado de admirável força espiritual, e a melodia que flui do profundo da alma, onde reside a fé e arde a caridade, ou seja o canto gregoriano, sereis como uma vela apagada que já não mais ilumina, e não mais atrai a si os olhos e as mentes dos homens.

Seja como fôr, filhos caríssimos, os pedidos dos quais falámos acima referem-se a uma realidade tão grave que neste momento não Nos é possível de aceder, anulando as normas do Concílio e as Instruções mencionadas. Exortamo-vos portanto que calorosamente pondereis bem sobre todos os aspectos desta questão tão complexa. Pela benevolência com que vos envolvemos, e pela boa estima com que vos acompanhamos, não queremos permitir aquilo que poderia ser causa de uma queda, para pior, de não breve malefício e decerto de mal-estar e tristeza para toda a Igreja. Permiti-Nos, ainda que contra a vossa vontade, que defendamos a vossa causa. A Igreja, que por razões de índole pastoral, isto é, para o bem do povo que não sabe latim, introduziu as línguas nacionais na sagrada Liturgia, dá-vos o mandato de proteger a tradicional dignidade, a beleza, e a gravidade do Ofício coral, seja na língua como no canto.

Assim, com um coração sincero e dócil, sede obedientes às prescrições que não surgiram por um amor exagerado aos modos antigos, mas propostas antes pela caridade paterna que temos por vós e aconselhadas pelo zelo para com o culto divino.

Enfim, concedemo-vos de coração no Senhor a vós e aos vossos religiosos a Bênção Apostólica, propiciadora dos dons celestes e testemunha da boa disposição do nosso ânimo.

Dada em Roma, junto a S. Pedro, a 15 de Agosto do ano de 1966, festa da Assumpção da Virgem Maria, quarto do Nosso Pontificado.

PAULO PP. VI

Notitiae 2 (1966), pp. 252-255

domingo, 16 de dezembro de 2012

Antífonas do Ó / Oitava antes do Natal

Nossa Senhora do Ó, Évora.
Estas antífonas cantam-se durante a oitava antes do Natal (17 a 24 de Dezembro).

Cantam-se no Magnificat durante as Vésperas da Liturgia das Horas. E cantam-se também no lugar dos versículos aleluiáticos para aclamar o Evangelho das Missas feriais destes dias (cfr. Leccionário Ferial do Advento).

São um conjunto de 7 antífonas, baseadas integralmente em textos bíblicos, com os quais invocamos a vinda do Messias, nos seus vários títulos:
As iniciais da primeira palavra depois do O , lidas para trás, formam o acróstico ERO CRAS, «Amanhã estarei [convosco]», que é a resposta de Cristo à oração do Povo de Deus. São textos riquíssimos que certamente nos ajudam a preparar a meditação para o festa do Natal do Senhor. Não deixeis de acompanhar as meditações de Dom Gueranger para cada dia (seguir os elos acima indicados).

Segue-se uma cábula (em PDF) com as 7 antífonas em Latim segundo a ordem do Ofício Divino e da Ordo Lectionum, e sua tradução Portuguesa oficial:



Deixo-vos ainda uma transcrição destas melodias para o Português (PDF).



Proporia, então, que nas Missas feriais destes dias cantássemos o refrão aleluiático próprio desta semana, juntamente com a antífona do dia no lugar do versículo.

Nos dias que calharem na 3ª semana do Advento / Hebdomada III Adventus, o Alleluia Excita Domine, só até à bara dupla, seguido da antífona do Ó para esse dia, isto é, omitindo o versículo fixo que vem indicado no Graduale Romanum:


No 4º Domingo do Advento, cantamos o Alleluia completo da Hebdomada IV Adventus, que é o Alleluia Veni Domine, e nas missas feriais da 4ª semana cantamos o refrão deste Alleluia seguido da antífona do dia (ou melhor, do dia seguinte, uma vez que no Domingo não se cantou a antífona do Ó na Missa; deste modo chegaremos ao dia 24 de manhã ainda com um versículo para cantarmos na Missa):


Os modos gregorianos das peças em questão são diferentes, mas - como dizia Dom Cardine - o modo de cada peça é o modo como cada peça é. 

Deixo-vos um artigo que explica o significado destas antífonas:

Adviento en la música. Siete antífonas, para redescubrirlas a todas

Se cantan una por día, durante el recitado del Magnificat en las Vísperas. Son muy antiguas y valiosísimas, con referencias a las profecías del Mesías. Sus iniciales forman un acróstico. Transcriptas a continuación, con la clave de lectura

por Sandro Magister



ROMA, 17 de diciembre de 2008 – Desde hoy hasta la vigilia anterior a la de Navidad, en el momento que se recita el Magnificat, en la oración de Vísperas del rito romano, se cantan siete antífonas, una por día, cada una de las cuales comienza con una invocación a Jesús, quien en este caso nunca es llamado por su nombre.

Este septenario es muy antiguo, se remite a la época del papa Gregorio Magno, alrededor del año 600. Las antífonas están en latín y se inspiran en textos del Antiguo Testamento que anuncian al Mesías.

Al comienzo de cada antífona, en ese orden diario, Jesús es invocado como Sabiduría, Señor, Raíz, Llave, Sol, Rey, Emmanuel. En latín: Sapientia, Adonai, Radix, Clavis, Oriens, Rex, Emmanuel.

Leídas a partir de la última, las iniciales latinas de esas palabras forman un acróstico: "Ero cras", es decir, "Será mañana". Es el anuncio del Señor que viene. La última antífona, que completa el acróstico, se canta el 23 de diciembre y al día siguiente, con las primeras vísperas, comienza la fiesta de Navidad.

Quien extrajo del olvido estas antífonas ha sido, inesperadamente, "La Civiltà Cattolica", la revista de los jesuitas de Roma que se edita con el control previo de la Secretaría de Estado vaticana.

Es inusitado también el puesto de honor otorgado al artículo que comenta las siete antífonas, escrito por el padre Maurice Gilbert, director de la sede de Jerusalén del Pontificio Instituto Bíblico. El artículo abre el número previo a Navidad de la revista, donde normalmente se publica el editorial.

En el artículo, el padre Gilbert comenta las antífonas una por una. Muestra las riquísimas referencias a los textos del Antiguo Testamento y destaca una particularidad: las tres últimas antífonas incluyen algunas expresiones que se explican únicamente a la luz del Nuevo Testamento.

La antífona "O Oriens" del 21 de diciembre incluye una clara referencia al "Benedictus", el cántico de Zacarías inserto en el capítulo 1 del Evangelio de san Lucas: "Nos visitará el sol que nace de lo alto, para iluminar a los que viven en tiniebla y en sombras de muerte".

La antífona "O Rex" del 22 de diciembre incluye un pasaje del himno a Jesús del capítulo 2 de la epístola de san Pablo a los Efesios: "El que de dos [es decir, judíos y paganos] ha hecho una sola cosa".

La antífona "O Emmanuel" del 23 de diciembre se concluye al final con la invocación "Dominus Deus noster": una invocación exclusivamente cristiana, porque solamente los seguidores de Jesús reconocen en el Emmanuel a su Señor y Dios.

Aquí entonces, inmediatamente a continuación, los textos íntegros de las siete antífonas, en latín y traducidas, resaltando las iniciales que forman el acróstico "Ero cras" y, entre paréntesis, las principales referencias al Antiguo y al Nuevo Testamento:


I – 17 de diciembre

O SAPIENTIA, quae ex ore Altissimi prodiisti,
attingens a fine usque ad finem fortiter suaviterque disponens omnia:
veni ad docendum nos viam prudentiae.

Oh Sabiduría que sales de la boca del Altísimo (Eclesiástico 24, 3),
te extiendes hasta los confines del mundo y dispones todo con suavidad y firmeza (Sabiduría 8, 1):
ven a enseñarnos el camino de la prudencia (Proverbios 9, 6).


II – 18 de diciembre

O ADONAI, dux domus Israel,
qui Moysi in igne flammae rubi apparuisti, et in Sina legem dedisti:
veni ad redimendum nos in brachio extenso.

Oh Señor (Éxodo 6, 2 Vulgata), guía de la casa de Israel,
que apareciste ante Moisés en la zarza ardiente (Éxodo 3, 2) y en el Monte Sinaí le diste la Ley (Éxodo 20):
ven a liberarnos con brazo poderoso (Éxodo 15, 12-13).


III – 19 de diciembre

O RADIX Iesse, qui stas in signum populorum,
super quem continebunt reges os suum, quem gentes deprecabuntur:
veni ad liberandum nos, iam noli tardare.

Oh Raíz de Jesé, que te elevas como bandera de los pueblos (Isaías 11, 10),
callan ante ti los reyes de la tierra (Isaías 52, 15) y las naciones te invocan:
ven a liberarnos, no tardes (Habacuc 2, 3).


IV – 20 de diciembre

O CLAVIS David et sceptrum domus Israel,
qui aperis, et nemo claudit; claudis, et nemo aperit:
veni et educ vinctum de domo carceris, sedentem in tenebris et umbra mortis.

Oh Llave de David (Isaías 22, 22), cetro de la casa de Israel (Génesis 49, 10),
que abres y nadie puede cerrar; que cierras y nadie puede abrir:
ven, libera de la cárcel al hombre prisionero, que yace en tinieblas y en sombras de muerte (Salmo 107, 10.14).


