- a Missa in diebus ferialibus do Kyriale escrito em notação quadrada semimensural em 1613 na Colegiada de Guimarães e hoje presente na mesma cidade no Museu de Alberto Sampaio com a cota LC 7, aos fólios 032v-033r e seguintes.
- e a Glória do Graduale integrado com sequências e Kyriale, escrito em notação quadrada, originário da arquidiocese de Sens em França a partir de 1297 e que se encontra hoje na Biblioteca Nacional de Portugal em Lisboa com a cota de manuscrito iluminado número 84, aos fólios 265r e seguintes.
Partilho as razões de ter escolhido estas versões manuscritas para cantar na Santa Missa:
- Foi-me dada total liberdade artística.
- Os manuscritos antigos são mais belos do que qualquer edição moderna. A beleza do manuscrito inspira o cantor a impregnar o seu canto de maior beleza.
- A antiguidade do manuscrito ensina a amar a tradição e a encarná-la.
- Os manuscritos portugueses (na sua origem ou no seu destino) são os mais próximos ao meu coração.
- A grafia do latim medieval informa sobre a pronúncia local dos textos sagrados, à época, provando a existência duma pronúncia portuguesa, e que tento sempre seguir na Liturgia.
- Optei pelas melodias mais simples pois o Reverendíssimo Sacerdote Prior da Igreja pediu-me que o povo participasse vocalmente do canto gregoriano.
- O canto gregoriano não é um livro, mas um mapa de códices.
- Os cânticos gregorianos não foram exactamente iguais em toda a Igreja ao longo dos séculos.
- Encontram-se variantes textuais, melódicas, rítmicas, e na própria composição da ordo.
- Uma variante não é mais correcta que outra: são diferentes, e apenas uma dentre as centenas existentes foi incluída na edição típica vaticana.
- Por exemplo, a Glória que se apresenta neste postal tem claras semelhanças com aquela que recebeu na tradição o tropo Quem cives celestes e na edição vaticana o número XV; mas surgem igualmente diferenças significativas, tais como nalgumas cadências e liquescências, que dão a esta versão um sabor próprio.
- O mesmo se diz dos outros cânticos escolhidos: o Kyrie da família do Deus genitor alme (XVIII na edição vaticana), que é mais simples e cantável, e do mesmo modo terminando uma 5ª abaixo; o Sanctus, ligeiramente ainda mais silábico que a versão típica; e o Agnus Dei, com entoações chegando à terça maior e cadências moles em vez de duras.
Portanto, por estas várias razões, aconselho toda a gente a cantar sempre do manuscrito, na Liturgia.