Vê,
para que naquilo que com a boca cantas também com o coração creias,
e para que aquilo em que com o coração crês também com obras proves.
domingo, 3 de julho de 2011
Música e Liturgia segundo o Pe. Paulo Ricardo
Uma defesa litúrgica do canto gregoriano, embora não tão sólida do ponto de vista musical quando menciona o canto do salmo responsorial, típico do cristianismo primitivo mas caído em desuso por altura da constituição do repertório gregoriano clássico (séc. VI-VIII) ‒ altura em que o canto do salmo já tinha transitado para a esfera da schola, cabendo a um cantor solista o canto do versículo, música de grande complexidade destinada a suscitar reflexão teológica sobre a leitura anterior e a preparar a leitura posterior, e não para o canto congregacional. Na prática, o canto após a primeira leitura, que na forma ordinária da liturgia católica é habitualmente feita segundo um esquema responsorial, é, no repertório gregoriano, um momento de escuta e meditação, não de participação vocal da assembleia, constituindo um dos pontos de mais difícil conciliação entre a tradição litúrgica medieval e as tendências modernas.
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Deus abençoe o Padre Paulo! Ele introduz muito bem o assunto. Concordo com o que dizes, e parece-me útil ler a entrada da Catholic Encyclopaedia sobre o Gradual, na qual se explica o significado da expressão "psalmus responsorius". Sabendo que a reforma litúrgica, na Instrução Geral do Missal Romano actualmente em vigor, permite o uso do Gradual tradicional, o qual, como muito bem dizes, é mais para as pessoas ouvirem do que para cantarem, será possível conciliar o repertório tradicional com o texto do salmo responsorial apresentado pelo Leccionário Romano com intenção de retomar a prática primitiva da Igreja? Uma hipótese de aplicação imediata seria adaptar a melodia dos versículos salmódicos que nós cantamos no intróito ou na comunhão ao "refrão" do salmo responsorial do leccionário. Isso é muito fácil de fazer. Outra ideia que me parece útil é a de que o Leccionário Romano é para ser lido (embora até as leituras possam ser entoadas), podendo recorrer-se às peças do Graduale Romanum onde haja cantores com capacidade para isso. E quem sabe se daqui a uns anos, com a maior familiaridade das igrejas locais com o gregoriano, não surjam compositores capazes de compôr melodias verdadeiramente sacras para os textos litúrgicos em língua portuguesa. Até lá ainda há um longuíssimo caminho a percorrer. Um abraço
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