V – 21 de diciembre

O ORIENS, splendor lucis aeternae et sol iustitiae:
veni et illumina sedentem in tenebris et umbra mortis.

Oh Sol que naces de lo alto (Zacarías 3, 8; Jeremías 23, 5), esplendor de la luz eterna (Sabiduría 7, 26) y sol de justicia (Malaquías 3, 20):
ven e ilumina a quien yace en tinieblas y en sombras de muerte (Isaías 9, 1; Evangelio según san Lucas 1, 79).


VI – 22 de diciembre

O REX gentium et desideratus earum,
lapis angularis qui facis utraque unum:
veni et salva hominem quem de limo formasti.

Oh Rey de los gentiles (Jeremías 10, 7), esperado por todas las naciones (Ageo 2, 7), piedra angular (Isaías 28, 16) que reúnes en uno a judíos y paganos (Epístola a los Efesios 2, 14):
ven y salva al hombre que has creado usando el polvo de la tierra (Génesis 2, 7).


VII – 23 de diciembre

O EMMANUEL, rex et legifer noster,
expectatio gentium et salvator earum:
veni ad salvandum nos, Dominus Deus noster.

Oh Emmanuel (Isaías 7, 14), nuestro rey y legislador (Isaías 33, 22),
esperanza y salvación de los pueblos (Génesis 49, 10; Evangelio según san Juan 4, 42):
ven a salvarnos, oh Señor Dios nuestro (Isaías 37, 20).

__________


La revista en la que se publicó el artículo del padre Maurice Gilbert, "Le antifone maggiori dell'Avvento":

> La Civiltà Cattolica

__________


Traducción en español de José Arturo Quarracino, Buenos Aires, Argentina.


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17.12.2008 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Música própria para as Exéquias e Missa de defuntos / Liturgia defunctorum

Nota prévia: para a melhor execução destes cânticos, recomenda-se a frequência dos cursos com Monsenhor Alberto Turco.

Cânticos para o velório

Quando o corpo do defunto fôr depôsto no féretro, podem cantar-se estas antífonas com seus salmos:


Apud Dominum misericórdia et copiosa apud eum redémptio, com o salmo 129 - De profundis:





Memento mei Dómine Deus dum véneris in regnum tuum, com o salmo 22:




Missa

Por ocasião do 30º dia do falecimento da minha avó, reuni um grupo de jovens amigos totalmente inexperientes no canto sacro e mais 2 membros da Capella, e ensaiei com eles o reportório da missa de Requiem, que incluiu as seguintes peças:

Missa de Requiem - 9 de Dezembro de 2011

Intróito e Gradual do Graduale Novum, na versão restaurada do Graduale Romanum, livro editado a pedido da Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium, nº 117, a qual disse: «Procure terminar-se a edição típica dos livros de canto gregoriano; prepare-se uma edição mais crítica dos livros já editados depois da reforma de S. Pio X.».

Aleluia, Ofertório e Comunhão do Graduale Simplex, edição que responde ao mesmo nº do mesmo documento: «Convirá preparar uma edição com melodias mais simples para uso das igrejas menores.»

Para ensaiar as peças, criei uma playlist no Youtube, e distribui-a aos cantores para cada um ensaiar por si:


Ensaiámos uma vez na mesma semana da missa, e no próprio dia antes da missa. Gravámos um excerto do intróito da Missa, que considero um bom exemplo do que se poderá fazer em qualquer paróquia, haja vontade para tal:


Volto a frisar que cantaram homens na casa dos 20 sem quaisquer conhecimentos prévios de canto gregoriano, leitura de partituras musicais, ou técnica vocal, sob a direcção de um maestro (eu) sem preparação e que não havia nunca até à data dirigido um côro. A reacção de celebrante e assembleia, no final da missa, foi calorosa e agradecida.

Esta participação numa missa ferial teve também as particularidades de ter sido acompanhada a órgão, em quase todas as peças, e de ter sido proclamada a 1ª Leitura em português, segundo a entoação gregoriana proposta para o efeito no Graduale Romanum. A todos os que permitiram que isto acontecesse, os meus sinceros agradecimentos.

Outra gravação do intróito Requiem, pelo projecto eslovaco graduale:




Não deixeis de escutar (ou ler) a meditação do Padre Paulo Ricardo sobre o hino Dies irae. Este poema forma a Sequência que se canta antes do Evangelho na Missa de Defuntos na Forma Extraordinária do Rito Romano (Missa Tridentina), mas na Forma Ordinária (Pós-Vaticano II) ainda pode ser cantada durante as Laudes e Vésperas da Liturgia das Horas na 34ª semana do t.c., depois do Domingo de Cristo-Rei.


Ainda sôbre esta seqüência escreveu Bruder Jakob:
È stato per secoli uno dei canti liturgici più conosciuti e diffusi sia nella liturgia sia nell’ambito della vita sociale quotidiana. L’esplicito riferimento alla morte e al giudizio finale ne hanno fatto un testo meditato con un profondo sentimento di speranza nella misericordia di D-i-o; ma non mancano situazioni che sfuggono alla fede e alla razionalità per sfociare nell’universo nebbioso della superstizione e del grottesco fantastico. Per tanti motivi il Dies irae ha destato attenzione in campo musicale, tanto che è difficile calcolare il numero delle sue elaborazioni vocali e strumentali. Alcuni temi della versione tradizionale – che si può far risalire al secolo XII-XIII – hanno offerto lo spunto per nuove musiche polifoniche e orchestrali sino alla recente composizione del gallese Karl Jenkins inserita nella messa da Requiem. Per non parlare delle tante citazioni sparse in altre opere come la Sinfonia fantastica di Berlioz, la Danza macabra e il Mefisto Valzer di Liszt, alcune composizioni di Rachmaninoff.
Il Dies irae proviene dalla rilettura di vari testi presenti nella tradizione cristiana a partire da un passo del profeta Sofonia (1, 15-16). Non mancano paralleli in alcuni canti liturgici della liturgia dei defunti, nonché espressioni desunte dal vocabolario giuridico romano e patristico. Non è escluso che almeno una parte del Dies irae sia stato concepito quale tropo del responsorio Libera. Altri elementi confluiti dalla redazione testuale sembrano derivare, secondo VELLERKOOP, dal patrimonio simbolico. Il processo creativo del testo si attesta probabilmente prima come preghiera poetica, modificata e assunta in un secondo tempo come sequenza. Il testo è formato da versi trocaici a rima baciata (aaa bbb ccc …). Quest’ultimo è un elemento che distingue il Dies irae, ad esempio, dalla tessitura delle sequenze parigine (aab ccb dde ffe …).
La sequenza nella forma classica presenta una melodia ripetuta su due strofe (aa bb cc dd …).. Nel Dies irae la struttura è complessa, sembra quasi amplificare l’impianto arcaico delle sequenze a doppio corso (aa bb cc aa bb cc …):
sezioni melodie strofe
I ABC 1-2, 7-8, 13-14
II ABC 3-4, 9-10, 15-16
III ABC 5-6, 11-12, 17
IV AB 18
V AB 19
VI AB 20
Preghiera divenuta musica, la sequenza è un canto che esprime la fede del popolo cristiano, la prospettiva che si apre a ogni credente mentre s’avvicina all’incontro faccia a faccia con D-i-o. Alcune espressioni rivelano una cultura che lascia oggi perplessi, ma occorre leggere e meditare e cantare il Dies irae con l’orecchio teso a recepire le parole del poema all’interno della tradizione orante della Chiesa. Tutti gli uomini – rappresentati qui dalla cultura ebraica (Davide) e classica europea (la Sibilla) – potrebbero immaginano nel momento del giudizio universale una dissoluzione catastrofica del mondo, ridotto ormai a cenere e brace. Tremore e panico pervadono ogni realtà nel momento in cui giunge il giudice cui nulla sfugge, il cui sguardo non può essere fermato da nessuna astuzia umana. Ci troviamo quindi in un momento assai critico. C’è da tapparsi le orecchie per non udire il frastuono di una tromba che infila le sue vibrazioni in ogni tomba e le sconquassa. Che pensare? Siamo liberi ormai dalla morte o siamo pressati sotto il trono del giudice che implacabile ci condannerà senza scampo?
Si potrebbe andare avanti nel leggere la sequenza con occhiali che oscurano l’orizzonte, con la sensazione crescente che ormai non c’è più nulla da fare, più nulla da sperare. Nel punto preciso in cui si avverte che ormai non c’è più possibilità di ritorno, di scampare all’ira divina, la liturgia fa echeggiare nei vocaboli una risonanza diversa.
La sequenza non è un canto pagano piagnucolato da una massa incredula o gridato da un cuore disperato. La sequenza parte dalla situazione paganeggiante in cui viviamo anche se cristiani, con le nostre abitudini sociali e mentali che sono sfuggite alla conversione del Vangelo. Ma forse resta ancora qualche cosa, risuona un’eco lontana, si fa strada una voce, la speranza. Sì, c’è senz’altro un trombone che getta confusione e mette paura. Ma non esiste soltanto la tuba del Dies irae. Beata con la paura che riesce a zittire il chiacchiericcio interiore.
In un momento di silenzio forse riusciamo di nuovo ad ascoltare non più noi stessi, ma LUI. E con la tremolante mano tesa dell’accattone riusciamo a cogliere altri canti. Un canto diverso ora risuona e ci avvolge: Exultet iam angelica turba caelorum … et pro tanti regis victoria tuba intonet salutaris. Certo, quando risorgeremo per rispondere al giudice, saranno sorprese e la morte e la natura, ma sarà sempre poca cosa, anzi nulla, a confronto con lo stupore travolgente di quando Cristo è risorto.
Nell’ottica pasquale della morte e risurrezione del Verbo incarnato, le asperità della sequenza sono smussate e mitigate. I nostri tradimenti svaniscono alla luce della fedeltà di D-i-o. I nostri peccati – O felix culpa! – evidenziano ancor di più la grazia redentrice. Il peccatore si rianima, il giusto trova serenità nell’umile gratitudine che fa della sua vita un rendimento di grazie, memoria e prolungamento dell’Eucaristia. La vittoria del re sulla morte rivela la sua dolcezza. È la fonte dell’amore misericordioso che trasfigura l’immagine, ingigantita dai nostri malaffari, del re spietato, terrificante.
Così riprende con maggior respiro la preghiera. Abbiamo ricuperato la fiducia in Qualcuno che talora stentiamo a riconoscere. Il Verbo di D-i-o, che si è reso visibile, che si è potuto avvicinare e toccare, proprio a causa mia ha lasciato la sede paterna, si è messo in viaggio, ha girovagato per le strade del Medio Oriente per cercarmi. Di porta in porta ha bussato, ha incontrato tante persone ferme a discutere oppure a oziare. A tutti ha rivolto lo sguardo, fino allo stremo ha guardato tutti per vedere me. Non sia stata vana tutta quella fatica! Ora abbiamo la forza di reggere la presenza del giudice perché comprendiamo che solo da Lui viene la giustizia, che solo in Lui potremo essere giusti accogliendo, sempre da Lui, il perdono, la remissione delle colpe. Quando non troviamo parole per dirgli le nostre pene e confessare le nostre colpe, sarà l’arrossire a svelargli con il nostro imbarazzo anche il desiderio di metterci alla sua presenza, di aprirgli il nostro cuore. Sempre consapevoli che le preghiere non saranno mai adeguate a esprimere la preghiera della nostra vita. Siamo in compagnia della Maddalena, del buon Ladrone, di quanti hanno ricuperato la dimensione della speranza abbandonandosi alla sua misericordia. Con i santi attendiamo con ansia di raggiungere i beati. Sarà un giorno di pianto, ma le lacrime della vergogna e della sofferenza si trasformeranno in lacrime di gioia. Pie Iesu Domine, Tu ora ci chiami, Tu ci inviti a entrare nel tuo riposo.


