Um dos aspectos controversos da reforma litúrgica ocorrida após o Concílio Vaticano II foi a surpessão da antífona do ofertório, a qual, ao contrário das antífonas do introito e da comunhão, não consta no Missal Romano aprovado pelo Papa Paulo VI em 1969 ‒ antífonas de introito e da comunhão que podem (devem?) ser lidas caso não sejam cantadas.
Numa interessantíssima entrevista ‒ em boa-hora traduzida e publicada no sítio dos Cónegos Regulares de S. João Câncio ‒, Sua Excelência Reverendíssima, o Senhor Dom Atanásio Schneider, bispo auxiliar de Karganda, no Cazaquistão, fala nesta questão, põe em perspectiva histórica o rito do ofertório e propõe à consideração do leitor argumentos a favor da leitura ‒ ou do canto, acrescentamos nós ‒ das antífonas próprias de cada missa para esta parte da liturgia.
Numa interessantíssima entrevista ‒ em boa-hora traduzida e publicada no sítio dos Cónegos Regulares de S. João Câncio ‒, Sua Excelência Reverendíssima, o Senhor Dom Atanásio Schneider, bispo auxiliar de Karganda, no Cazaquistão, fala nesta questão, põe em perspectiva histórica o rito do ofertório e propõe à consideração do leitor argumentos a favor da leitura ‒ ou do canto, acrescentamos nós ‒ das antífonas próprias de cada missa para esta parte da liturgia.
Eis o excerto pertinente. Não deixe de ler toda a entrevista.
Em toda a história da liturgia romana, mas também nas liturgias orientais, o Ofertório sempre esteve ligado à realização do sacrifício do Gólgota. Não se tratava de preparar a Ceia, mas antes o sacrifício eucarístico que tem por fruto o banquete da comunhão eucarística. O que se oferece, oferece-se para o sacrifício da Cruz: é aquilo que poderíamos chamar de “antecipação simbólica”.
No Ofertório temos o eco de todos os sacrifícios do Antigo Testamento, desde os grandes ofertórios de Melquisedeque e de Abel. É uma progressão contínua até ao sacrifício do Gólgota. Por si só, esta visão bíblica justifica inteiramente o ofertório tradicional, para já não falarmos dos ritos orientais, que são ainda mais solenes na maneira como antecipam o Mistério da Cruz.
Da mesma maneira que para Santo Agostinho «o Novo Testamento estava escondido no Antigo Testamento», também nós poderíamos dizer que a Consagração está escondida no Ofertório.
Parece-me, pois, que o Ofertório tradicional poderá ser tudo menos heteróclito [=extravagante]. Bem pelo contrário, o que eu diria é que ele é um puro resultado da lógica bíblica aplicada à história da Redenção.
Dom Atanásio Schneider, bispo auxiliar de Karganda, Cazaquistão |
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