- solis dies: dia do Sol
- lunæ dies: dia da Lua
- martis dies: dia de Marte
- mercurii dies: dia de Mercúrio
- iovis dies: dia de Júpiter
- veneris dies: dia de Vénus
- saturni dies: dia de Saturno
Coliseu de Roma. |
Mas no século VI tivemos um Bispo Santo, São Martinho de Dume (518-79), o qual chegou a Arcebispo Metropolita de Braga e foi um zeloso apóstolo no Reino dos Suevos, outrora situado no noroeste da Península Ibérica, na antiga região romana da Galécia e hoje na actual Galiza e Norte de Portugal Continental, e com capital naquela cidade minhota. A sua memória celebra-se a 22 de Outubro ou a 5 de Dezembro, juntamente com os Santos Frutuoso e Geraldo.
Martinus episcopus bracarensis, Códice Albeldensis, ca. 976. |
Ora, São Martinho de Dúmio considerou indigno de bons cristãos que continuássemos a chamar os dias da semana pelos nomes dos antigos ídolos, e por isso divulgou os nomes do calendário litúrgico cristão:
- Para o primeiro dia da semana, tomou-se o nome de Dominicus dies, que significa Dia do Senhor e originou o nosso Domingo; havia também a variante feminina Dominica dies, que originou Dominga.
- Ao dia seguinte, por ser o 2º da semana, féria secunda (ou secunda féria), o que originou na língua portuguesa a segunda feira. Na Antiguidade a palavra féria significava dia livre de trabalho; na Idade Média, o termo feira denominava também o mercado profano em dias de festa.
- Ao 3º dia, tértia féria originou a terça feira, pelas mesmas razões.
- Ao 4º dia, quarta feira.
- Ao 5º dia, quinta feira.
- Ao 6º dia, sexta feira.
- Ao 7º dia, deu-se o nome de Sábado, herdado da tradição judaica do Shabat, o dia em que Deus descansou da obra da Criação.
Na verdade, entre as línguas europeias, estas denominações cristãs são exclusivas do Português, do Galego e do Mirandês; para além destas, a outra excepção é o Grego, língua intimamente ligada ao dealbar do Cristianismo.
Este facto testemunha claramente a eficácia do Apostolado ocorrido durante a Idade Média nos territórios da Galiza e de Portugal. Provam o quão fundo a Fé Cristã pode penetrar na Cultura, mesmo nos seus aspectos mais prosaicos, transformando-lhe os elementos pagãos e reordenando-os em direcção ao Deus Vivo e Verdadeiro.
Lamentavelmente, vim a saber que hoje, na Galiza, as mais novas gerações esqueceram os nomes cristãos herdados de seus antepassados para os dias da semana:
É curioso que os últimos dias da semana a serem "repaganizados" pela língua castelhana nesta região foram a corta feira e a sexta feira, possivelmente pela importância que a Quarta Feira de Cinzas e a Sexta Feira Santa têm no Calendário Litúrgico.
4ª Feira de Cinzas no Missal bracarense de 1924. |
Pessoalmente, a mim, que falo português e sou cristão católico, escandaliza-me ouvir falarem de Vernes Santo: porventura será santo este dia por ser dedicado a Vénus, a deusa da luxúria? Não, este dia é santo porque nele morreu Nosso Senhor Jesus Cristo, no 3º dia antes de ressuscitar, portanto no 6º dia da semana: daí a 6ª Feira Santa.
6ª Feira Santa no Missal bracarense de 1924. |
Acontece que os dias da semana quando ditos cristãmente lembram-nos que o Domingo é o 1º dia da semana e alguém disse que é tão-bém o 8º dia, porque de Deus viemos e para ele vamos.
Por isso, se alguns de vós que nos lêdes sois galegos, sabêde que tamém a vós se dirigem as palabras dêste blogue, por exemplo as melodias gregorianas em língua portuguesa (ou galega, ou galaico-portuguesa) que temos transcritas para uso na Liturgia. E vos pedimos: polo bem da nossa cultura comum e pola maior consciência cristã nas cousas sociais, empregade as tradicioniais formas galegas dos dias da semana.
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