Gravação do ofertório Domine Iesu Christe, pelo eslovaco:



Improviso para órgão inspirado nos intróito e comunhão Lux æterna da missa dos mortos:



Escutai também as seguintes versões polifónicas para a Missa pelos defuntos:

Missa a 6 vozes, do Frei Manuel Cardoso:



Missa a 6 vozes, de Filipe de Magalhães:



Benedictus e Agnus Dei a 8 vozes da Missa pro defunctis de Gonçalo Mendes Saldanha:



Missa a 8 vozes de Duarte Lobo:

Introitus



Kyrie



Graduale



Offertorium



Sanctus



Agnus Dei



Communio



Missa de Manuel Mendes:

Introitus



Kyrie



Versículo do Gradual Responsorial




*

Gravação de 12-7-2018:
Iglesia de la Colegiata de Pastrana https://www.facebook.com/MuseoParroquialDeTapicesDePastrana
Academia de Polifonia Espanhola https://www.facebook.com/polifoniaespanola
Padre Áron OSB https://www.facebook.com/kelemen.a.osb
Cantores Sancti Gregorii https://www.facebook.com/cantoressanctigregorii
Missa Requiem de Francisco Guerrero

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Música Própria da 24ª Semana do Tempo Comum / Hebdomada XXIV per annum

Partituras:
Próprio completo (PDF)
Ofertório com versículos (PDF)

Traduções Portuguesas do Próprio (GDrive)

«Poder fazer penitência é uma graça de Deus»

24º Domingo do Tempo Comum, ano A



Cântico de Entrada Da pacem Domine sustinentibus te
e a Antífona Salve Regina , numa versão mais antiga e solene, cantada pelos Cantori Gregoriani, com a majestosa explicação do seu maestro, Fúlvio Rampi.




Comentário de Tiago Barófio sôbre êste intróito.





Salmo responsorial para a Missa de Sábado, ano par:
Na presença do Senhor, andarei na luz da vida.




Canta-se a Alleluia Timébunt gentes, aqui na voz do francês:




Ofertório Sanctificauit Moyses, pelo francês:




Ofertório no ano C: Precatus est Moyses in conspectu Domini Dei sui (a partir dos 5:37)



Comunhão Tollite hóstias, aqui cantada pelo Pêro Emanuel Desmazeiros:



No Domingo do Ano B canta-se Qui vult venire.
No Domingo do Ano C canta-se Dico vobis: Gaudium.
Na 2ª feira dos anos ímpares canta-se Hoc corpus quod pro vobis tradétur.

sábado, 7 de maio de 2011

Por que é que o Canto Gregoriano é melhor para cantar a missa?

Um leitor do Padre Z. pergunta e o pe. responde. A resposta é essencialmente litúrgica, logo cristocênctrica, com ênfase na adequação ao objectivo primeiro e último da liturgia eucarística: o culto de Deus, por Cristo Seu Filho, que se oferece como oferenda, oblação e sacerdote (com algumas considerações estéticas de permeio).
Se o assunto lhe interessa, leia também os comentários dos leitores do blogue, alguns dos quais são muito instrutivos nesta matéria:
From a reader:
Forgive me my ignorance – I am a relatively new Catholic, coming from the Methodist tradition. Why is Gregorian Chant more appropriate for Mass than “Gather Us In?” I like “Gather Us In.” It is singable even for the unmusical among us, and it reminds us that Jesus calls each of us by name.
As a preamble, music for liturgical worship is not a mere add on or decoration. It is liturgical worship. Therefore the texts used should be sacred texts. The texts of those ditties [NdE: cançonetas] mentioned in the question are not sacred, liturgical texts. They are not the prayer of the Church. Moreover, the music for liturgical worship should be art. The ditties mentioned above are not art. In fact, they are at about the level of the theme-song of Gilligan’s Island. They are not worthy of use in the sacred liturgy. They are just bad music.

When we sing hymns or ditties in the place of the assigned texts of Mass, we cut the legs out from under our proper liturgical worship and shortchange ourselves, obscuring what Christ the High Priest wants to give us through Holy Church’s choice for our liturgy.

Another view is that the Church herself told us what music should be preferred: Gregorian chant and polyphony. I think we should do as the Council asked.

If we think we need music of no greater depth than the old Armour hot dog commercial tune in order to feel we are being “called by name” by Jesus, then we are in serious trouble. Game over.

The ditties mentioned above, and their like, foster a purely immanent sense of God and what goes on during liturgical worship, underscoring a notion that what we do in church is all about what we do and suppressing the essentially important dimension of God’s mystery and transcendence, without which we cannot have true Catholic liturgical worship of God according to the virtue of religion and a properly oriented Catholic identity.

This is all very black and white and brutal, but I wanted to be brief and get out one view of the question. There are other points of view, which I am sure readers will share.

This’ll be good.
E, com efeito, alguns dos comentários merecem destaque:
To put it as brutally as possible, “Gather Us In” is camp. It takes the seriousness of the occassion and injects frivolousness. And let me make a very important point: It does not matter if the lyrics are theologically and doctrinally sound. The music itself is frivolous. Here’s a helpful test. Remove the lyrics and listen to the music. Does this music sound like it would perfectly at home in/at:

A. A rock concert
B. A new-age aroma therapy/massage parlor
C. A merry-go-round or organ-grinder with monkey
D. A Broadway Musical
E. A Church

If the answer is anything other than E, throw it out!
Um outro:
I think that the converse of the Vatican II statement, “The Church acknowledges Gregorian chant as specially suited to the Roman liturgy,” is that if a priest is celebrating the Roman liturgy in such a away that Gregorian chant is not suitable, then the liturgy is not being celebrated correctly.
E, finalmente, o comentário mais estruturado, o qual recorda que os hinos tradicionais gregorianos vêm da Liturgia das Horas e que é esse o seu lugar:
Just a quick explanation of what we are talking about when we refer to Gregorian chant, and what makes it integral to the Mass rather than an add-on:

The parts of the Mass that are meant to be sung can be divided into the “ordinary” parts, which are always the same, and the “proper” parts, which change each day. The “proper” parts of the Mass include, among other things, texts meant to be sung during the entrance procession, at the offertory, and during communion. These texts are given in Latin with their traditional Gregorian chant melodies in an official liturgical book called the Roman Gradual. (There is another set of proper texts contained in the Roman Missal, which are intended for spoken, rather than sung, Masses. The Missal does not contain music for these.) These proper texts are assigned for each day of the year in the same way as the readings in the Lectionary. We can’t just open the Bible and pick any readings we want; we have to use the ones assigned by the Church. This is supposed to be how the music at Mass works too.

In the Extraordinary Form, the proper texts must always be sung in a High Mass. You can add extra music if you have time, but you can’t omit the propers. The Ordinary Form, however, permits “another suitable song” to be used their place. That option, while not preferable, has become the default, which is why at most parishes, there are four hymns sung during Mass and no one even knows that the propers exist. Our liturgical worship is greatly impoverished as a result.

Of course, there is nothing intrinsically wrong with hymns (although some, like “Gather Us In”, lack artistic merit and are doctrinally questionable.) Hymns have a long history of use in the Divine Office (where they actually are liturgical texts) and in devotional prayer. The way they are currently used at Mass, though, is problematic. Allowing anyone to choose any song they want opens a giant loophole for individual musicians and liturgists to impose their own preferences and theological views on the Church’s public worship. This contributes to making the liturgy radically different from one parish to another and thus weakens our Catholic identity.
Chegámos a esta entrada através de uma outra do The Recovering Choir Director, ele próprio autor de vários textos sobre o problema.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Encíclica Musicæ Sacræ Disciplina do Papa Pio XII (1955)

O Papa Pio XII
Este documento vem atestar as união e continuidade dos sucessivos Pontificados - entre os quais o do Papa S. Pio X, autor do já nosso conhecido Tra le sollecitudini - anteriores ao Concílio Vaticano II, e reveste-se de grande utilidade para edificação e esclarecimento dos cantores de hoje a respeito dos objectivos da reforma litúrgica ratificada na década de 1960. Dentre as variedade e profundidade dos assuntos abordados, destacaríamos após uma 1ª leitura apressada:
  • a breve história da música sacra e sua ininterrupta tradição ao longo dos séculos, não obstante a inculturação aos vários povos e seus ritos específicos, e a criação de novos cânticos inspirados nos antigos;
  • o valor apostólico do músico litúrgico enquanto facilitador da participação activa e consciente nos mistérios sagrados, e a sua justa recompensa em Cristo;
  • a importância da música, tanto da local como da gregoriana, nos territórios pagãos em Missão;
  • o valor nobilíssimo da música em relação às outras artes sacras, por serem estas meras circunstâncias da liturgia, enquanto aquela é-a na essência;
  • a necessidade de sujeição e obediência do artista à lei divina, e à da Santa Sé;
  • a destrinça entre música sacra litúrgica e não-litúrgica, e os seus altos valores respectivos e diferentes;
  • considerações prácticas relacionadas com a formação musical dos cantores e Presbíteros a serem tomadas em conta pelos Senhores Bispos nas suas dioceses.







Aos veneráveis irmãos Patriarcas, Primazes,
Arcebispos, Bispos e outros Ordinários de lugar,
em paz e comunhão com a Sé Apostólica


INTRODUÇÃO

1. Sempre tivemos sumamente em consideração a disciplina da música sacra; donde haver-nos parecido oportuno tratar ordenadamente dela, e, ao mesmo tempo, elucidar com certa amplitude muitas questões surgidas e discutidas nestes últimos decênios, a fim de que esta nobre e respeitável arte contribua cada vez mais para o esplendor do culto divino e para uma mais intensa vida espiritual dos fiéis. Quisemos, a um tempo, vir ao encontro dos votos que muitos de vós, veneráveis irmãos, na vossa sabedoria, exprimistes, e que também insignes mestres desta arte liberal e exímios cultores de música sacra formularam por ocasião de Congressos sobre tal matéria, e ao encontro também de tudo quanto a esse respeito têm aconselhado a experiência da vida pastoral e os progressos da ciência e dos estudos sobre esta arte. Assim, nutrimos esperança de que as normas sabiamente fixadas por São Pio X no documento por ele com toda razão chamado "código jurídico da música sacra"(1) serão novamente confirmadas e inculcadas, receberão nova luz, e serão corroboradas por novos argumentos; de tal sorte que a nobre arte da música sacra, adaptada às condições presentes e, de certo modo, enriquecida, corresponda sempre mais à sua alta finalidade.


I.
HISTÓRIA


2. Entre os muitos e grandes dons de natureza com que Deus, em quem há harmonia de perfeita concórdia e suma coerência, enriqueceu o homem, criado à sua "imagem e semelhança",(2) deve-se incluir a música, que, juntamente com as outras artes liberais, contribui para o gozo espiritual e para o deleite da alma. Com razão assim escreve dela Agostinho: "A música, isto é, a doutrina e a arte de bem modular, como anúncio de grandes coisas foi concedida pela divina liberalidade aos mortais dotados de alma racional".(3)


No Antigo Testamento e na Igreja primitiva
3. Nada de admirar, pois, que o canto sacro e a arte musical também tenham sido usados, conforme consta de muitos documentos antigos e recentes, para ornamento e decoro das cerimônias religiosas sempre e em toda parte, mesmo entre os povos pagãos; e que sobretudo o culto do verdadeiro e sumo Deus desde a antiguidade se tenha valido dessa arte. O povo de Deus, escapando incólume do mar Vermelho por milagre do poder divino, cantou a Deus um cântico de vitória; e Maria, irmã do guia Moisés, dotada de espírito profético, cantou ao som dos tímpanos, acompanhada pelo canto do povo.(4) E, posteriormente, enquanto se conduzia a arca de Deus da casa de Abinadab para a cidade de Davi, o próprio rei e "todo Israel dançavam diante de Deus com instrumentos de madeira trabalhada, cítaras, liras, tímpanos, sistros e címbalos".(5) O próprio rei Davi fixou as regras da música a usar-se no culto sagrado, e do canto;(6) regras que foram restabelecidas após o regresso do povo do exílio, e fielmente conservadas até a vinda do divino Redentor. Depois, que na Igreja fundada pelo divino Salvador o canto sacro desde o princípio estivesse em uso e honra, é claramente indicado por são Paulo apóstolo, quando aos efésios assim escreve: "Sede cheios do Espírito Santo, recitando entre vós salmos e hinos e cânticos espirituais"(7) e que esse uso de cantar salmos estivesse em vigor também nas assembléias dos cristãos, indica-o ele com estas palavras: "Quando vos reunis, alguns entre vós cantam o salmo".(8) E que o mesmo acontecesse após a idade apostólica é atestado por Plínio, que escreve haverem os que tinham renegado a fé afirmado que "esta era a substância da falta de que eram inculpados, a saber: o costumarem a reunir-se num dado dia antes do aparecer da luz e cantarem um hino a Cristo como a Deus".(9) Essas palavras do procônsul romano da Bitínia mostram claramente que nem mesmo no tempo da perseguição emudecia de todo a voz do canto da Igreja; isto confirma-o Tertuliano quando narra que nas assembléias dos cristãos "se lêem as Escrituras, cantam-se salmos, promove-se a catequese".(10)


O canto gregoriano
4. Restituída à Igreja a liberdade e a paz, muitos testemunhos se tem, dos padres e dos escritores eclesiásticos, que confirmam serem de uso quase diário os salmos e os hinos do culto litúrgico. Antes, pouco a pouco se criaram mesmo novas formas e se excogitaram novos gêneros de cantos, cada vez mais aperfeiçoados pelas escolas de música, especialmente em Roma. O nosso predecessor, de feliz memória, são Gregório Magno, consoante a tradição reuniu cuidadosamente tudo o que havia sido transmitido, e deu-lhe sábia ordenação, provendo, com oportunas leis e normas, a assegurar a pureza e a integridade do canto sacro. Da santa cidade a modulação romana do canto aos poucos se introduziu em outras regiões do ocidente, e não somente ali se enriqueceu de novas formas e melodias, como também começou mesmo a ser usada uma nova espécie de canto sacro, o hino religioso, às vezes em língua vulgar. O próprio canto coral, que, pelo nome do seu restaurador, são Gregório, começou a chamar-se "Gregoriano", a começar dos séculos VIII e IX, em quase todas as regiões da Europa cristã, adquiriu novo esplendor, com o acompanhamento do instrumento musical chamado "órgão".


O canto polifónico
5. A partir do seculo IX, pouco a pouco a esse canto coral se juntou o canto polifônico, cuja teoria e prática se precisaram cada vez mais nos séculos subseqüentes, e que, sobretudo no século XV e no XVI, por obra de sumos artistas alcançou admirável perfeição. A Igreja também teve sempre em grande honra este canto polifônico, e de bom grado admitiu-o para maior decoro dos ritos sagrados nas próprias basílicas romanas e nas cerimônias pontifícias. Com isso se lhe aumentaram a eficácia e o esplendor, porque à voz dos cantores se aditou, além do órgão, o som de outros instrumentos musicais.


A vigilância da Igreja
6. Desse modo, por impulso e sob os auspícios da Igreja, a disciplina da música sacra no decurso dos séculos percorreu longo caminho, no qual, embora talvez com lentidão e a custo, paulatinamente realizou contínuos progressos: das simples e ingênuas melodias gregorianas até às grandes e magníficas obras de arte, a que não só a voz humana, mas também o órgão e os outros instrumentos aduzem dignidade, ornamento e prodigiosa riqueza. O progresso dessa arte musical, ao passo que mostra claramente o quanto a Igreja se tem preocupado com tornar cada vez mais esplêndido e agradável ao povo cristão o culto divino, por outra parte explica como a mesma Igreja tenha tido, às vezes, de impedir que se ultrapassem nesse terreno os justos limites, e que, juntamente com o verdadeiro progresso, se infiltrasse na música sacra, deturpando-a, certo quê de profano e de alheio ao culto sagrado.

7. A esse dever de solícita vigilância sempre foram fiéis os sumos pontífices; e também o concílio de Trento sabiamente proscreveu: "as músicas em que, ou no órgão ou no canto, se mistura algo de sensual e de impuro",(11) Deixando de parte não poucos outros papas, o nosso predecessor de feliz memória Bento XIV, em carta encíclica de 19 de Fevereiro de 1749, em preparação ao ano jubilar, com abundante doutrina e cópia de argumentos exortou de modo particular os bispos a proibirem por todos os meios, os reprováveis abusos que indebitamente se haviam introduzido na música.(12) O mesmo caminho seguiram os nossos predecessores Leão XII, Pio VIII,(13) Gregório XVI, Pio IX, Leão XIII.(14) Todavia, em bom direito pode-se afirmar haver sido o nosso predecessor, de feliz memória, São Pio X, quem realizou uma restauração e reforma orgânica da música sacra, tornando a inculcar os princípios e as normas transmitidos pela antiguidade, e oportunamente reordenando-os segundo as exigências dos tempos modernos.(15) Finalmente, tal como o nosso imediato predecessor Pio XI, de feliz memória, com a constituição apostólica "Divini cultus sanctitatem", de 20 de Dezembro de 1929,(16) também nós mesmos, com a encíclica "Mediator Dei", de 20 de novembro de 1947, ampliamos e corroboramos as prescrições dos pontífices precedentes.(17)

II.
A ARTE E SEUS PRINCÍPIOS NA LITURGIA

8. A ninguém, certamente, causará admiração o facto de interessar-se tanto a Igreja pela música sacra. Com efeito, não se trata de ditar leis de carácter estético ou técnico a respeito da nobre disciplina da música; ao contrário, é intenção da Igreja que esta seja defendida de tudo que possa diminuir-lhe a dignidade, sendo, como é, chamada a prestar serviço num campo de tamanha importância como é o do culto divino.


A liberdade do artista deve estar sujeita à lei divina
9. Nisto a música sacra não obedece a leis e normas diversas das que regulam todas as formas de arte religiosa, antes a própria arte em geral. Na verdade, não ignoramos que nestes últimos anos alguns artistas, com grave ofensa da piedade cristã, ousaram introduzir nas Igrejas obras destituídas de qualquer inspiração religiosa, e em pleno contraste até mesmo com as justas regras da arte. Procuram eles justificar esse deplorável modo de agir com argumentos especiosos, que eles pretendem fazer derivar da natureza e da própria índole da arte. Afinal, dizem eles que a inspiração artística é livre, que não é lícito subordiná-la a leis e normas estranhas à arte, sejam elas morais ou religiosas, porque desse modo se viria a lesar gravemente a dignidade da arte e a criar, com vínculos e ligames, óbices ao livre curso da acção do artista sob a sagrada influência do estro [entusiasmo artístico, riqueza de imaginação].

10. Com argumentos tais é suscitada uma questão sem dúvida grave e difícil, atinente a qualquer manifestação de arte e a qualquer artista; questão que não pode ser resolvida com argumentos tirados da arte e da estética, mas que, em vez disso, deve ser examinada à luz do supremo postulado do fim último, regra sagrada e inviolável de todo homem e de toda ação humana. De facto, o homem diz ordem ao seu fim último - que é Deus - por força de uma lei absoluta e necessária, fundada na infinita perfeição da natureza divina, de maneira tão plena e perfeita, que nem mesmo Deus poderia eximir alguém de observá-la. Com essa lei eterna e imutável fica estabelecido que o homem e todas as suas ações devem manifestar, em louvor e glória do Criador, a infinita perfeição de Deus, e imitá-la tanto quanto possível. Por isso o homem, destinado por sua natureza a alcançar esse fim supremo, deve, no seu agir, conformar-se ao divino Arquétipo, e nessa direcção orientar todas as faculdades da alma e do corpo, ordenando-as rectamente entre si, e devidamente domando-as para alcançar o seu fim. Portanto, também a arte e as obras artísticas devem ser julgadas com base na sua conformidade, com o fim último do homem; e, por certo, deve a arte contar-se entre as mais nobres manifestações do engenho humano, porque atinente ao modo de exprimir por obras humanas a infinita beleza de Deus, de que é ela o revérbero. Razão pela qual, a conhecida expressão "a arte pela arte" - com a qual, posto de parte aquele fim que é ingênito em toda criatura, erroneamente se afirma que a arte não tem outras leis senão aquelas que promanam da sua natureza, - essa expressão ou não tem valor algum, ou importa grave ofensa ao próprio Deus, Criador e fim último. Depois, a liberdade do artista - liberdade que não é um instinto, cego para a acção, regulado somente pelo arbítrio ou por certa sede de novidade -, pelo facto de estar sujeita à lei divina em nada é coarctada ou sufocada, mas, antes, enobrecida e aperfeiçoada.


A arte religiosa exige artistas inspirados pela fé e pelo amor
11. Isso, se vale para toda a obra de arte, claro é que deve aplicar-se também a respeito da arte sacra e religiosa. Antes, a arte religiosa é ainda mais vinculada a Deus e dirigida a promover o seu louvor e a sua glória, visto não ter outro escopo a não ser o de ajudar poderosamente os fiéis a elevar piedosamente a sua mente a Deus, agindo ela, por meio das suas manifestações, sobre os sentidos da vista e do ouvido. Daí que, o artista sem fé, ou arredio de Deus com a sua alma e com a sua conduta, de maneira alguma deve ocupar-se de arte religiosa; realmente, não possui ele aquele olho interior que lhe permite perceber o que é requerido pela majestade de Deus e pelo seu culto. Nem se pode esperar que as suas obras, destituídas de inspiração religiosa - mesmo se revelam a perícia e uma certa habilidade exterior do autor -, possam inspirar aquela fé e aquela piedade que convêm à majestade da casa de Deus; e, portanto, nunca serão dignas de ser admitidas no templo da igreja, que é a guardiã e o árbitro da vida religiosa.

12. Ao invés, o artista que tem fé profunda e leva conduta digna de um cristão, agindo sob o impulso do amor de Deus e pondo os seus dotes a serviço da religião por meio das cores, das linhas e da harmonia dos sons, fará todo o esforço para exprimir a sua fé e a sua piedade com tanta perícia, beleza e suavidade, que esse sagrado exercício da arte constituirá para ele um acto de culto e de religião, e estimulará grandemente o povo a professar a fé e a cultivar a piedade. Tais artistas são e sempre serão tidos em honra pela Igreja; esta lhes abrirá as portas dos templos, visto comprazer-se no contributo não pequeno que, com a sua arte e com a sua operosidade, eles dão para um mais eficaz desenvolvimento do seu ministério apostólico.
A finalidade da música sacra

13. Essas leis da arte religiosa vinculam com ligame ainda mais estreito e mais santo a música sacra, visto estar esta mais próxima do culto divino do que as outras belas-artes, como a arquitetura, a pintura e a escritura; estas procuram preparar uma digna sede para os ritos divinos, ao passo que aquela ocupa lugar de primeira importância no próprio desenvolvimento das cerimônias e dos ritos sagrados. Por isso, deve a Igreja, com toda diligência; providenciar para remover da música sacra, justamente por ser esta a serva da sagrada liturgia, tudo o que destoa do culto divino ou impede os féis de elevarem sua mente a Deus.

14. E, de facto, nisto consiste a dignidade e a excelsa finalidade da música sacra, a saber, em - por meio das suas belíssimas harmonias e da sua magnificência - trazer decoro e ornamento às vozes quer do sacerdote ofertante, quer do povo cristão que louva o sumo Deus; em elevar os corações dos fiéis a Deus por uma intrínseca virtude sua, em tornar mais vivas e fervorosas as orações litúrgicas da comunidade cristã, para que Deus uno e trino possa ser por todos louvado e invocado com mais intensidade e eficácia. Portanto, por obra da música sacra é aumentada a honra que a Igreja dá a Deus em união com Cristo seu chefe; e, outrossim, é aumentado o fruto que, estimulados pelos sagrados acordes, os fiéis tiram da sagrada liturgia e costumam manifestar por uma conduta de vida dignamente cristã, como mostra a experiência cotidiana e como confirmam muitos testemunhos de escritores antigos e recentes. Falando dos cânticos "executados com voz límpida e com modulações apropriadas", assim se exprime santo Agostinho: "Sinto que as nossas almas se elevam na chama da piedade com um ardor e uma devoção maior por efeito daquelas santas palavras quando elas são acompanhadas pelo canto, e todos os diversos sentimentos do nosso espírito acham no canto uma sua modulação própria, que os desperta por força de não sei que relação oculta e íntima".(18)


Seu papel litúrgico
15. Por aqui, facilmente se pode compreender como a dignidade e a importância da música sacra, seja tanto maior quanto mais de perto a sua acção se relaciona com o acto supremo do culto cristão, isto é, com o sacrifício eucarístico do altar. Não pode ela, pois, realizar nada de mais alto e de mais sublime do que o ofício de acompanhar com a suavidade dos sons a voz do sacerdote que oferece a vítima divina, do que responder alegremente às suas perguntas juntamente com o povo que assiste ao sacrifício, e do que tornar mais esplêndido com a sua arte todo o desenvolvimento do rito sagrado. Da dignidade desse excelso serviço aproximam-se, pois, os ofícios que a mesma música sacra exerce quando acompanha e embeleza as outras cerimônias litúrgicas, e em primeiro lugar a recitação do breviário no coro. Por isso, essa musica "litúrgica" merece suma honra e louvor.


Seu papel extralitúrgico
16. Não obstante isso, em grande estima se deve ter também a música que, embora não sendo destinada principalmente ao serviço da sagrada liturgia, todavia, pelo seu conteúdo e pelas suas finalidades, importa muitas vantagens à religião, e por isso com toda razão é chamada música "religiosa". Na verdade, também este gênero de música sacra - que teve origem no seio da Igreja, e que sob os auspícios desta pôde felizmente desenvolver-se, está, como o demonstra a experiência, no caso de exercer nas almas dos fiéis uma grande e salutar influência, quer seja usada nas igrejas durante as funções e as sagradas cerimônias não-litúrgicas, quer fora de igreja, nas várias solenidades e celebrações. De facto, as melodias desses cantos, compostos as mais das vezes em língua vulgar, fixam-se na memória quase sem esforço e sem trabalho, e, ao mesmo tempo também, as palavras e os conceitos se imprimem na mente, são freqüentemente repetidos e mais profundamente compreendidos. Daí segue que até mesmo os meninos e as meninas, aprendendo na tenra idade esses cânticos sacros, são muito ajudados a conhecer, a apreciar e a recordar as verdades da nossa fé, e assim o apostolado catequético tira deles não leve vantagem. Depois, esses cânticos religiosos, enquanto recreiam a alma dos adolescentes e dos adultos, oferecem a estes um casto e puro deleite, emprestam certo tom de majestade religiosa às assembléias e reuniões mais solenes, e até às próprias famílias cristãs trazem santa alegria, doce conforto e espiritual proveito. Razão pela qual, também este gênero de música religiosa popular constitui uma eficaz ajuda para o apostolado católico, e, assim, com todo cuidado deve ser cultivado e desenvolvido.


A música sacra é um meio eficaz de apostolado
17. Portanto, quando exaltamos as prendas múltiplas da música sacra e a sua eficácia em relação ao apostolado, fazemos coisa que pode tornar-se de sumo prazer e conforto para aqueles que, de qualquer maneira, se hão dedicado a cultivá-la e a promovê-la. Afinal, todos quantos ou compõem música segundo o seu próprio talento artístico, ou a dirigem ou a executam vocalmente ou por meio de instrumentos musicais, todos esses, sem dúvida, exercitam um verdadeiro e real apostolado, mesmo de modo vário e diverso, e por isso receberão em abundância, de Cristo nosso Senhor, as recompensas e as honras reservadas aos apóstolos, à medida que cada um houver desempenhado fielmente o seu cargo. Por isso estimem eles grandemente essa sua incumbência, em virtude da qual não são apenas artistas e mestres de arte, mas também ministros de Cristo nosso Senhor e colaboradores no apostolado, e esforcem-se por manifestar também pela conduta da vida a dignidade desse seu mister.

III.
QUALIDADE DA MÚSICA SACRA
 E REGRAS QUE PRESIDEM SUA EXECUÇÃO NA LITURGIA

18. Tal sendo, como já dissemos, a dignidade e a eficácia da música sacra e do canto religioso, grandemente necessário é cuidar-lhes diligentemente da estrutura em toda a parte, para tirar deles utilmente os frutos salutares. 


Santidade, carácter artístico e universalidade da música litúrgica
19. Necessário é, antes de tudo, que o canto e a música sacra, mais intimamente unidos com o culto litúrgico da Igreja, atinjam o alto fim a eles consignado. Por isso - como já sabiamente advertia o nosso predecessor S. Pio X - essa música "deve possuir as qualidades próprias da liturgia, e em primeiro lugar a santidade e a beleza da forma; por onde de per se se chega a outra característica sua, a universalidade".(19)
20. Deve ser "santa"; não admita ela em si o que soa de profano, nem permita que se insinue nas melodias com que é apresentada. A essa santidade se presta sobretudo o canto gregoriano, que desde tantos séculos se usa na Igreja, a ponto de se poder dizê-lo patrimônio seu. Pela íntima aderência das melodias às palavras do texto sagrado, esse canto não só quadra a este plenamente, mas parece quase interpretar-lhe a força e a eficácia, instilando doçura na alma de quem o escuta; e isso por meios musicais simples e fáceis, mas permeados de tão sublime e santa arte, que em todos suscitam sentimentos de sincera admiração, e se tornam para os próprios entendedores e mestres de música sacra uma fonte inexaurível de novas melodias. Conservar cuidadosamente esse precioso tesouro do canto gregoriano e fazer o povo amplamente participante dele, compete a todos aqueles a quem Jesus Cristo confiou a guarda e a dispensação das riquezas da Igreja. Por isso, aquilo que os nossos predecessores S. Pio X, com toda a razão chamado restaurador do canto gregoriano,(20) e Pio XI ,(21) sabiamente ordenaram e inculcaram, também nós queremos e prescrevemos que se faça, prestando-se atenção às características que são próprias do genuíno canto gregoriano; isto é, que na celebração dos ritos litúrgicos se faça largo uso desse canto, e se providencie com todo o cuidado para que ele seja executado com exactidão, dignidade e piedade. E, se para as festas recém-introduzidas se deverem compor novas melodias, seja isso feito por mestres verdadeiramente competentes, de modo que se observem fielmente as leis próprias do verdadeiro canto gregoriano, e as novas composições porfiem, em valor e pureza, com as antigas.

21. Se em tudo essas normas forem realmente observadas, vir-se-á outrossim a satisfazer pelo modo devido uma outra propriedade da música sacra, isto é, que ela seja "verdadeira arte"; e, se em todas as Igrejas católicas do mundo ressoar incorrupto e íntegro o canto gregoriano, também ele, como a liturgia romana, terá a nota de "universalidade", de modo que os féis em qualquer parte do mundo ouçam essas harmonias como familiares e como coisa de casa, experimentando assim, com espiritual conforto, a admirável unidade da Igreja. É esse um dos motivos principais por que a Igreja mostra tão vivo desejo de que o canto gregoriano esteja intimamente ligado às palavras latinas da sagrada liturgia.


Somente a Santa Sé pode dispensar o uso do latim
e do canto gregoriano nas missas solenes
22. Bem sabemos que, por graves motivos, a própria Sé Apostólica tem concedido, a esse respeito, algumas excepções bem determinadas, as quais, entretanto, não queremos sejam estendidas e aplicadas a outros casos sem a devida licença da mesma Santa Sé. Antes, lá mesmo onde se possam utilizar tais concessões, cuidem atentamente os ordinários e os outros sagrados pastores, que desde a infância os fiéis aprendam ao menos as melodias gregorianas mais fáceis e mais em uso, e saibam valer-se delas nos sagrados ritos litúrgicos, de modo que também nisso brilhe sempre mais a unidade e a universalidade da Igreja.

23. Todavia, onde quer que um costume secular ou imemorial permita que no solene sacrifício eucarístico, depois das palavras litúrgicas cantadas em latim, se insiram alguns cânticos populares em língua vulgar, permiti-lo-ão os ordinários "quando julgarem que pelas circunstâncias de lugar e de pessoas tal (costume) não possa ser prudentemente removido",(22) firme permanecendo a norma de que não se cantem em língua vulgar as próprias palavras da liturgia, como acima já foi dito.


Para que os féis compreendam melhor os textos latinos, sejam eles explicados
24. Depois, a fim de que os cantores e o povo cristão entendam bem o significado das palavras litúrgicas ligadas à melodia musical, fazemos nossa a exortação dirigida pelos padres do concílio de Trento, especialmente "aos pastores e aos que têm simples cura de almas, no sentido de, com freqüência, durante a celebração da missa, explicarem, directamente ou por intermédio de outros, alguma parte daquilo que se lê na missa, e, entre outras coisas, esclarecerem algum mistério deste santo sacrifício, especialmente nos Domingos e nos dias de festa",(23) fazendo isso sobretudo no tempo em que se explica o catecismo ao povo cristão. Isso mais fácil e mais factível se torna hoje em dia do que nos séculos passados, visto se terem as palavras da liturgia traduzidas em vulgar, e a sua explicação em manuais e livrinhos que, preparados por pessoas competentes em quase todas as nações, podem eficazmente ajudar e iluminar os fiéis, a fim de que também eles compreendam e como que compartilhem a dicção dos ministros sagrados em língua latina.


A Santa Sé vigia para conservar e promover os cantos litúrgicos de outros ritos não-romanos 
25. Óbvio é que o quanto aqui expusemos acerca do canto gregoriano diz respeito sobretudo ao rito latino romano da Igreja; mas pode respectivamente aplicar-se aos cantos litúrgicos de outros ritos, quer do ocidente, como o Ambrosiano, o Galicano, o Moçarábico, quer aos vários ritos orientais. De facto, todos esses ritos, ao mesmo passo que mostram a admirável riqueza da Igreja na acção litúrgica e nas fórmulas de oração, por outra parte, pelos diversos cantos litúrgicos, conservam tesouros preciosos, que cumpre guardar e impedir não só de desaparecerem, como também de sofrerem qualquer atenuação ou deturpação. Entre os mais antigos e importantes documentos da música sacra, têm, sem dúvida, lugar considerável os cantos litúrgicos dos vários ritos orientais, cujas melodias tiveram muita influência na formação das da Igreja ocidental, com as devidas adaptações à índole própria da liturgia latina. É nosso desejo que uma seleção de cantos dos ritos sagrados orientais - na qual está prazeirosamente trabalhando o Pontifício Instituto para os estudos orientais, com o auxílio do Pontifício Instituto para a música sacra - seja felizmente levada a termo tanto na parte doutrinal como na parte prática; de modo que os seminaristas do rito oriental, bem preparados também no canto sacro, feitos um dia sacerdotes possam, também nisso, eficazmente contribuir para aumentar o decoro da casa de Deus.


A música polifônica
26. Com o que havemos dito para louvar e recomendar o canto gregoriano, não é intenção nossa remover dos ritos da Igreja a polifonia sacra, a qual, desde que exornada das devidas qualidades, pode contribuir bastante para a magnificência do culto divino e para suscitar piedosos afectos na alma dos fiéis. Afinal, bem sabido é que muitos cantos polifônicos, compostos sobretudo no século XVI, brilham por tal pureza de arte e riqueza de melodias, que são inteiramente dignos de acompanhar e como que de tornar mais perspícuos os ritos da Igreja. E, se, no curso dos séculos, a genuína arte da polifonia pouco a pouco decaiu, e não raramente lhe são entremeadas melodias profanas, nos últimos decênios, mercê da obra indefesa de insignes mestres, felizmente ela como que se renovou, mediante um mais acurado estudo das obras dos antigos mestres, propostas à imitação e emulação dos compositores hodiernos.

27. Destarte sucede que, nas basílicas, nas catedrais, nas igrejas dos religiosos, podem executar-se quer as obras-primas dos antigos mestres, quer composições polifônicas de autores recentes, com decoro do rito sagrado; antes sabemos que, mesmo nas igrejas menores, não raramente se executam cantos polifônicos mais simples, porém compostos com dignidade e verdadeiro senso de arte: A Igreja favorece todos estes esforços; realmente, consoante às palavras do nosso predecessor de feliz memória são Pio X, ela "sempre favoreceu o progresso das artes e ajudou-o, acolhendo no uso religioso tudo o que o engenho humano tem criado de bom e de belo no curso dos séculos, desde que ficassem salvas as leis litúrgicas",(24) Estas leis exigem que, nesta importante matéria, se use de toda prudência e se tenha todo cuidado a fim de que se não introduzam na Igreja cantos polifônicos que, pelo modo túrgido e empolado, ou venham a obscurecer, com a sua prolixidade, as palavras sagradas da liturgia, ou interrompam a acção do rito sagrado, ou, ainda, aviltem a habilidade dos cantores com desdouro do culto divino.


O órgão
28. Devem essas normas aplicar-se, outrossim, ao uso do órgão e dos outros instrumentos musicais. Entre os instrumentos a que é aberta a porta do templo vem, de bom direito, em primeiro lugar o órgão, por ser particularmente adequado aos cânticos sacros e aos sagrados ritos, por conferir às cerimônias da Igreja notável esplendor e singular magnificência, por comover a alma dos fiéis com a gravidade e doçura do seu som, por encher a mente de gozo quase celeste, e por elevar fortemente a Deus e às coisas celestes.


Outros instrumentos de música que podem ser utilizados 
29. Além do órgão, há outros instrumentos que podem eficazmente vir em auxílio para se atingir o alto fim da música sacra, desde que nada tenham de profano, de barulhento, de rumoroso, coisas essas destoantes do rito sagrado e da gravidade do lugar. Entre eles vêm, em primeiro lugar, o violino e outros instrumentos de arco, os quais, ou sozinhos ou juntamente com outros instrumentos e com o órgão, exprimem com indizível eficácia os sentimentos, de tristeza ou de alegria, da alma. Aliás, acerca das melodias musicais inadmissíveis no culto católico já falamos claramente na encíclica "Mediator Dei". "Quando eles não tiverem nada de profano ou de destoante da santidade do lugar e da acção litúrgica, e não forem em busca do extravagante e do extraordinário, tenham também acesso nas nossas igrejas, podendo contribuir não pouco para o esplendor dos ritos sagrados, para elevar a alma para o alto, e para afervorar a verdadeira piedade da alma".(25) É o caso apenas de advertir que, quando faltarem a capacidade e os meios para tanto, melhor será abster-se de semelhantes tentativas, do que fazer coisa menos digna do culto divino e das reuniões sacras.


Os cânticos populares e seu uso
30. A esses aspectos que têm mais estreita ligação com a liturgia da Igreja juntam-se, como dissemos, os cantos religiosos populares, escritos as mais das vezes em língua vulgar, os quais se originam do próprio canto litúrgico, mas, sendo mais adaptados à índole e aos sentimentos de cada povo em particular, diferem não pouco entre si, conforme o carácter dos povos e a índole particular das nações. A fim de que semelhantes cânticos religiosos proporcionem fruto espiritual e vantagem ao povo cristão, devem ser plenamente conformes ao ensinamento da fé cristã, expô-la e explicá-la rectamente, usar linguagem fácil e melodia simples, fugir da profusão de palavras empoladas e vazias, e, finalmente, mesmo sendo breves e fáceis, ter uma certa dignidade e gravidade religiosa. Quando esses cânticos sacros possuem tais dotes, brotando como que do mais profundo da alma do povo, comovem fortemente os sentimentos e a alma, e excitam piedosos afectos; quando se cantam como uma só voz nas funções religiosas da multidão reunida, elevam com grande eficácia a alma dos fiéis às coisas celestes. Por isso, embora, como dissemos, nas missas cantadas solenes não possam eles ser usados sem especial permissão da Santa Sé, todavia nas missas celebradas em forma não-solene podem eles admiravelmente contribuir para que os fiéis assistam ao santo sacrifício não tanto como espectadores mudos e quase inertes, mas de forma que, acompanhando com a mente e com a voz a acção sacra, unam a própria devoção às preces do sacerdote, e isso desde que tais cantos sejam bem adaptados às várias partes do sacrifício, como sabemos que já se faz em muitas partes do mundo católico, com grande júbilo espiritual.

31. Quanto às cerimônias não estritamente litúrgicas, tais cânticos religiosos, uma vez que correspondam às condições supraditas, podem contribuir de modo notável para atrair salutarmente o povo cristão, para amestrá-lo, para formá-lo numa sincera piedade, e para enchê-lo de santo regozijo; e isso tanto nas Igrejas como externamente, especialmente nas procissões e nas peregrinações aos santuários, e do mesmo modo nos congressos religiosos nacionais e internacionais. De modo especial serão eles úteis quando se tratar de instruir na verdade católica os meninos e as meninas, como também nas associações juvenis e nas reuniões dos pios sodalícios, tal como muitas vezes o demonstra claramente a experiência.

32. Por isso, não podemos deixar de exortar-vos vivamente, veneráveis irmãos, a vos dignardes, com todo cuidado e por todos os meios, de favorecer e promover nas vossas dioceses esse canto popular religioso. Não vos faltarão homens experientes para recolher e reunir juntos esses cânticos onde não se haja feito, a fim de que por todos os fiéis possam eles ser mais facilmente aprendidos, cantados com desembaraço e bem gravados na memória. Aqueles a quem está confiada a formação religiosa dos meninos e das meninas não deixem de valer-se, pelo modo devido, desses eficazes auxílios, e os assistentes da juventude católica usem deles rectamente na grave tarefa que lhes foi confiada. Desse modo pode-se esperar obter mais outra vantagem, que está no desejo de todos, a saber: a de que sejam eliminadas essas canções profanas que, ou pela moleza do ritmo, ou pelas palavras não raro voluptuosas e lascivas que o acompanham, costumam ser perigosas para os cristãos, especialmente para os jovens, e sejam substituídas por essas outras que proporcionam um prazer casto e puro, e que, ao mesmo tempo, alimentam a fé e a piedade; de modo que já aqui na terra o povo cristão comece a cantar aquele cântico de louvor que cantará eternamente no céu: "Àquele que se senta no trono e ao Cordeiro seja bênção, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos" (Ap 5,13).


Condições especiais em países de missão
33. O que até aqui escrevemos vigora sobretudo para as nações pertencentes à Igreja nas quais a religião católica já está solidamente estabelecida. Nos países de missão, certamente não será possível pôr tudo isso em prática antes de haver crescido suficientemente o número dos cristãos, antes de se haverem construído igrejas espaçosas, antes de serem convenientemente freqüentadas pelos filhos dos cristãos as escolas fundadas pela Igreja, e, finalmente, antes de haver lá um número de sacerdotes igual à necessidade. Todavia, vivamente exortamos os obreiros apostólicos que lidam nessas vastas extensões da vinha do Senhor, entre os graves cuidados do seu ofício, se dignarem de ocupar-se seriamente também dessa incumbência. É maravilhoso ver o quanto se deleitam com as melodias musicais os povos confiados aos cuidados dos missionários, e quão grande parte tem o canto nas cerimônias dedicadas ao culto dos ídolos. Improvidente seria, portanto, que esse eficaz subsídio para o apostolado fosse tido em pouca conta, ou completamente descurado, pelos arautos de Cristo verdadeiro Deus. Por isso, no desempenho do seu ministério, os mensageiros do evangelho nas regiões pagãs, deverão fomentar largamente este amor do canto religioso que é cultivado pelos homens confiados aos seus cuidados, de modo que, aos cânticos religiosos nacionais, não raro admirados até mesmo pelas nações civilizadas, esses povos contraponham análogos cânticos sacros cristãos, nos quais se exaltam as verdades da fé, a vida de nosso Senhor Jesus Cristo, da Beata Virgem e dos santos na língua e nas melodias peculiares dos mesmos povos.

34. Lembrem-se, outrossim, os missionários de que, desde os antigos tempos a Igreja católica, enviando os arautos do evangelho à regiões ainda não iluminadas pela luz da fé, juntamente com os ritos sagrados, quis que eles levassem também os cantos litúrgicos, entre os quais as melodias gregorianas, e isto no intuito de que, atraídos pela doçura do canto, os povos a chamar a fé fossem mais facilmente movidos a abraçar as verdades da religião cristã.

IV.
 RECOMENDAÇÕES AOS ORDINÁRIOS

35. Para que obtenha o desejado efeito tudo quanto, seguindo as pegadas dos nossos predecessores, nós nesta carta encíclica recomendamos ou prescrevemos, vós, ó veneráveis irmãos, com solícito empenho adoptareis todas as disposições que vos impõe o alto encargo a vós confiado por Cristo e pela Igreja, e que, como resulta da experiência, com grande fruto são, em muitas igrejas do mundo cristão, postas em prática.


Os coros dos fiéis
36. Antes de tudo tende o cuidado de que na igreja catedral e, na medida em que as circunstâncias o permitirem, nas maiores igrejas da vossa jurisdição, haja uma distinta "Scholae cantorum", que sirva aos outros de exemplo e de estímulo para cultivar e executar com diligência o cântico sacro. Onde, contudo, não se puderem ter as "Scholae cantorum" nem se puder reunir número conveniente de "Pueri cantores", concede-se que "um grupo de homens e de mulheres ou meninas, em lugar a isso destinado e localizado fora do balaústre, possa cantar os textos litúrgicos na missa solene, contanto que os homens fiquem inteiramente separados das mulheres e meninas, e todo o inconveniente seja evitado, onerada nisso a consciência dos Ordinários".(26)


Nos seminários e colégios religiosos
37. Com grande solicitude é de providenciar-se, para que todos os que nos seminários e nos institutos missionários religiosos se preparam para as sagradas ordens sejam rectamente instruídos, segundo as directrizes da Igreja, na música sacra e no conhecimento teórico e prático do canto gregoriano, por mestres experimentados em tais disciplinas, que estimem tradições, usos e obedeçam em tudo às normas preceptivas da Santa Sé.

38. E, se entre os alunos dos seminários e dos colégios religiosos houver algum dotado de particular tendência e paixão por essa arte, disso não deixem de vos informar os reitores dos seminários ou dos colégios, a fim de que possais oferecer a esse tal ensejo de cultivar melhor tais dotes, e possais enviá-lo ao Pontifício Instituto de música sacra nesta cidade, ou a algum outro ateneu do gênero, contanto que ele se distinga por bons costumes e virtudes, e com isso dê motivo a se esperar venha a ser um óptimo sacerdote.


Um perito em música sacra no seio do conselho diocesano de arte sacra
39. Além disso, convirá providenciar, para que os ordinários e os superiores maiores dos institutos religiosos escolham alguém, de cujo auxílio se sirvam em coisa de tanta importância a que, entre outras tantas e tão graves ocupações, por força de circunstâncias eles não possam facilmente atender. Coisa óptima para esse fim é que no conselho diocesano de arte sacra haja alguém perito em música sacra e em canto, o qual possa habilmente vigiar na diocese em tal terreno e informar o ordinário de tudo o que se tem feito e se deva fazer, acolhendo-se e fazendo-se executar as prescrições e disposições dele. E, se em qualquer diocese existir alguma dessas associações que sabiamente têm sido fundadas para cultivar a música sacra, e que têm sido louvadas e recomendadas pelos sumos pontífices, na sua prudência poderá o ordinário ajudar-se dela para satisfazer as responsabilidades desse seu encargo.


Os pios sodalícios consagrados à música sacra
40. Os pios sodalícios, constituídos para a instrução do povo na música sacra ou para aprofundar a cultura desta última, os quais, com a difusão das idéias e com o exemplo, muito podem contribuir para dar incremento ao canto sacro, amparai-os, veneráveis irmãos, e promovei-os com o vosso favor, para que eles floresçam de vigorosa vida e obtenham óptimos mestres idôneos, e em toda a diocese diligentemente dêem desenvolvimento à música sacra e ao amor e ao costume dos cânticos religiosos, com a devida obediência às leis da Igreja e às nossas prescrições.

CONCLUSÃO

 41. Tudo isso, movido por uma solicitude toda paternal, quisemos tratar com certa amplitude; e nutrimos plena confiança de que vós, veneráveis irmãos, dedicareis todo o vosso cuidado pastoral a tal questão de interesse religioso muito importante para a celebração mais digna e mais esplêndida do culto divino. Aqueles, pois, que na Igreja, sob a vossa direcção, têm em suas mãos a direcção do que concerne a música, esperamos achem nesta nossa carta encíclica incitamento para promover com novo e apaixonado ardor e com generosidade operosamente hábil esse importante apostolado. Assim, conforme auguramos, sucederá que essa arte tão nobre, muito apreciada em todas as épocas pela Igreja, também nos nossos dias será cultivada de modo a ver-se reconduzida aos lídimos esplendores de santidade e de beleza, e conseguirá perfeição sempre mais alta, e com o seu contributo produzirá este feliz efeito: que, com fé mais firme, com esperança mais viva, com caridade mais ardente, os filhos da Igreja prestem nos templos a devida homenagem de louvores a Deus uno e trino, e que, mesmo fora dos edifícios sagrados, no seio das famílias e nas reuniões cristãs, verifique-se aquilo que S. Cipriano fazia objecto de uma famosa exortação a Donato: "Ressoe de salmos o sóbrio banquete: e, como tens memória tenaz e voz canora, assume esse ofício segundo o costume em moda: a pessoas a ti caríssimas ofereces maior nutrimento se da nossa parte houver uma audição espiritual, e se a doçura religiosa deleitar o nosso ouvido".(27)

42. Enquanto isso, na expectativa dos resultados sempre mais ricos e felizes que esperamos tenham origem desta nossa exortação, em atestado do nosso paternal afecto e em penhor de dons celestes, com efusão de alma concedemos a bênção apostólica a vós, veneráveis irmãos, a quantos, tomados singular e colectivamente, pertençam ao rebanho a vós confiado, e em modo particular àqueles que, secundando os nossos votos, se preocupam de dar incremento à música sacra.


Dado em Roma, junto a São Pedro, no dia 25 de dezembro, festa do Natal de nosso Senhor Jesus Cristo, do ano de 1955, XVII do nosso ponti ficado.

PIO PP. XII.

Notas
(1) Motu Proprio Entre as solicitudes do múnus pastoral: Acta Pii X, vol. I, p. 77.
(2) Cf. Gn 1,26.
(3) Epist.161, De origine animae hominis, l, 2; PL 33, 725. 
(4) Cf. Ex 15,1-20.
(5) 2Sm 6,5.
(6) Cf. 1Cr 23,5; 25,2-31.
(7) Ef 5,18s; cf. Col 3,16.
(8) 1Cor 14,26.
(9) Plínio, Epist. X, 96, 7.
(10) Cf. Tertuliano, De anima, c. 9; PL 2, 701; e Apol. 39; PL 1, 540.
(11) Conc. Trid., Sess. XXII: Decretum de obseruandis et vitandis in celebratione Missae.
(12) Cf. Bento XIV, Carta enc. Annus qui; Opera omnia, (ed. Prati, Vol.17,1, p.16).
(13) Cf. Carta apost., Bonum est confiteri Domino, (2 de agosto de 1828). Cf. Bullarium Romanum, ed. Prati, ed. Typ. Aldina, t. IX, p.139ss.
(14) Cf. Acta Leonis XIII,14(1895), pp. 237-247; cf. AAS 27(1894), pp. 42-49.
(15) Cf. Acta Pii X, vol. I, pp. 75-87; AAS 36(1903-04), pp. 329-339; 387-395.
(16) Cf. AAS 21(1929), pp. 33ss.
(17) Cf. AAS 39(1947), pp. 521-595.
(18) S. Agostinho, Confess., 1. X, c. 33, PL 32, 799ss.
(19) Acta Pii X, 1, p.78.
(20) Carta ao Card. Respighi, Acta Pii X,1, pp. 68-74; v  pp. 73ss; AAS 36(1903-04), pp. 325-329; 395-398; v. 398.
(21) Pio XI, Const. apost. Divini cultus; AAS 21(1929}, pp. 33ss.
(22) CIC, cân. 5.
(23) Conc. Trid., Sess. XXII, De sacrificio Missae, c. VIII.
(24) Acta Pii X,1, p. 80.
(25) AAS 39(1947), p. 590.
(26) Decr. S.C. Rituum, nn. 3964; 4201; 4231.
(27) S. Cipriano, Epist. ad Donatum (Epistola 1, n. XVI); PL 4, 227.

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